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por
Joaquim Alexandre Rodrigues
por
Jorge Marques
Uma viagem pelo coração da história e da cultura. Assim pode ser descrita a Rota de Megalitismo desenvolvida pela CIM Viseu Dão Laões, um convite para explorar um vasto território, uma experiência que é enriquecida por sete museus, dez serras de relevância e dezoito rios que desenham a paisagem. A gastronomia e outros produtos turísticos, como rotas complementares, prometem tornar a viagem ainda mais memorável. Cada concelho e monumento ao longo da Rota tem uma história única para revelar. Desde a rica paisagem natural às tradições culturais, a essência de cada lugar é capturada e apresentada de forma a transmitir o ADN de cada território. Nesta publicação, fique a conhecer melhor o concelho do Sátão.
Orca do Tanque
A Orca do Tanque, monumento nacional, também conhecida como orca de Casfreires ou Orca Cimeira, foi edificada no Neolítico Final, há cerca de 6000 anos e foi reutilizado por comunidades dos finais da Idade do Cobre ou início da Idade do Bronze.
Apresenta uma câmara poligonal, composta por nove esteios e corredor de 6m de comprimento. A mamoa tem cerca de 25m de diâmetro e 2m de altura. Pelo menos seis dos esteios da câmara possuíam pinturas, hoje impercetíveis.
No topo da laje de cobertura, ou chapéu, foram gravadas várias cruzes, covinhas, inscrições e datas dos séculos XVIII e XIX, possivelmente relacionadas com a confirmação dos limites concelhios entre Sátão e Fráguas.
Os trabalhos em curso permitiram obter uma extensa informação sobre as comunidades que exploravam este território, tendo sido encontrados vários machados de pedra polida, um conjunto muito diverso de pontas de seta, vários micrólitos, fragmentos de lâminas (facas) e centenas de fragmentos de cerâmica.
A Orca do Tanque foi arqueologicamente reconhecido e explorado em 1896 por José Leite de Vasconcelos.
Imponente e majestoso, este dólmen é o guardião de algumas das mais fantásticas manifestações artísticas do homem pré-histórico. Marco da mentalidade dos homens e mulheres do Neolítico, assumiu, milhares de anos depois, a marca divisória de dois territórios.
A sua designação toponímica e localização administrativa têm-se prestado a muitas confusões como resultado das sucessivas reorganizações municipais ocorridas neste território na década de 1890. Com efeito, no período entre 14 de setembro de 1895, em que o antigo concelho de Fráguas foi extinto, e 15 de janeiro de 1898, data em que aquele concelho foi restaurado sob o nome de Vila Nova de Paiva, os limites entre freguesias ter-se-ão definido com dificuldade. Ora, os trabalhos de Leite de Vasconcelos têm lugar, precisamente, no momento do hiato entre os concelhos de Fráguas e de Vila Nova de Paiva, razão pela qual este autor nunca hesitou em localizar a Orca do Tanque no concelho de Sátão.
Autores posteriores irão, no entanto, não só avançar com outras designações, como também colocar erradamente esta anta no concelho vizinho de Vila Nova de Paiva.
Paralelamente ao problema da sua localização administrativa, colocou-se também a questão da sua designação toponímica.
Orca do Tanque é o nome pelo qual Leite de Vasconcelos sempre se lhe refere, no que é seguido por Georg Leisner (1934) e Vera Leisner (1998). Será Irisalva Moita (1966) a indicar que o monumento é também conhecido localmente por Orca Cimeira e João Luis Inês Vaz (1991), na Carta Arqueológica do Concelho de Sátão, irá apelidá-lo como Orca de Casfreires. Esta dupla confusão a respeito da designação da Orca do Tanque derivará, com certeza, pelo menos em parte, da sua classificação como Monumento Nacional sob o topónimo de Anta de Casfreires, como se pode ler no respetivo Decreto de 16 de junho de 1910, na categoria de “Monumentos Pré-Históricos”.
Orca de Forles
Ao longo do século XX, após a divulgação deste monumento por J. L. de Vasconcelos, foram vários os arqueólogos que se interessaram pelo estudo deste monumento, entre eles o casal Leisner, Irisalva Moita e mais recentemente, uma equipa multidisciplinar composta pelos arqueólogos Pedro Sobral de Carvalho e António Faustino de Carvalho, Vera Caetano e Vera Bacelar que, por iniciativa da Câmara Municipal de Sátão, levaram a cabo o trabalho de escavação e restauro.
Os resultados obtidos na intervenção revelaram uma primeira fase terá ocorrido há cerca de 6000 anos e dois milénios depois volta a ser reutilizado como local de enterramento. É desse período que provém a maior parte do espólio recolhido.
Trata-se de um monumento de câmara poligonal de nove esteios e o corredor médio. A tampa da câmara ou chapéu, profusamente esculpida, possui 55 covinhas e um raro motivo de círculos concêntrico, que, segundo os autores do estudo, este poderá ter sido esculpido num momento anterior à edificação do monumento.
Um achado excecional posto a descoberto com esta intervenção foi um conjunto de sulcos, escavados no afloramento granítico, com pouca profundidade e sem espólio associado, que parecem formar uma grelha e foram executados num momento anterior à construção do dólmen. A sua função é de todo desconhecida.
Um outro aspeto muito interessante é o espólio recolhido das diferentes fases de utilização. Leite de Vasconcelos recolheu 23 peças, algumas em bom estado de conservação.
Destaque especial para os fragmentos de alabardas e vasos decorados. Um outro fragmento de alabarda foi recolhido à superfície por Domingos J. Cruz. Este tipo de peça é, sem dúvida, um item de prestígio.
O espólio recolhido nas escavações recentes foi pouco expressivo devido às grandes destruições que este monumento foi alvo. Foram achadas 14 pontas de seta em sílex e quartzo, um micrólito, dois núcleos em quartzo, um machado de pedra polida, mós manuais, cerâmica e peça em bronze.