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O Mercado dos Produtores de Viseu foi esta manhã palco de um desfile político. Todas as candidaturas à Câmara marcaram presença, transformando o espaço num ponto de encontro eleitoral e num verdadeiro vai e vem de comitivas.
A CDU foi a primeira a chegar, ainda pelas 8h00, antes de qualquer outro candidato. Pouco depois, o PSD entrou em cena acompanhado por concertina e cantares tradicionais, num registo que contrastou com a entrada discreta da Iniciativa Liberal. Seguiu-se a candidatura do Bloco de Esquerda, que nestas eleições, além de algumas freguesias, apresenta-se apenas à Assembleia Municipal.
Poucos minutos depois chegou a comitiva socialista, quase em simultâneo com o CDS, que contou com a presença do líder nacional, Nuno Melo. Ainda com PS e CDS no espaço, entrou o Chega, completando o alinhamento de partidos no mercado.
Entre sacos de propaganda, canetas, programas eleitorais, pregões e até danças, não faltaram as queixas relativamente às condições do espaço que desde 2022 está, temporariamente, instalado numa tenda no parque de estacionamento da Segurança Social.
“No Verão é um calor insuportável, no inverno um frio que não se aguenta”, lamentou uma das proprietárias de um talho, quando estava estava a receber a comitiva da candidatura do BE.
Mais à frente, outro dos produtores lamentava que dos sete candidatos nenhum tenha comprado nada. “Realmente esta foi uma das mais movimentadas manhãs que este mercado já teve. Se cada um dos candidatos tivesse comprado alguma coisa se calhar já teria feito mais que na semana inteira”, ironizou.
E se as queixas são muitas, as soluções também, algumas das quais a convergirem. AS CDU, por exemplo, defende o regresso do Mercado dos Produtores ao Mercado 2 de Maio de onde saiu na década de 80. Leonel Ferreira propõe um estudo que analise a viabilidade de os pequenos produtores regressarem ao Mercado 2 de Maio, “até para justificar o investimento que lá foi feito, aqueles milhões para aquela cobertura”.
“É uma questão de estudar, falar com os interessados se é uma boa possibilidade instalar ali de novo o mercado de produtores”, explicou, considerando que, “mesmo com o mercado de produtores, aquele espaço pode ser utilizado para muitas outras coisas, nomeadamente para espetáculos”.
Luzia Cunha, que há cinco décadas se desloca de Pindelo de Silgueiros até ao centro de Viseu para vender os seus produtos hortícolas, lamentou a situação em que se encontram os pequenos produtores desde que tiveram de sair do Mercado 21 de Agosto para que este fosse requalificado.
“Gastaram aqui [na tenda provisória] tanto dinheiro para quê? Isto não é nada, uma pessoa até desanima, antes nos tivessem deixado ficar no mercado antigo, já que ainda não fizeram lá obra nenhuma”, disse Luzia Cunha a Hélio Marta, candidato da IL.
Para Hélio Marta, a solução poderá passar por voltar a colocar os produtores no Mercado 21 de Agosto depois de o edifício ser remodelado, como está previsto, ou então encontrar um novo espaço localizado no centro da cidade, mas não no centro histórico, com as condições logísticas necessárias.
Segundo o candidato, o novo mercado deveria ficar num sítio com “bons acessos, onde seja fácil ir”, seja de transporte particular ou público, como as imediações do recinto da Feira de São Mateus ou do tribunal, por exemplo.
“Eu tentei falar e queixar-me, mas passaram e não me ouviram”, lamentou a proprietária de um talho à candidata do BE à Assembleia Municipal. Segundo a vendedora, a tenda é “muito quente no verão e fria no inverno”. “Tem de votar em nós para termos representatividade e uma voz mais forte e conseguir inverter esta inércia de quem governa o município”, pediu a candidata Fátima Teles.
Já o candidato do Chega à Câmara de Viseu, Bernardo Pessanha, defendeu o regresso do Mercado dos Produtores ao centro histórico, no final de uma passagem rápida pelo espaço antes da comitiva fazer-se ao centro da cidade. “Temos o Mercado 2 de Maio que nunca mais foi o mesmo a partir do momento em que saiu o Mercado dos Produtores e nós entendemos que o regresso seria um fator importantíssimo para voltar a trazer atratividade ao mercado”, defendeu.
A este propósito, Bernardo Pessanha deu como exemplo outros mercados em Lisboa, por exemplo, o Mercado de Campo de Ourique e o da Ribeira, ou em Madrid, com o Mercado de São Miguel.
“Em que funciona perfeitamente, em que há uma simbiose perfeita entre aquilo que são os produtores e a dinamização local e a restauração. Funciona tudo perfeitamente. Para que isso aconteça, é preciso dar condições para voltarmos a ter ali o mercado”, apontou.
Também durante uma visita ao Mercado dos Produtores, João Azevedo ouviu muitas críticas às condições deste espaço provisório, concretamente no que respeita à falta de lugar para expor os produtos, aos problemas de estacionamento e também de higiene.
“Isto não é provisório, isto é para sempre. É uma vergonha, não há nenhum produtor que goste de aqui estar”, disse Fernando Pais a João Azevedo, acrescentando que, se era para nunca mais avançarem com as obras no Mercado 21 de Agosto, tinha sido preferível a Câmara não tirar os produtores de lá.
João Azevedo defendeu que a solução não passa por voltar a colocar os produtores no Mercado 21 de Agosto, mas sim por encontrar um novo espaço no centro da cidade.
“É preciso, de uma vez por todas, resolver o problema do Mercado de Produtores”, sublinhou o candidato, acrescentando que quer os produtores, quer os compradores “têm de ter um sítio com mais dignidade e com mais condições”.
Segundo João Azevedo, os produtores “gostam desta zona da cidade”, mas a tenda provisória colocada no parque de estacionamento da Segurança Social “não tem as condições adequadas”.
Ainda que pretenda fazer “a curto prazo” uma avaliação ao espaço atual, o socialista está com os olhos postos num “espaço dentro da cidade, que está no mercado”, e que preferiu não revelar para não prejudicar um eventual acordo entre a Câmara Municipal e o proprietário.
João Azevedo tem outros planos para o Mercado 21 de Agosto, que pretende transformar “num centro de artes e ofícios, num ‘coworking’, numa zona de galerias comerciais”.
E as queixas fizeram-se ouvir à comitiva liderada pelo candidato do CDS, Hélder Amaarl, que, uma vez mais, contou com a presença do presidente do Partido, Nuno Melo.
“É um problema sério o mercado, temos de inverter este cenário em que o coração da cidade não está bem. Uma comunidade, uma cidade ou um município, se tiver respeito pelos pequenos produtores, tem de lhes dar melhores condições. Não há nenhuma razão que explique o facto de Viseu não ter um mercado de produtores digno da dimensão do concelho e da sua agroindústria, que é, no fundo, o que mantém as nossas aldeias vivas”, defendeu o candidato.
“Este mercado é o espelho da inércia, da falta de vontade. Não quero acreditar que é por falta de dinheiro ou por falta de capacidade de fazer um mercado como outras cidades fizeram”, indicou Hélder Amaral.
A título de exemplo indicou o mercado de Braga que, na mesma altura que Viseu, “montou uma tenda provisória”, enquanto fez “um mercado novo, moderno, com praça da comida, com tradições”.
Ora, e foi precisamente Braga que Fernando Ruas, o candidato do PSD e atual presidente da Câmara, deu para falar deste espaço.
“A solução que foi encontrada em Braga foi exatamente esta. Eu passei lá e tinham instalações provisórias, não eram melhores que esta. Mas depois têm, agora, um mercado com qualidade. E é aquilo que queremos fazer”, começou por dizer o candidato, que admitiu que a solução “não é a ideal”. No final da visita, onde até houve tempo para dançar ao som ca concertina, Fernando Ruas deixou a certeza que antes que acabe o prazo do espaço temporário (ou seja em 2027), “uma nova solução será apresentada”.
Depois do mercado, alguma das campanhas voltaram a reencontrar-se na Rua Formosa, onde decorria a Feira das Velharias.