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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Os produtores de maçã no norte do distrito de Viseu desmentem o estudo que diz que as maçãs e peras portuguesas estão entre as frutas com mais pesticidas na Europa.
Segundo a investigação da rede de organizações não governamentais “PAN Europa”, estes dois frutos com o selo nacional estão no segundo lugar do “ranking” da maior proporção de frutas contaminadas.
Mas os produtores contestam os dados com que o estudo divulgado no início desta semana se baseia. Em declarações ao Jornal do Centro, o presidente da Associação de Fruticultores de Armamar, José Osório, fala mesmo de uma mentira.
“Esta notícia não faz nenhum sentido. É uma pura mentira porque, na nossa região em Armamar e nos outros concelhos, todos os agricultores estão na produção integrada. Estão obrigados a utilizar determinados produtos recomendados pela União Europeia. Se há problemas, deve ser noutras regiões do país e não na nossa”, afirma.
José Osório refere ainda que a maioria dos produtores de maçã de Armamar conta com “técnicos que os apoiam no campo e que lhes recomendam os produtos que devem utilizar”. “Vou ligar para a diretora regional de Agricultura (do Norte), vou ver o que a ministra da Agricultura diz acerca disto e também vou ligar para a CAP (Confederação dos Agricultores de Portugal) para saber o que eles têm para dizer”, garante.
Também José Silva, presidente da Cooperativa Agrícola do Távora, sediada em Moimenta da Beira, não esconde a revolta. O dirigente entende que deve ser feito “um desmentido para acalmar o consumidor” depois dos resultados do estudo.
“O consumidor, ao ler esta notícia, não vai comprar mais nenhuma maçã nem uma pera portuguesa. Nós temos os produtores debaixo da produção integrada, só vendemos produtos que são recomendados por esse método, temos testes contínuos sobre a fruta e os nossos clientes fazem análises sucessivas”, defende.
José Silva diz que a cooperativa vai analisar o estudo, pedir uma opinião técnica e falar com a Direção Regional da Agricultura, mas não sem antes falar “com o gabinete que tutela a segurança alimentar”.
Estudo está “desfasado no tempo”, diz autarca de Moimenta
Também o presidente da Câmara de Moimenta da Beira disse à agência Lusa que o estudo está “desfasado no tempo”, porque, atualmente, “a maçã está praticamente livre”.
“Eu acredito em todos os estudos, porque acredito no saber e na informação científica, no entanto, os estudos têm o seu tempo e este revela dados com nove anos, está completamente desfasado no tempo”, considerou Paulo Figueiredo.
“Isto está destorcido no tempo, porque nos últimos dois, três anos tem havido uma evolução fantástica a este nível e, por exemplo, os nossos fruticultores têm aplicado e implementado regras muito específicas da União Europeia que obrigam à redução dos pesticidas”, defendeu o autarca.
Paulo Figueiredo disse ainda que “uma boa percentagem das maçãs, que é a fruta principal do concelho, tem níveis muito reduzidos, com os níveis de toxidade praticamente a zero” e isto, continuou, “porque cumprem com as normas europeias”, tanto “para a sustentabilidade ambiental como para a saúde”.
“E as nossas maçãs passam por uma série de análises, nomeadamente através das grandes superfícies, que fazem de forma constante a todos os lotes fornecidos, assim como os próprios produtores que também controlam”, acrescentou.
O autarca disse “lamentar este tipo de estudo desfasado no tempo, principalmente quando já não corresponde à realidade e só vem criar impacto negativo junto dos fruticultores que, são os que menos ganham e mais trabalham para a qualidade da maçã”.
“Neste momento, Moimenta da Beira é responsável por cerca de 20% da produção nacional da maçã e se juntarmos os municípios aqui à volta, como Armamar, Sernancelhe e Lamego, acredito que somos responsáveis por mais de 50% da produção nacional”, referiu.
Paulo Figueiredo sublinhou a qualidade da maçã no norte do distrito de Viseu e considerou que “é de qualidade e é das melhores maçãs do País e do mundo, e, sem exagero, porque é sem dúvida das melhores do mundo”.
O que diz o estudo
Segundo o estudo divulgado na segunda-feira (23 de maio) pela rede PAN Europa, que reúne 38 organizações de consumidores, de saúde pública e ambientais, entre outras, as maçãs e peras cultivadas em Portugal estão entre as frutas com maior quantidade de pesticidas perigosos, com base numa análise à fruta fresca europeia relativamente a 2019.
Em 85% (por cento) das peras portuguesas testadas e em 58% de todas as maçãs testadas foi encontrada contaminação por pesticidas perigosos. A nível da União Europeia, segundo o estudo, as taxas de contaminação tanto para maçãs como para peras mais do que duplicaram entre 2011 e 2019.
Os países que superam Portugal são Holanda (61% de maçãs com pesticidas) e Bélgica (87% de peras).
Em relação a 2019, indicam as análises feitas na Europa, metade de todas as amostras de cerejas tinham sido contaminadas com pesticidas, um terço (34%) de todas as maçãs estavam também contaminadas, o mesmo acontecendo com cerca e metade das peras e metade dos pêssegos.
Observando os dados dos nove anos, de 2011 a 2019, o estudo indica que os frutos mais contaminados foram as amoras (51% das amostras), seguidas dos pêssegos (45%), dos morangos (38%), das cerejas e dos alperces (35%). No mesmo período, os países que produziram frutas mais contaminadas foram, por ordem decrescente, a Bélgica, a Irlanda, a França, a Itália e a Alemanha.