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16 de 04 de 2024, 12:41

Cultura

Cineasta de Oliveira de Frades lança livro sobre a emigração portuguesa em França

Realizador José Vieira publicou recentemente o livro "Memórias de um Futuro Radioso", publicado em França e que recorda os bairros de lata portugueses dos anos 60

josé vieira créditos cine clube de viseu

Fotógrafo: Cine Clube de Viseu

O realizador de cinema José Vieira, natural de Oliveira de Frades, lançou recentemente o seu primeiro livro, “Memórias de um Futuro Radioso”. A obra surge nas vésperas dos 50 anos do 25 de Abril e recorda os bairros de lata portugueses dos anos 60 em França.

José Vieira partiu para aquele país em 1965, quando tinha sete anos. A sua experiência pessoal como emigrante e as muitas histórias compartilhadas com outros emigrantes em terras gaulesas inspiraram o percurso profissional do realizador que vive e trabalha entre Portugal e França.

Desde os anos 80 que o cineasta lusodescendente realiza documentários onde aborda sobretudo a emigração portuguesa para França, nomeadamente as viagens clandestinas “a salto” que eram feitas durante a ditadura nos anos 60 e 70 e as condições de vida das pessoas que viviam nas “bidonvilles” (bairros de lata) de Paris.

O livro, publicado pela editora francesa Chandeigne, tem o mesmo título do documentário que José Vieira realizou em 2015 (“Souvenirs d'un futur radieux”), cruzando as memórias dos emigrantes portugueses que viveram durante os anos 60 no bairro de lata de Massy, nos arredores de Paris, onde ele próprio viveu durante cinco anos na infância, com as vivências das vagas migratórias vindas de África e do Médio Oriente.

Na obra, José Vieira reflete sobre os sonhos, as humilhações, os medos e as injustiças dos portugueses que ansiavam por melhores condições de vida em França, tentando acabar com o silêncio em torno da história da sua emigração para o país. O cineasta considera que essa emigração naquela época foi um ato político de resistência contra a ditadura do Estado Novo, que viria a ser derrubada pelo 25 de Abril.

Licenciado em Sociologia, José Vieira realizou várias películas sobre a emigração portuguesa como “A fotografia rasgada” (2002), “O país aonde nunca se regressa” (2005), “Le bateau en carton” (2010) e “A ilha dos ausentes” (2016).

Num dos seus trabalhos mais recentes, o filme “Nós Viemos” (2021), José Vieira traça um retrato sobre os emigrantes do passado e do presente com o intuito, segundo o mesmo, de “perceber o que há em comum entre estas pessoas”.

Em 2019, José Vieira esteve em destaque no festival Vistacurta, organizado pelo Cine Clube de Viseu e onde foram exibidos quatro filmes seus: “A fotografia rasgada”, “O pão que o diabo amassou” (2012), “Souvenirs d'un futur radieux” e “A ilha dos ausentes”.