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Fortalecer a Amamentação – Educando e Apoiando

 Fortalecer a Amamentação - Educando e Apoiando
13.09.22
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 Fortalecer a Amamentação - Educando e Apoiando

O que é, para si, a amamentação? Começo por lhe fazer esta pergunta, e entrelaçada a ela, far-lhe-ia outras, porque a amamentação, como diria o psicanalista Winnicott, é mais do que uma forma de alimentar um bebé, é uma relação entre dois seres. E como sabemos, as relações tendem a ser complexas.
Na simbiose da amamentação, entra a mãe (com toda a sua história), entra o pai/parceira (também com a sua própria história e vivências), entram os avós, os profissionais de saúde, a “prima da França” e o “vizinho amigo do porteiro”, e chega a ser tanta gente, que corremos o risco de esquecermos do interlocutor principal, o bebé.
Agosto é conhecido como o mês dourado do aleitamento materno e todos os anos, na primeira semana, decorre a Semana Mundial do Aleitamento Materno, promovida pela WABA (World Alience for Breastfeeding Action), este ano subordinada ao tema “Fortalecer a Amamentação – Educando e Apoiando”, em que se reforça a importância da “warm chain” –Cadeia de Calor. Este conceito, surge em paralelismo, à cadeia de frio usada nas vacinas. E tal como na vacinação, a cadeia de frio tem de ser forte e eficaz para que a mesma seja efetiva, e as vacinas possam alcançar o seu propósito. Concomitantemente na amamentação precisamos de uma cadeia de calor, igualmente vigorosa, que ajude a mudar os números do aleitamento materno. De forma a que daqui a alguns anos esteja disseminado o verdadeiro apoio à amamentação, e que mesmo aquela mãe que queria abandonar a amamentação porque “achava que não tinha leite suficiente”, “porque não seria capaz”, “porque tinha de regressar ao trabalho”, ou “que o leite não era bom”, tenha sido corretamente informada, esclarecida, apoiada e acompanhada.
Na construção desta Cadeia de Calor, precisamos de:
Informar – todos os intervenientes nesta cadeia têm de perceber o seu papel;
Vincular – a amamentação como parte de uma boa nutrição, segurança alimentar e diminuição das desigualdades;
Envolver – ancorar as pessoas e organizações ao longo da cadeia de calor;
Estimular – a ação de fortalecimento da capacidade de protagonistas e sistemas se transformarem.

A amamentação é uma escolha, não é mais fácil nem mais difícil do que qualquer outra opção, mas como em tudo na vida, tem desafios. Porém, é de extrema importância que a mãe, ao ter de realizar esta escolha, não o faça de modo de modo arbitrário, e muitas vezes, sem qualquer tipo de informação correta e assertiva acerca da amamentação. Uma escolha, só pode ser considerada válida, se envolvida em conhecimento e verdade.
Neste sentido, é importante que a mãe perceba quem é a sua Cadeia de Calor, onde estão e como a podem ajudar estes intervenientes. Para isso, siga as seguintes orientações:
Prepare a amamentação durante a gravidez: procure um curso de preparação para o parto e parentalidade, com os objetivos defendidos pela OMS;
No início da amamentação, privilegie o contacto pele a pele, logo na primeira hora de vida do bebé. No Bloco de Partos do CHTV, esta prática é realizada e promovida;
Verifique se a maternidade ou centro de saúde que a acompanham, prestam apoio imediato na amamentação. É importante ter este apoio logo na maternidade e nos primeiros dias do bebé. O CHTV, nomeadamente o Serviço de Obstetrícia, e vários Centros de Saúde da região de Viseu, têm profissionais especializados que prestam apoio nesta área;
Mesmo com a amamentação estabelecida, tente ter sempre o contacto de um profissional a quem recorrer em caso de dúvidas ou intercorrências (pode ser o seu enfermeiro de família, CAM – Conselheira de Aleitamento Materno, médico de família, Doula ou outro profissional capacitado). Estudos mostram que mães que têm este apoio no primeiro ano de vida do bebé, mantêm o aleitamento materno mais tempo;
Certifique-se que todos os elementos da cadeia de calor estão isentos da influência do marketing dos substitutos do leite materno (lembre-se: nem tudo o que aparece nas redes sociais é fidedigno, às vezes pode ser influenciado pela indústria dos substitutos do leite materno);
Por último, lembre-se que enquanto amamentar o seu filho, tem direito a dispensa de duas horas no seu horário de trabalho, não devendo ser prejudicada. Sempre que se sentir pressionada, peça ajuda às entidades competentes. Lembre-se, por cada mês extra, de licença maternidade pago, a mortalidade infantil desce cerca de 13% (WABA, 2022).
Junte-se à Cadeia de Calor para a Amamentação, se é protagonista do Sistema de Saúde, torne-se visível a quem precisa de si, mas se é protagonista da Comunidade, faça a sua parte, informe-se e apoie.
Se está grávida, ou se foi mãe recentemente crie a sua Cadeia de Calor! Procure ajuda no Centro de Saúde, nos Grupos de Apoio, nas consultas de Apoio ao Aleitamento Materno.

Daniela Campos
Enfermeira Especialista em Enfermagem de Reabilitação e Conselheira em Aleitamento Materno, em colaboração com a UCC Viseense

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