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Na aldeia de Lazarim, concelho de Lamego, o Entrudo distingue-se pelas máscaras de madeira, uma tradição enraizada na comunidade. As esculturas são feitas a partir de amieiro e representam figuras da mitologia local, animais ou personagens folclóricos, muitas vezes com elementos humorísticos e satíricos. O culminar da celebração acontece com um desfile, no qual os caretos percorrem a aldeia ao som dos bombos, de 1 a 4 de março.
A confeção destas máscaras é um conhecimento transmitido de geração em geração. Iracema Maria de Jesus Fernandes é, atualmente, a única mulher a esculpir máscaras em Lazarim. “Comecei a fazer estas máscaras de madeira mais ou menos em 2017. Fiz a minha primeira máscara no âmbito das atividades escolares, na antiga escola. Foi aí que fiz a minha primeira máscara. Na altura, o professor de Educação Visual e Tecnológica lançou-nos esse desafio porque havia poucas máscaras, então tive de fazer a minha primeira”, recorda.
A sua primeira máscara foi feita aos 13 anos e, desde então, tem continuado a tradição. “Nós crescemos nesta tradição. O meu pai também fazia máscaras, era ele que fazia o compadre e a comadre com a ajuda da minha mãe. Fomos crescendo junto desta arte. Os formões e as enxós, como nós costumamos dizer, eram quase os nossos brinquedos, por isso já estava enraizado”.
Se em tempos era um ofício exclusivamente masculino, hoje a participação das mulheres é cada vez maior. “Antigamente era mais dos homens. Mesmo em termos do desfile. Só os homens é que faziam esta tradição de desfilar, de sair à rua. As mulheres não se metiam. Hoje em dia já é diferente, as mulheres já saem e já estou também a fazer as máscaras. Já é diferente”, afirma Iracema Fernandes.
A artesã considera que as máscaras simbolizam a identidade cultural da aldeia. “Para mim simbolizam uma tradição. É a nossa maneira de nos sobressairmos na sociedade, porque somos uma terra pequena. Com esta tradição conseguimos levar a nossa terra além-fronteiras”.
Para garantir a continuidade do Entrudo de Lazarim, a única mulher artesã destas máscaras procura partilhar os seus conhecimentos. “Mulher, por enquanto sou só eu. Mas eu tento, sempre que possível, fazer workshops. É através deles que nós tentamos transmitir a tradição, a maneira como se faz e a maneira como se vive o Entrudo”.
Um outro artesão da aldeia, Luís Almeida, descreve a sua ligação à tradição como algo natural. “Basicamente nasci no centro do Entrudo de Lazarim. Desde pequenino trabalhei nas máscaras. Tive sempre contacto direto com elas e foi aí que começou a surgir aquele bichinho para fazer as máscaras”.
O trabalho começou cedo. “Não sei dizer em concreto há quanto tempo eu faço máscaras, mas comecei desde muito novo a polir, a escavar”, conta. Para ele, manter a tradição significa partilhá-la com os outros. “Nós estamos precisamente a transmitir, tanto que a nossa oficina (minha e do meu pai) é aberta. Qualquer pessoa lá pode ir e estar a interagir connosco, a trabalhar, até pode fazer máscaras e tudo mais. Somos uma oficina aberta, para isto que é transmitir um bocadinho da nossa arte”.
Mesmo com a evolução da participação das mulheres, o Entrudo de Lazarim continua a manter viva uma tradição centenária.