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Emília Esteves
O Dia Mundial da Luta Contra o Cancro celebra-se anualmente no dia 4 de fevereiro.
A celebração deste dia baseia-se na Carta de Paris, aprovada em 4 de fevereiro de 2000, na Cimeira Mundial Contra o Cancro para o Novo Milénio, que apela à aliança entre investigadores, profissionais de saúde, doentes, governos e parceiros da indústria para a prevenção e tratamento.
As neoplasias, normalmente denominadas por cancro, são uma das principais causas de morte em todo o mundo, cerca de 8 milhões de pessoas por ano. Em Portugal morrem 25000 pessoas vítimas deste flagelo. Estes contabilizam mais mortes que VIH/SIDA, tuberculose e malária juntos e estima-se que o número de casos e mortes venha a duplicar nos próximos 20 a 40 anos, especialmente nos países em desenvolvimento.
Dados de 2018 revelam que os tipos de cancro que provocam mais mortes na Europa são: o cancro do pulmão no sexo masculino (cerca 267316 mortes) e o cancro da mama no sexo feminino (cerca de 137 707 mortes).
As formas mais comuns são o cancro da mama, o cancro do colo do útero, o cancro da próstata, o cancro do cólon e reto, o cancro do fígado e do pulmão.
No que diz respeito aos fatores de risco associados, estes incluem: a idade avançada, história familiar; o consumo de tabaco e álcool; alimentação rica em açúcar, sal e gordura; falta de atividade física; excesso de peso; exposição a certos produtos químicos, produtos cancerígenos, entre outros.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, cerca de 40% de todos os cancros podem ser prevenidos e os restantes podem ser detetados numa fase precoce do seu desenvolvimento, tratados e curados.
Em Portugal, existe um programa consensual de rastreio oncológico para o cancro da mama, colorretal e colo do útero. Estes rastreios têm demonstrado a redução da mortalidade em 30% no cancro da mama, 20% no cancro colorretal e 80% no colo do útero.
Concomitantemente, nos últimos 20 anos, o número de novos casos de cancro mais do que duplicou principalmente na Região Africana. Em 2030, estima-se que 60 a 70% dos 21,4 milhões de novos casos de cancro ocorrerão nos países em desenvolvimento.
Na maioria dos países africanos, as comunidades têm acesso limitado aos serviços de rastreio, deteção precoce, diagnóstico e tratamento do cancro.
Quarenta e quatro países já retificaram a Convenção-Quadro da OMS para a Luta Antitabágica com vista à redução do tabagismo e vinte ratificaram o Protocolo da OMS para a Eliminação do Comércio Ilícito de Produtos do Tabaco. Para além disso, também a introdução da vacina contra o vírus do papiloma humano (HPV) veio reforçar a prevenção do cancro do colo do útero.
Os desafios no acesso a cuidados oncológicos foram agravados com a crise da pandemia do COVID-19.
Assim, os sistemas de saúde com recursos limitados devem prepara-se, pois todos têm um papel a desempenhar na redução do estigma, na melhoria da compreensão desta doença e na sensibilização das pessoas para a importância do rastreio e cuidados precoces.
À medida que os países procuram atingir a cobertura universal de saúde com o apoio da OMS, a prestação de serviços para o cancro, incluindo os cuidados paliativos, deverá ser integrada e/ou reforçada nos cuidados de saúde.
Em suma, para reforçar os serviços de oncologia, é necessário o desenvolvimento das capacidades técnicas e comunicacionais, dotação segura de profissionais de saúde, formação especializada dos mesmos e também a implementação de sistemas de vigilância abrangentes e o investimento em inovações (digitais) que melhorem o acesso a cuidados oncológicos e paliativos.
Emília Esteves
Enfermeira Especialista em Enfermagem em Reabilitação
UCC Viseense
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