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Winter in Viseu – na política não vale tudo

 Winter in Viseu – na política não vale tudo - Jornal do Centro
23.09.25
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 Winter in Viseu – na política não vale tudo - Jornal do Centro

por
João Valor

Gil Scott-Heron será talvez um dos nomes mais sonantes do jazz americano dos anos 70 e 80. Combinava as melódicas notas da flauta, entrelaçadas pela percussão e pelo piano, com a pujante lírica de intervenção política que o tornam tão característico. Estas suas qualidadesartísticas destacam-no de entre outros nomes do jazz e do soul, numa das suas melhores e mais conhecidas músicas, Winter in America.

Além da óbvia recomendação que deixo a todos os que não puderam ainda disfrutar dos cerca de seis minutos que esta composição musical preenche na sua versão de estúdio, deixo ainda o convite à reflexão que a mesma propõe.

Lançada em 1974, integra o álbum com o mesmo nome. À altura, os Estados Unidos viviam confrontados com o maior escândalo político da sua história, o Watergate. Richard Nixon havia dois anos antes reduzido o azul no mapa político americano aos círculos de Massachusetts e Washington DC na maior vitória de sempre, conquistando 60,7% dos votos populares e 97,1% dos votos do Colégio Eleitoral. No entanto, e apesar dos números estonteantes registados na eleição de 1972, Nixon nunca viria a terminar o seu segundo mandato, demitindo-se em consequência do Watergate, que o envolvia num esquema de espionagem à campanha democrata de George McGovern, o candidato democrata que defrontou em 1972.

Este momento deve fazer-nos lembrar que em política não vale tudo. Existe um bem maior que a vitória; a democracia, as suas instituições e a arete, ética das virtudes grega, consagram-se como bens maiores da polis e dos seus intervenientes. Há no entanto, cada vez mais exemplos de como esta escasseia na contemporaneidade. 

Cá pelo burgo, nada nos faz presumir que se verifique, entre as partes que disputam a edilidade, hostilidade de igual nível à que se verificou do outro lado do Atlântico em 1972; no entanto, uma delas tem demonstrado pouco uso da tão aclamada elevação, expressão que se encontra na ponta da língua da maioria dos políticos para caracterizar como deve ser feito o debate. 

Pululam exemplos em que a campanha adversária à incumbente incorre em comportamentos que facilmente se enquadram no espectro da demagogia, outra palavra que se multiplica como pombos no Rossio no vernáculo dos atores da política. Estão já documentados e dispensam tanto a leitura da extensa enumeração a que estariam sujeitos os que divagam pelas minhas palavras, como a mim próprio o esforço de as compilar. Terei no entanto de ceder à tentação de destacar a mentira e a prodigalidade expectada pela execução das promessas, muitas vezes vazias e somente com o intuito de criar chavões que sirvam de atração aos transeuntes, na expectativa de argumentar que isto está muito mal, mas vem aí um super-herói mudar tudo.

Estas duas premissas escapam à realidade do mesmo modo que as lagartixas fogem para os seus buracos por estas épocas estivais. Primeiro, porque como já supramencionado, se tratam sucessivas vezes de mentiras, já desmascaradas, mas reiteradas como se de verdades se tratassem; segundo, porque as pessoas entendem que estas promessas vazias em pouco ou nada correspondem à capacidade e vontade de quem se propõe a substituir quem de forma eficaz tem dirigido os destinos do nosso município.

É normal que numa competição política, assim como descrita por Schumpeter, haja diferenças tanto na forma como no conteúdo das candidaturas; é anormal, no entanto, que estas firam os princípios do bom senso e da responsabilidade. 

A política sem ética, é uma vergonha”. Esta será talvez a citação mais conhecida e utilizada de Francisco Sá Carneiro, figura fundadora e incortonável da democracia portuguesa. Não são recorrentes as vezes em que faço uso dela, mas creio que se aplica neste caso. Desprezar a ética na ação política é como esquecer o óleo no carro; nos primeiros momentos, pode não fazer grande diferença, mas não se vai muito longe na sua ausência.

 Winter in Viseu – na política não vale tudo - Jornal do Centro

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