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por
Luís Cabral
Já desde a Antiga Grécia que a educação é vista, por quem a entende, como um metafórico elevador social ascendente que garante (ou tenta garantir) a ultrapassagem dos mais diversos obstáculos inerentes à própria condição humana. Em Portugal, não é diferente. Em 2025, quase 50 mil alunos candidataram-se ao Ensino Superior em busca, ou pelo menos na esperança, da vida melhor que a vida universitária promove das mais diversas formas.
Desde a experiência internacional permitida pelo cada vez mais usado ERASMUS, às folias caraterísticas das Queimas das Fitas ou até aos primeiros momentos de responsabilidade acrescida para cuidar de uma casa e de um curso em simultâneo, esta nova etapa da vida promete a um jovem recém-adulto uma jornada complexa, por vezes difícil, mas, no fundo, recompensadora. O que cria a questão, porquê a diminuição de 16.4% no número de candidaturas face ao ano passado?
A resposta parece complexa, porque o é, mas talvez através da metáfora do elevador social suprarreferida seja mais fácil abordar a temática da educação de uma forma acessível, prática e, acima de tudo, eficaz.
Primeiramente, é importante perceber que um elevador é, acima de tudo, um feito da engenharia: não só pelos seus componentes metálicos, movimentos oleados ou engrenagens rotativas, mas também pelo projeto necessário para a sua simples existência. Ora, para um elevador subir, tem de ser projetado para o fazer, uma vez que de nada lhe vale ser estabelecido como uma prioridade se, aquando de definir o orçamento para a construção de um prédio, apenas se investe no elevador quando já não há mais nada onde investir.
Por outro lado, um elevador carece da constante manutenção necessária para impedir paragens entre pisos, descidas desnecessárias ou sobressaltos no movimento que impeçam o utilizador de usufruir do engenho mecânico. Assim, é esperado que, tendo os cabos de tração atingido o limite da sua vida útil decorrente do seu constante movimento, sejam prontamente substituídos por outros mais fortes, mais ativos e mais modernos que permitam ao utilizador subir de forma mais constante, confiável e gratificante.
É igualmente importante garantir que, antes da construção do dito elevador, vive alguém no seu prédio ou, no mínimo, nas suas proximidades, que para dele usufruir não necessite de gastar cerca de 2 horas em transportes públicos para 1 hora de subida educacional ou cerca de metade da mediana salarial portuguesa por um quarto a distância de caminhada, pois um elevador, sem alguém que o use, não eleva ninguém.
Seria também proveitoso começar-se a olhar para o elevador pela ótica de quem nele anda, e não de quem nele já andou, nem que para isso fosse necessário inquirir utilizadores atuais para finalmente criar algo que funcionasse, e não algo que se fosse mantendo ao longo do tempo. Deste modo, dever-se-ia criar algo universal que não perguntasse ao utilizador de onde vem ou o que tem no bolso… Uma vez que, caso for necessário meter a moeda para o usar, o engenho deixaria de ser um elevador e passaria a ser um mero parquímetro.
É altura de enfrentar o inevitável… Em Portugal a educação está para os estudantes como o elevador está para os utilizadores… Sem eles, não funciona… Mas não se pensa neles quando se o projeta. Por uma razão ou por outra o sistema muda de componentes, muda de sítio, muda de cor, mas nunca muda de visão… É esperado que o utilizador opte sempre por carregar no botão, esperar que a lotaria de ser transportado para o piso que deseja lhe calhe, e, inevitavelmente, seguir na jangada de Caronte para outro porto que, no fundo, gosta mais do nosso elevador do que nós próprios.
No fundo, e para não esgotar a metáfora… Acho que melhor forma de traduzir a “inesperada” queda do número de candidatos ao ensino superior em 2025 será uma paráfrase da célebre frase de Bernie Sanders aquando das eleições de 2024… “Não deve ser uma surpresa que uma educação que continuamente abandona os estudantes descubra que os estudantes continuamente a abandonarão”.
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