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25 de 04 de 2024, 18:16

Diário

25 de Abril: mulheres discursaram na sessão solene em Viseu

Antes da sessão solene, foi feita uma homenagem aos capitães de Abril no RI14

Sessão solene abril 2024

A imigração, o crescimento dos movimentos antidemocráticos, a corrupção e a necessidade de reformas que sejam desígnios nacionais, nomeadamente na justiça, foram alguns dos temas que marcaram os discursos dos 50 anos do 25 de Abril na sessão desta quinta-feira promovida pela Assembleia Municipal de Viseu e onde, em representação dos partidos políticos, só falaram mulheres. Uma sessão que decorreu no Teatro Viriato e onde não esteve a representante do Chega, partido que tem assento na Assembleia Municipal, mas onde o 25 de novembro também marcou presença.
Foi o Bloco de Esquerda que abriu as intervenções com Carolina Gomes logo a lembrar que o 25 de Abril ainda não acabou e que Abril é de todas as pessoas. A bloquista falou ainda das conquistas que têm de continuar a ser feitas como o direito à habitação ou à igualdade no acesso ao trabalho e aos direitos.

De seguida, Lúcia Silva, do PS, deixou a mensagem de que estes 50 anos da Liberdade sejam uma “passagem de testemunho para as novas gerações”. Pelo PSD, Isabel Fernandes, lembrou que ainda há um percurso para percorrer, nomeadamente no papel da mulher, frisando que “a representatividade fortalece a democracia” e que “não havia 25 de Abril se não tivesse havido o 25 de novembro”.
Após os discursos partidários, o capitão de Abril, tenente-general Ferreira do Amaral, deu o seu testemunho como operacional na noite da Revolução, antes do presidente da Câmara tomar a palavra.
Fernando Ruas começou por salientar que é “sempre reconfortante falar da revolução de Abril de 1974” porque “foi ela que permitiu e deu azo a um desenvolvimento assente no Poder Local”.

“Arrisco-me mesmo a dizer, que a par da Liberdade, o Poder Local Democrático, foi uma das maiores conquistas de Abril”, disse.
O autarca social-democrata, que já foi presidente da Associação Nacional dos Municípios Portugueses, falou ainda do atual cenário político saído das eleições de 10 de março para afirmar que mesmo com um novo modelo governativo, não deixará de ser reivindicativo.
“Esperamos [o governo], que venha a trazer um novo ciclo de investimentos para o Interior do País, nomeadamente para esta Região que tem sido esquecida. Conhecem-me bem. Reivindicarei, ainda com mais energia, aquelas que são as necessidades deste território”, prometeu.
Antes de terminar o discurso, Fernando Ruas deixou um aviso: “Não poderemos assistir impávidos e serenos ao crescimento de movimentos antidemocráticos. Não poderemos deixar que diariamente se ataquem os valores da democracia. Não poderemos deixar que se criem climas de suspeição constante, sem que separe o trigo do joio. Mas, também não poderemos aceitar que proliferem políticos que vivem constantemente de promessas sem resultados visíveis de qualquer trabalho efetuado”.

A sessão foi encerrada pelo presidente da Assembleia Municipal que na sua intervenção deu destaque à imigração para alertar que “uma política de porta aberta não é a mais correcta ou a mais generosa”.
“A imigração não deve tornar-se uma arma de arremesso político-partidária ou uma bandeira ideológica. A definição de políticas públicas aconselha a bom senso e a um maior consenso político possível tendo em consideração o bem comum. A imigração é essencial em muitos setores da economia e da sociedade e, por isso, as políticas de imigração dizem respeito a topos os portugueses”, começou por dizer Mota Faria para a seguir acrescentar ser “inquestionável que devemos receber bem os imigrantes com hospitalidade, humanidade e respeito pela dignidade humana com uma verdadeira integração”.
“Mas será que podemos receber todos os que nos procuram com respeito da dignidade humana e com o mínimo de condições de vida”, questionou, admitindo que é uma tarefa difícil. “Ninguém defende a proibição da imigração, mas deve-se discutir e refletir sobre a política que melhor se adapta à situação específica do nosso país”, sustentou.
Antes da sessão solene, foi feita uma homenagem aos capitães de Abril no RI14.