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Como chegamos aqui?

 Como chegamos aqui? - Jornal do Centro
21.05.25
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 Como chegamos aqui? - Jornal do Centro

por
Ricardo Almeida Henriques

O crescimento galopante do Chega na noite eleitoral de 18 de maio surpreendeu grande parte dos portugueses que se questionam sobre as possíveis razões que levaram este partido de direita radical a ser a mais que provável segunda força política nacional. Este choque sistémico extremamente preocupante, que tem como principal derrotada a esquerda que pela primeira vez na história da democracia portuguesa representa menos de um terço do hemiciclo, é uma surpresa inevitável. Há um conjunto significativo de antecedentes que levam a que Portugal seja confrontado com o que aconteceu recentemente noutros países como a Áustria (FPÖ), França (RN), Alemanha (AfD), e também na Polónia (PiS), Hungria (Fidez) e nos Estados Unidos da América. 

O processo de crescimento dos partidos de extrema-direita e de direita radical na Europa remonta à Crise Económica e Financeira de 2008-2015, na qual os cidadãos dos países europeus mais afetados, onde Portugal está incluído, foram sujeitos a processos de austeridade severos para combater a elevada dívida pública, que levaram a cortes salariais, despedimentos, falência dos principais bancos, causando uma redução generalizada da qualidade de vida que ainda está por recuperar. Portugal permanece um país de baixos salários, resultante desta crise, com uma maior estratificação social.

A Crise dos Refugiados de 2015 marcou o início da politização dos fenómenos migratórios, a grande bandeira destes partidos. A Europa não soube desde início lidar com um acréscimo desnivelado destes fluxos, causada pela falência do Regulamento de Dublin, que se mostrou incapaz de acolher estes migrantes, deixando espaço para a narrativa que transformou os migrantes em “imigrantes ilegais”, que desenterra o racismo e xenofobia de uma sociedade ainda pouco habituada à multiculturalidade.

A crise pandémica privou-nos de viver de forma natural durante dois anos, iniciando um processo de instabilidade económica e financeira, provocando uma inflação galopante não acompanhada pelo crescimento dos salários. A invasão da Rússia à Ucrânia veio aprofundar este problema, causado pela revolução na matriz energética europeia e pela dependência extrema dos países europeus de países externos, levando a uma redefinição das prioridades políticas ao nível da União Europeia. As propostas para um maior investimento na segurança e defesa da Europa, que a longo prazo seriam inevitáveis, surgem numa altura em que a Europa tem um conjunto de problemas por resolver que precisam dos recursos alocados a esta questão. 

O contexto político é agravado pelo crescimento da utilização de plataformas digitais, onde se dissemina desinformação sem fronteiras, programadas para polarizar e dominadas por oligarcas como Elon Musk que defendem a agenda dos partidos que agora crescem por essa Europa fora. Estes partidos, os abutres cínicos que souberam tirar partido da fragilidade crescente da população que desespera em ver os seus problemas resolvidos, foram desenhando em papel químico as fórmulas talhadas para convencerem as pessoas que seriam uma solução de protesto, sendo que agora se tornam num voto por convicção.

A estes fatores acrescentam-se os miniciclos políticos vividos em Portugal, iniciados por questões jurídicas e éticas em relação aos principais decisores políticos, que alimentaram outra das principais bandeiras destes partidos, a corrupção, e a crise da habitação, à qual os governos têm falhado sucessivamente em dar resposta, agravando as condições de vida, que já eram difíceis, dos portugueses. 

E assim aqui estamos, depois de múltiplas crises com consequências diversas, num cenário que ainda não é dantesco porque ainda há espaço para voltarmos a ser surpreendidos. O início da resolução da questão do Chega começa pelo reconhecimento generalizado dos partidos democráticos que falharam em combatê-lo, ao se perderem nos seus problemas internos, nomeadamente no caso do PS e do PSD, e no erro crasso na leitura da mudança dos tempos. 

À esquerda cabe a reformulação da estratégia para reconquistar o eleitorado (tendo como exemplo o bom resultado do Livre de Rui Tavares para inverter a tendência), com a apresentação de uma alternativa social e económica convicta, acompanhada de maior mobilização e ação contínua. À direita democrática, em especial à AD, cabe a criação de soluções governativas, reconhecendo que a margem para falhar é nula pois qualquer deslize pode levar o Chega a cortar a meta. 

A todos nós cabe o imperativo de recuperar os iludidos e esvaziar o espaço dos que iludem, sabendo que uma representação de 22.56% significa que estas pessoas estão mesmo ao nosso lado.

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