Fossa a céu aberto deixa população de Mangualde a desesperar por soluções

Há pelo menos três anos que a bomba que puxa os esgotos domésticos para a rede pública avaria com alguma frequência na Rua do Bacelinho, em Canedo do Mato, no concelho de Mangualde. O cheiro intenso e o “carreiro” de dejetos, que torna aquele local uma verdadeira fossa a céu aberto, há muito que deixam a população a desesperar por soluções. “Isto é um perigo para a saúde pública, sobretudo porque atravessa uma zona de cultivo e onde estão alguns animais. A Câmara anda a ser avisada há anos e continua sempre tudo igual”, contou ao Jornal do Centro Luís Bernardo, um dos cerca de 200 habitantes da localidade e uma das vozes que se tem feito ouvir na tentativa de ver o problema resolvido. “Em 2021 já tínhamos reclamado, porque tivemos três meses assim, e nada foi feito, continua tudo igual”, disse enquanto mostrava o carreiro de cerca de 200 metros de dejetos. Este carreiro, que começa numa tampa de esgoto de onde saem os resíduos, vai até a um terreno numa zona rodeada por silvas e mato, onde está uma fossa pública. Mas, conta Luís Bernardo, “desde que colocaram um taco para não deixar passar o esgoto para esse terreno, porque a ideia é irem para a ETAR de Tabosa, que isto acontece, porque como a bomba às vezes avaria sai tudo para fora”, reforçou. Naquela zona, além do cheiro intenso, foi possível ver restos de papel higiénico, mas Luís Bernardo garante que tem alturas que se pode ver muito mais do que isso. “Eles vêm e compõe a bomba, mas volta tudo ao mesmo, porque o problema é o tal taco que la colocaram e de cada vez que a bomba para isto fica neste estado. Só queríamos que arranjassem uma solução definitiva para isto não estar sempre a acontecer”, sublinhou. Também Margarida Abrantes, outra popular de Canedo do Mato, lamentou a situação e diz mesmo que um dos animais que tem num terreno mesmo ao lado deste “carreiro de dejetos” terá morrido por causa desta situação. “Tenho aqui vários animais, como porcos, galinhas, codornizes e coelhos, e há uns anos morreu-me um porco. Disseram-me que ele morreu com uma bactéria e eu acho que é isso, porque chega a uma altura, sobretudo se estiver calor, em que são muitos mosquitos e os cheiro fica ainda mais intenso e difícil de suportar”, lembrou. Margarida Abrantes conta que já chegou a ter que deixar de apanhar azeitona, num outro terreno que tem. “Houve um ano que tinha azeitona para apanhar e não apanhei, porque ainda caia no meio da porcaria e não ia dar para se apanhar. É uma miséria”, lamentou. “Tenho este terreno há 33 anos e nunca tive problemas, havia esgotos e tudo e nunca houve nada. Porque é que não continuam a ir os dejetos para onde iam, para o terreno? Eles até vinham limpar essa fossa e não havia cheiros como agora, não sei porque isto mudou”, disse. O Jornal do Centro fez a reportagem junto dos habitantes esta quarta-feira, altura em que foi contactado o presidente da Câmara Municipal de Mangualde, Marco Almeida, que chegou ao município há pouco mais de um ano. O autarca alertou de imediato os serviços que esta manhã já se deslocaram ao local. “Assim que soube avisei os serviços, que me indicaram que a bomba de facto estava avariada e foi composta. Contudo, irei inteirar-me desta situação para perceber o que está a acontecer e para que se arranjem soluções”, garantiu.