A Comunidade Intermunicipal do Oeste deu as boas vindas ao ‘Post Tour…
A taróloga Micaela Souto Moura traz as previsões do Tarot, na semana…
Sabia que é possível parecer mais jovem e elegante com os seus…
por
Raquel Costa, presidente da JSD Concelhia de Tarouca
por
Joaquim Alexandre Rodrigues
por
Joaquim Alexandre Rodrigues
Depois ouvi passos, pessoas que falavam e se aproximavam. Bateram à porta e logo de seguida entrou a Lena, que virando-se para trás, para alguém que eu ainda não vira, convidou a entrar. Era a Fátima. Não me lembro de pormenores, se houve palavras, saudações, ou outras cortesias. Sei que logo de seguida, a Lena saiu, deixando-nos a sós. A Fátima mantinha-se em pé, de costas voltadas para a porta fechada. E olhava-me, olhava-me, e eu também pasmado a olhá-la. Sem reação, nenhum dos dois. Mas depois vi, claramente vi, as lágrimas a transformar os seus olhos num mar imenso e silencioso. Aproximei-me, abrindo os braços num convite comovido e mudo. E sem pudor, sem vergonha, sem medos, ambos chorámos, chorámos para do deserto dos anos que nos separaram nascessem fontes ou oásis que nos redimissem de tanta sede.
Permanecemos assim por muito tempo. Na verdade, tudo que era essencial dizer estava inscrito nas lágrimas que corriam. Todo o amor que tínhamos para comunicar substantivava o conteúdo daquelas lágrimas.
Por fim, mais serena, ela pediu-me perdão pela falta de fé. Por não ter acreditado que o milagre do nosso encontro em Lisboa se pudesse manter. Os milagres são instantâneos, acontecem, desaparecem, geralmente, arruínam-se. Respondi-lhe que ela agira bem, porque, apesar de tudo, eu não passava de um rapazinho leviano, adolescente, imaturo. Só a pureza me justificava. Só a poesia me sustentava. E eu amava-a poeticamente, com a pureza que há nos românticos.
Ela repetiu que a perdoasse por aquele ato de egoísmo, mas que eu compreendesse que naquela época não queria, não devia prender-me, ser-lhe-ia insuportável pensar que forçava a sentir-me obrigado a estar com ela, não tinha o direito de interromper as expetativas que a minha família e eu próprio tínhamos do futuro. Dizia isto com simplicidade, sem rodeios, sem frases de efeito eloquente. Acrescentou que, por outro lado, sofria com a ideia de ficar sozinha, sem nada que lhe desse um sentido de vida, sem algo que lhe recordasse de um modo presente, contínuo, o milagre do nosso namoro. Por essas razões fugiu, sim, fugiu do que previa ser uma provável derrota, levando consigo, como que numa espécie de troféu, os momentos de glória. Sorri, ao ouvir-lhe este tom agora mais enfático da sua explicação. Ela corou ligeiramente. E agarrou-se mais a mim, num aperto forte e sentido.
por
Raquel Costa, presidente da JSD Concelhia de Tarouca
por
Joaquim Alexandre Rodrigues
por
Joaquim Alexandre Rodrigues
por
Helena Carvalho Pereira
por
José Carreira