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Raquel Costa, presidente da JSD Concelhia de Tarouca
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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Joaquim Alexandre Rodrigues
Em Resende há um mundo de história e lendas para descobrir. Aldeias presas entre o rio e a serra que guardam livros de conhecimento. Vale a pena uma visita
S. Martinho de Mouros
“A freguesia de S. Martinho de Mouros é das mais antigas do actual concelho e também das mais ricas em História, em tradições e em belezas paisagísticas. Fica quase toda na encosta da margem direita do Bestança, a caminho do Douro que a limita a norte.
Desde o rio, preso lá no fundo, até à Fonte da Mesa nas Meadas a 1.122 metros de altitude, o território é extremamente acidentado, cheio de penhascos e cabeços e, lá mais no alto a penedia é tão bela e tão estranha que parece incomodar o firmamento e dizer a quem a vê que, por entre aquelas figuras arrogantes e esquivas, há heróis, há bruxas ou gigantes de outras eras”.
NOME
“A terra devia chamar-se inicialmente S. Martinho, nome que lhe vem por certo do patrono da igreja e da paróquia. O apelido \”de Mouros\” é muito posterior. Foi acrescentado e deve ligar-se à Reconquista Cristã.
Nos princípios do século XI, já morto o terrível Almançor, conseguiram as tropas Cristãs reconquistar definitivamente aos Mouros as terras das margens do Douro, desde a Foz até Aregos e Resende, na margem esquerda. Foram os Gascos da linhagem de Ribadouro e antepassados de Egas Moniz, não sendo de excluir também a presença e a acção do rei Ramiro II de Leão entre nós.
S. Martinho porém, pertencendo à área militar de defesa mourisca de Lamego continuou por libertar até meados desse século. Nessa altura, como a terra ainda era dos Mouros, terão as populações começado a chamar a S. Martinho \”de Mouros\”? É o que tudo indica.
Também há quem pense que lhe chamaram \”de Mouros\” depois dos Mouros terem saído de cá. O Pe. João da Cruz Rodrigues, pároco de S. Martinho nos meados do século XVIII, respondendo às Inquirições Paroquiais, disse que o nome ou lhe vinha \”de ter sido habitada antigamente pelos Mouros, ou da barbaridade dos costumes dos seus habitantes, porque (eram) de ordinário, soberbos e altivos\”.
Santa Maria de Barrô
“Quem se dirige para Lamego, antes de deixar terras de Resende, passa a meio ou ao cimo da freguesia de Barrô e goza de uma paisagem tão ampla e tão bela como poucas haverá no mundo.
Debruçada sobre o Douro, a freguesia desce apressada das alturas da serra de Mesquitela, a 734 metros de altitude, em direcção ao rio grandioso e sonolento, estrangulado lá no fundo pelos rochedos da curva dos Piares, onde antigamente a galeira da Raiva e a Pedra dos Olhos metiam medo a muita gente.
A terra é coberta de vinhedos, oliveiras e fruteiras, o que lhe dá um aspecto de muita verdura, contrastante com a terra nua da serrania e os penhascos surrealistas das encostas”.
O NOME
Barrô, tal como Bairro e Bairral vem do diminutivo latino “barriolum” que significa lugar pequeno, bairrinho.
Pinho Leal é de opinião que teria havido primitivamente, no lugar, uma habitação rústica fabricada com argila, a que se chamaria “barro”, seguindo-se mais tarde a generalização à aldeia e a toda a freguesia. Não parece que tenha fundamento a opinião de Pinho Leal.
Nos documentos mais antigos, nomeadamente no texto das Inquirições de 1258, aparece com a forma “Barriolum” e “Barriolo”. O nome Santa Maria tem a ver com a titular da igreja.
“A freguesia de Paus fica situada na parte superior da bacia do rio Bestança que lhe passa a meio, produzindo com a sua erosão teimosa e apressada, um vale muito cavado cheio de beleza e de verdura. Envolvendo o rio, duas encostas íngremes e opostas: uma do lado nascente que sobe a Serra das Meadas, outra do lado poente que ruma aos Chãos de Moumiz e se prolonga para os lados da Pena.
Do lado sul fica-lhe o monte de S. Cristóvão com a sua ermida medieval; do lado norte terras de S. Martinho e S. João que vão dar ao rio Douro.
Vista do alto de S. Cristóvão, a terra é um vale tão fresco e produtivo que se diria estarmos a olhar agradavelmente para a “Terra da Promissão”.
Entremeando-se aqui e além soutos e pinhais com milheirais e prados verdes e vendo-se lá ao longe, bem no fundo, um cotovelo do Douro, a paisagem é um encanto e o que se sente, uma agradável surpresa”.
O NOME
“O nome Paus deve provir de “Palos” ou “Palus” que já aparecia em documentos do século X. Julgo que o nome se deve ao facto de a vila romana que ali existiu estar implantada em sítio muito arborizado, talvez mesmo ocupado por floresta.
Ainda hoje os moradores da freguesia chamam “paus” aos troncos dos castanheiros que sempre abundaram por ali, dizendo por exemplo: -já vendeste os teus paus? -Por quanto vendeste os paus?
Consequentemente, a freguesia chama-se hoje Paus (religiosamente S. Pedro de Paus) porque o lugar da antiga villa romana se chamava “Palos”.
Ali deve ter sido construída uma ermida, dedicada a S. Pedro Apóstolo. Quando se criou a freguesia e a paróquia, toda a zona se ficou a chamar por esse nome embora não haja actualmente nenhum lugar designado por Paus.
Como Paus foi, durante séculos, parte da freguesia de S. Martinho, ainda hoje há quem a conheça por S. Martinho de Paus, sendo contudo mais ajustado à História se se dissesse Paus de S. Martinho”.
S. João de Fontoura
“Banhada pelo Douro no seu ponto mais baixo do lado norte e em parte pelo Bestança de nascente, a freguesia eleva-se em declives excepcionalmente abruptos até à altitude de 650 metros em Forjães e daí, em direcção à Pena, a cerca de 900 metros de altitude.
A erosão do tempo e das águas correntes foi cavando a terra com impiedosa violência e hoje, quem se debruça do alto sobre o rio, fica simultaneamente impressionado com a beleza da paisagem e o horror dos precipícios.
Se for em dias de Primavera, quando as cerejeiras estão em flor ou as cerejas já estão maduras, palavras não terá convenientes para descrever condignamente o que aos olhos extasiados é dado contemplar”.
NOME
“O povo, no desejo de encontrar explicação para um nome um pouco estranho, diz que Fontoura vem de \”fonte da toura\”. Parece mais provável porém que derive de \”fons aurea\” = fonte de ouro, classificação popular que o povo daria, já na época da colonização romana, a alguma fonte existente no local que apresentasse cor amarelada nas suas águas, fruto de minerais desagregados e em suspensão como é por exemplo, a limonite.
Pode também o povo ter querido, já então, aplicar a uma fonte de águas frescas, abundantes e cristalinas que ali houvesse, a expressão conotativa, \”de ouro\”. No lugar chamado Fontoura existe de facto, ainda hoje, uma nascente de caudal nada vulgar.
O nome de S. João vem-lhe de uma ermida antiquíssima dedicada a Baptista, que existiu no lugar do mesmo nome, nomeada já nas Inquirições de D. Afonso III (1258)”.
in “Resende e a sua História” – Volume 2: As Freguesias, da autoria de Joaquim Correia Duarte