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Jorge Marques
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Pedro Escada
Quando a guerra do senhor Putin à Ucrânia acabar, o mundo vai estar confrontado com o seguinte problema: “quem paga os estragos?” E a resposta só pode ser uma: “quem estragou paga, quem estragou foi a Federação Russa.”
Afirmar este princípio moral é fácil, difícil vai ser a sua aplicação, mesmo havendo milhares de milhões de dólares, do estado e de oligarcas russos, congelados em instituições financeiras ocidentais.
Uma semana depois da invasão, abordei este assunto aqui no Olho de Gato: “o sr. Putin deixou de ter acesso a 600 mil milhões de dólares que tinha empilhado fora do seu país — esses fundos hão-de dar jeito para ajudar a pagar a reconstrução da Ucrânia.”
E acrescentei, em 23 de Abril de 2022: “há que restabelecer, no mercado global, a confiança no dólar e no euro muito abalada depois do corralito — melhor dito, corralão — que foi feito a activos do banco central russo.”
Entretanto, passou muita água debaixo das pontes ucranianas que ainda não foram destruídas, talvez seja altura de elaborar um pouco mais sobre o que está em causa:
– é justo que o dinheiro do estado russo congelado no estrangeiro seja aplicado na reconstrução da Ucrânia, não vai ser suficiente mas ajuda;
– já quanto aos activos dos oligarcas, as coisas fiam mais fino; entendamo-nos: o progresso e a decência das democracias liberais sempre dependeu do respeito pela liberdade individual e o respeito pela propriedade privada; é verdade que a riqueza pornográfica dos oligarcas foi-lhes concedida pelo “capo di tutti capi” que habita no Kremlin, mas um eventual confisco de riqueza particular põe problemas legais agudíssimos.
Acresce que, tal como chamei a atenção há mais de um ano, um tal ataque à propriedade privada agravaria os problemas reputacionais de que já estão a padecer o dólar e o euro nos mercados globais.
Estabelecer um nexo causal entre a fortuna dos oligarcas e a destruição da Ucrânia não é fácil de provar em tribunal. O acerto de contas criminal e patrimonial com essa constelação mafiosa não é tarefa do Ocidente, deverá ser deixado para um futuro governo democrático russo.
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Margarida Benedita