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Violência no Namoro: uma realidade crescente

 Violência no Namoro: uma realidade crescente
15.02.23
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 Violência no Namoro: uma realidade crescente

por
Paula Silva e Isabel Martins

O Dia dos Namorados, em alguns países é chamado Dia de São Valentim, é uma data especial e comemorativa na qual se celebra a união amorosa entre casais e namorados. Em alguns locais é o dia de demonstrar afeição entre amigos, sendo comum a troca de cartões e presentes com símbolo de coração, tais como as tradicionais caixas de bombons. Em Portugal, assim como em muitos outros países, comemora-se no dia 14 de fevereiro. O estabelecimento de laços de ligação entre pessoas é um comportamento natural e racional do próprio do ser humano podendo assumir-se de forma positiva ou negativa, onde o conflito é parte integrante. A violência surge, muitas vezes, aos olhos de quem a pratica, como estratégia de resolução desse mesmo conflito (Oliveira e Sani, 2005).

A adolescência é considerada um período crítico onde se começam a formar as relações extrafamiliares e em que o jovem faz esforços para ganhar a sua autonomia e definir a sua identidade. Esta é também uma fase de construção de personalidade dos jovens, sendo estes confrontados com comportamentos menos corretos que podem levar à sua legitimação. O namoro, tendo em conta o compromisso, interação futura e a intimidade física, tem por princípio estas três componentes que constituem a base da relação de intimidade entre jovens. Durante a adolescência os jovens atravessam fases de mudança física no seu corpo, de pensamento e inteligência, bem como de oscilações emocionais e modificação na forma de ser e estar com outras pessoas e o papel que estas desempenham no seu contexto social.

A violência no namoro inicia-se na adolescência, tendo em conta a vulnerabilidade dos adolescentes em experimentarem situações abusivas e continua, maioritariamente, na relação conjugal se não for detetada e não ocorrer uma intervenção precoce. Alguns autores defendem que os jovens na adolescência, por vezes, têm dificuldade em identificar situações de violência nas suas relações amorosas, devido ao desconhecimento do que é uma relação afetivo-sexual saudável ou pela banalização do conceito de violência, podendo adotar uma postura de legitimação, concebendo determinadas práticas como manifestação de amor e/ou ciúme. A violência no namoro acontece quando o parceiro magoa (física, emocional, sexual e digital) o outro e controla-o bem com domínio sobre a relação. É um ato de violência, pontual ou contínuo, que tem como objetivo ter mais poder e controlo do que a outra pessoa envolvida na relação. A violência no namoro, é um fenómeno que tem vindo a ter uma grande visibilidade a nível científico e social, constituindo-se um tema recorrente no nosso dia-a-dia. Este fenómeno psicossocial abrange todas as classes sociais, géneros e culturas.

Assim sendo, à semelhança da violência doméstica, a violência no namoro é um problema a nível global que afeta muitos jovens. Este fenómeno tornou-se um problema social nos meados do século XX, a partir da década de 60 e, em Portugal, a partir da década de 90, concebendo a sua definição uma tarefa árdua e complexa, devido à constante evolução do fenómeno.
Considerado um problema de saúde mental pública, a investigação tem vindo a consensualizar a definição de violência, quanto a ser um comportamento inaceitável e que causa danos. Tanto as raparigas como os rapazes podem ser violentos para os seus parceiros. As relações em que existe violência não são todas iguais e não é obrigatório que incluam violência física.

Todas as formas de violência no namoro têm como objetivo magoar, humilhar, controlar e assustar. A violência nunca é uma forma de expressar amor por outra pessoa. A violência nos/as jovens, e entre jovens, é um problema com repercussões sociais e humanas que podem agravar-se ao longo das suas vidas. De acordo com estudos recentes (2021) sobre a violência no namoro entre jovens os valores são preocupantes, verificando-se que 53.9% dos jovens já foram sujeitos/as a pelo menos um ato de violência no namoro. A violência psicológica é a mais prevalente nas relações de namoro, seguida da violência social, da violência física e, por fim, da violência sexual.
Foi também notório o aumento da violência sexual, sobretudo junto de vítimas mulheres, em alguns casos superior à violência física. Para além das consequências físicas que este tipo de violência pode ter, as vítimas podem também viver com medo, ansiedade, sobressalto que geram sentimentos depressivos, baixa autoestima e um pânico geral na intimidade da pessoa, consequências psicológicas da violência, que não são menos graves.

Os jovens têm mais tendência a desenvolver doenças mentais, dores de cabeça, indisposições, angústia emocional e depressões. Podem ainda apresentar choro fácil, fadiga, pensamentos suicidas e incapacidade de disfrutar da vida. Como tentativa de escapar à dor física e emocional que este tipo de abusos na intimidade potencia, as vítimas estão mais propensas ao consumo de álcool ou drogas. Em idades jovens são comuns os sentimentos de culpa e vergonha, que servem muitas vezes de fator de manutenção da relação abusiva. A violência no namoro pode fazer com que a pessoa se sinta sozinha, assustada, envergonhada, culpada, insegura, confusa, triste e ansiosa. Mas é importante lembrarmo-nos que a violência NUNCA é aceitável. Nunca, sob qualquer motivo, alguém tem o direito de ser violento connosco. A violência é uma forma errada de resolver os problemas e as dificuldades de um namoro. Como é sabido pela literatura, é plausível considerar que alguns destes casos de violência no namoro se possam prolongar na vida dos casais, convertendo-se em violência doméstica muito facilmente.

É, portanto, daqui que surge a necessidade iminente de prevenção primária da violência, e particularmente da violência de género e na intimidade. Sabendo que a família como núcleo primordial de formação de valores, em conjunto com a escola têm um trabalho fundamental na educação para a cidadania do/a aluno/a, jovem e que é nela que se encontram jovens com as idades ideais para consciencializar e para desmistificar crenças e estereótipos, torna-se urgente que mais trabalhos de âmbito preventivo escolar sejam desenvolvidos para assegurar que este fenómeno não continue com as proporções perigosas a que se tem assistido. É fundamental procurar ajuda, contar à família ou a um adulto de confiança o que se está a passar para poder ser apoiado e protegido. Poderá também ligar para a APAV – o atendimento é gratuito e não é preciso identificar-se, é confidencial.
Estas evidências reforçam a necessidade de se continuar a aprofundar o conhecimento sobre o fenómeno, por um lado, e por outro, de se atuar ao nível da prevenção e do combate à violência no namoro, desafiando crenças socialmente instituídas.

Paula Silva e Isabel Martins
Enfermeiras Especialistas de Saúde Materna e Obstétrica

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