Rimas Sociais, um podcast que dá voz às causas sociais urgentes através…
Neste episódio de “A comer é que a gente se entende”, descobrimos…
A taróloga Micaela Souto Moura traz as previsões do Tarot, na semana…
Os trabalhadores do turno da tarde/noite da empresa Faurecia, em Vouzela, regressaram ontem a casa nos autocarros às 23h00, mas este não tem sido a norma nos últimos dias. Há cerca de uma semana que os funcionários ficam mais duas horas à espera de transporte, já que a empresa terá dado ordem para que os autocarros arrancassem apenas às 01h00.
Em causa, um braço de ferro entre a administração da Faurecia e os trabalhadores por causa do prolongamento da jornada de trabalho no turno. Uma situação que levou à intervenção da CGTP que na noite desta terça-feira esteve com membros sindicais à porta da empresa a distribuir panfletos sobre aquilo que considera ser “um assédio” e uma “situação inqualificável” para com os trabalhadores.
“Esta empresa tem uma prática relativamente aos transportes que é uma coisa inqualificável. Dizer a alguém que o horário do turno termina às 23h00, mas vai ter de fazer duas horas extraordinárias porque se não fizer vai ter que esperar lá fora uma vez que o autocarro só vai sair às 01h00… eu nem tenho ideia de alguma vez ter contacto com uma situação deste tipo”, denunciou Francisco Almeida, da União dos Sindicatos de Viseu.
O sindicalista mostrou-se satisfeito por na noite em que esteve à porta da empresa os trabalhadores terem ido para casa às 23h00, mas espera que não tenha sido só por causa da presença da CGTP.
“Hoje recuaram porque a CGTP já esteve cá a 28 de junho e torná-mos publico que íamos estar aqui outra vez para dizer aos trabalhadores que eles têm de travar um combate contra este tipo de situações que é um abuso patronal inqualificável. Ainda bem que a intervenção está a produzir resultados. Esperemos que esta situação esteja definitivamente ultrapassada e o problema não se repita”, disse.
Durante a ação do sindicato, alguns trabalhadores recebiam com desconfiança os panfletos, enquanto outros, em passo apressado, iam dizendo “estejam cá também amanhã”. Ninguém acedeu falar com os sindicalistas.
“Estamos a falar de empresas no interior do país em que o assédio e a pressão são muito grandes. Os trabalhadores falam connosco sobre esta situação, mas têm receio. Nesta empresa acresce a situação de muitos trabalhadores serem de outros países que estão aqui a tentar governar a vida”, lamentou Francisco Almeida.
Na saída do turno, às 23h00, estavam junto à empresa seis autocarros que deixam os mais de 300 funcionários, que pagam o passe mensal, pelos concelhos vizinhos, desde Nelas a Viseu.
Esta situação chegou já também à Assembleia da República, onde o PCP questionou o governo se “perante este comportamento abusivo” que medidas “urgentes e de efeito imediato” vão ser tomadas para “rapidamente garantir os direitos dos trabalhadores”.
Segundo os deputados comunistas, os trabalhadores não aceitaram o prolongamento do horário de trabalho e a empresa decidiu na semana passada que os autocarros só sairiam da empresa às 01h00, “procurando coagir os trabalhadores a um horário de trabalho contra a vontade, deixando sem alternativa os trabalhadores que são forçados a permanecer na empresa”.
Apesar de várias tentativas, não foi possível contactar a Faurecia, empresa fabricante de componentes para o setor automóvel.