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A fadista Maria Alcina, natural de Castro Daire e a viver no Rio de Janeiro (Brasil) há mais de 70 anos, foi recentemente condecorada com a Medalha de Mérito das Comunidades Portuguesas, no Grau Ouro, pelo Governo.
A distinção foi entregue no Real Gabinete Português de Leitura, no centro de Rio de Janeiro, pelo secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Emídio Sousa, após uma proposta do Consulado-Geral de Portugal no Rio de Janeiro.
Maria Alcina disse estar grata pela homenagem. “Senti-me de novo uma portuguesa ilustre, importante. Fiquei muito feliz por ter muitos amigos ao meu lado e pelas mensagens que recebi. Há muita gente me envolvendo em carinho”, afirmou, acrescentando que a condecoração “tem um peso especial, pois envolve Portugal”.
“A partir de uma certa idade, valorizamos ainda mais as nossas conquistas e este é o caso agora. Senti-me mais portuguesa ainda”, revelou a fadista que vive no Brasil desde 1953. “Ao som do fado, vim para o Brasil com muita amargura no coração. Mas encontrei, na música, a redenção e o amor dos dois países que me pertencem: Portugal e Brasil”, disse.
Já o secretário de Estado das Comunidades, Emídio Sousa, diz que Maria Alcina merece o reconhecimento porque “foi uma pessoa que se distinguiu na promoção da cultura portuguesa no Brasil, através do fado, em especial no Rio de Janeiro”, tendo sido “considerada a imperatriz do fado no Brasil”, onde “criou uma das casas de fado de maior sucesso no país, “A desgarrada””.
Luís Faro Ramos, embaixador de Portugal no Brasil, também considerou a homenagem “muito merecida porque é um reconhecimento de uma carreira de uma pessoa especial que, durante muitos anos, cantou e encantou muita gente no Rio de Janeiro”. Gabriela Soares de Albergaria, cônsul-geral de Portugal no Rio de Janeiro e autora da proposta de homenagem à fadista, realça que este foi um “momento marcante” para a comunidade luso-brasileira.
Também presente na homenagem, o deputado e ex-secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, fala de Maria Alcina como “uma mulher admirável que nunca esquece as suas raízes e o seu país”. “É o retrato da comunidade luso-brasileira: portuguesa e brasileira, castrense e carioca, em simultâneo”, acrescenta.
Intitulada de “Imperatriz do Fado” por Carlos do Carmo, Maria Alcina nasceu há 86 anos em Castro Daire, onde existe uma avenida em sua homenagem. Iniciou a sua carreira artística na década de 50 do século passado e lançou vários discos. Em 2015, foi publicado um livro-reportagem dedicado à sua trajetória, “Maria Alcina – a força infinita do Fado”, assinado pelo jornalista Ígor Lopes.
A artista radicou-se no Rio de Janeiro em 1953, chegando aos 14 anos juntamente com a sua mãe. Atuou com Amália Rodrigues e Carlos do Carmo e cantou em casas de fado no eixo Rio-São Paulo, além de ter tido a sua própria casa de fados, “A Desgarrada”, no Rio. Também participou em peças de teatro, programas de televisão e documentários, e foi recentemente homenageada pela Academia Luso-Brasileira de Letras e pela Academia de Filosofia e Ciências Humanísticas Lucentina.
Em 2002, Maria Alcina foi a primeira fadista a pisar a Marquês de Sapucaí, palco do Carnaval do Rio de Janeiro, durante o desfile da Unidos da Tijuca, levando o fado à passarela do samba.