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por
Joaquim Alexandre Rodrigues
Durante dois dias, a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) trouxe à discussão o valor e os desafios do setor. Sessões, plenários, orações de sapiência e até um restaurante ao vivo marcaram mais um congresso da associação que este ano se realizou no Parque de Exposições de Aveiro, na sexta-feira e sábado (11 e 12 de outubro).
O balanço por parte da organização “é muito positivo”. “Na próxima reunião de direção é que faremos o balanço final, mas estamos muito satisfeitos com aquilo que os empresários conseguiram usufruir nestes dois dias”, começou por dizer ao Jornal do Centro o vice-presidente da AHRESP e presidente da delegação da associação em Viseu, Jorge Loureiro.
Estes dois dias “permitiram abordar temas importantes relacionados com a realidade, os problemas e o futuro do setor”. O evento, que escolheu como slogan “Gestão é ter o coração do lado certo”, contou com 1600 inscritos e recebeu perto de 1400 empresários.
“O balanço é muito positivo e não sou eu que o digo, são as centenas de pessoas com quem tive oportunidade de ir falando ao longo destes dois dias. Do ponto de vista de quem o organizou, o balanço é positivo pelos temas que foram ali refletidos, num ambiente muito propício ao debate e à confrontação de ideias. Os próprios membros do governo que por ali passaram ouviram aquilo que são as preocupações dos empresários”, referiu o também empresário na região de Viseu.
Jorge Loureiro destacou ainda “um conjunto de ferramentas que os empresários puderam adquirir aos longo do congresso” e “que lhes permite de forma mais acertada e assertiva gerir os seus negócios no imediato”, assim como “muitos dos colaboradores destes empresários que também saíram com um conjunto de ferramentas para desempenhar melhor as suas missões”.
O responsável explicou ainda que o “modelo da organização do evento foi muito feliz”, com sessões plenárias e sessões paralelas que contribuíram para o debate e discussão.
Ao longo de dois dias foram abordados temas como o estado de arte da restauração em Portugal, o alojamento no contexto atual, obrigatoriedades fiscais e custos no setor, o contributo da gastronomia na valorização das marcas e os novos desafios na área da tecnológica e inteligência artificial.
Discutiram-se ainda soluções para acelerar a economia circular, os desafios da transição climática, a sustentabilidade à mesa, a saúde e inclusão, com temas como a imigração ou a saúde mental no trabalho.
O programa contou ainda com duas orações de sapiência pelo chefe do Estado-Maior da Armada, Gouveia e Melo, e o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno.
Outro dos momentos altos do congresso foi o restaurante ao vivo, que se realizou no segundo dia e por onde passaram mais de 150 pessoas.
“Foi um grande momento, com pessoas a comentar e a poder experienciar o que os chefes, os pasteleiros e cozinheiros foram confecionando durante duas horas, num ambiente onde passaram mais de 150 pessoas. Um modelo que deixou uma opinião muito positiva de como a gastronomia, que era uma das componentes que queríamos referenciar no congresso, pode ser, ao mesmo tempo, discutida, pensada e experienciada”.
A sessão de abertura, que aconteceu na manhã de sexta-feira, contou com a presença do ministro da Economia, Pedro Reis, o presidente da AHRESP, Carlos Moura, o presidente da Turismo do Centro de Portugal, Raul Almeida e do presidente da Câmara Municipal de Aveiro, Ribau Esteves.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, também chegou a estar anunciado, mas por questões de agenda não compareceu, mas enviou uma mensagem lida pela secretária-geral da AHRESP, Ana Jacinto. Já a sessão de encerramento, que decorreu no sábado, ficou a cargo do secretário de Estado do Turismo, Pedro Machado.
Muitas outras personalidades marcaram presença no congresso, nomeadamente empresários da região, o presidente da Câmara Municipal de Viseu e da CIM Viseu Dão-Lafões, Fernando Ruas, e o secretário-geral da CIM, Nuno Martinho, com quem o Jornal do Centro conversou.
Já alguns empresários lembraram a importância de “criar eventos que permitam o contacto com diferentes entidades ligadas ao setor”, reforçando que “o setor tem vindo a crescer e a adaptar-se, depois de momentos muito complicados, mas com muito trabalho e esforço dos empresários que precisam de políticas e apoios que alavanquem os projetos. Não só os que já existem, mas aqueles que podem vir a aparecer”.
Durante o evento foi ainda conhecido o município que vai receber o próximo congresso, em 2026, que será na região do Algarve, na cidade de Lagoa (Faro). A AHRESP anunciou ainda que o congresso passará a realizar-se anualmente e que em 2027 será na região Porto e Norte, sem revelar o local escolhido.
Os problemas e os desafios do setor
Jorge Loureiro sublinhou ainda que o congresso teve como objetivo discutir as “preocupações do setor e para a qual a AHRESP tem vindo a alertar” e que já foram apresentadas “em medidas para o Orçamento de Estado”.
“Todas elas foram muito debatidas durante o congresso. Para os empresários que optaram por ir a Aveiro, foi um momento de muita informação que lhes permite, a partir de hoje, sair com mais expectativa e com mais confiança, sendo que neste setor o futuro é sempre incerto, mas não deixamos de estar otimistas relativamente ao futuro, nomeadamente o futuro imediato”, disse.
Entre as propostas estão questões relacionadas com fiscalidade, a falta de mão de obra e a necessidade de criar condições para os imigrantes que queiram trabalhar no setor.
Relativamente à fiscalidade, o responsável lembrou que “as empresas não servem para pagar impostos, servem para criar riqueza e pagar melhores salários, para além de desempenharem a sua missão empresarial”.
Assim, sustenta, “a AHRESP tem pedido para que a totalidade do IVA seja reposto à taxa de 13%”, já que há ainda componentes como o vinho/álcool e os sumos onde a taxa ainda não foi reduzida de 23% para 13%. “
Já quanto à falta de mão de obra, o vice-presidente da AHRESP destaca a “necessidade em criar medidas para que os imigrantes possam ter as melhores condições quando chegam às empresas”, o que “não está a acontecer”.
“Nós já identificamos várias situações e já colocamos soluções em cima da mesa e que têm muito a ver com a incapacidade dos consolados espalhados pelos países de origem destas pessoas. Isto está a criar entropias e dificuldades às empresas, primeiro porque não têm mão de obra e, segundo, aquela que têm não é qualificada para as atividades que precisamos nas empresas”, lamentou.
No primeiro dia do evento, dezenas de trabalhadores das cantinas e refeitórios manifestaram-se junto à entrada do Parque de Exposições de Aveiro, onde decorria o congresso, para exigir melhores condições de trabalho.
À chegada, o ministro da Economia dirigiu-se aos manifestantes para ouvir as suas preocupações que se prendem sobretudo com melhores salários e um conjunto de direitos que dizem que lhes querem retirar.