Geral

20 de 12 de 2023, 17:58

Diário

Cientistas encontraram em Fagilde (Mangualde) aranha 'desaparecida' há 92 anos

Buraqueira de Fagilde é considerada uma das aranhas mais raras do mundo. Após dois anos de expedição, foi encontrada com crias na aldeia do concelho de Mangualde

buraqueira de fagilde aranha créditos rewild

Fotógrafo: Re:wild

A buraqueira de Fagilde, uma das aranhas mais raras do mundo, foi encontrada pela primeira vez em 92 anos na aldeia do concelho de Mangualde. A descoberta foi feita por Sérgio Henriques, do Jardim Zoológico de Indianapolis (Estados Unidos), e pelos seus colegas após dois anos de expedições na zona de Fagilde.

A história desta espécie é contada pela revista New Scientist, que conta que a aranha foi descrita pela primeira vez em 1931, quando entomologistas encontraram um par de fêmeas na aldeia. Com base nos dois exemplares recolhidos na altura, as fêmeas da espécie têm corpo castanho-escuro e estima-se que cresçam até 2,2 centímetros de comprimento.

Desde essa descoberta, a aranha parecia ter desaparecido e passou a ser considerada uma espécie perdida.

Agora, a equipa de Sérgio Henriques conseguiu confirmar que o animal encontrado – uma fêmea castanha-escura com crias – correspondia à descrição original e que esta era a espécie rara depois de analisar amostras de ADN.

A buraqueira de Fagilde pertence a uma família de aranhas cujos membros vivem em tocas com porta articulada para capturar presas. Embora nunca tenha sido observado nenhum macho adulto, os cientistas acreditam que se comportam de forma semelhante às espécies estreitamente relacionadas, que executam um “sapateado” rítmico para conquistar a fêmea.

“É tão fácil não as vermos porque são muito enigmáticas. Elas têm um alçapão que se assemelha a qualquer cenário em redor, como uma folha ou musgo”, disse Sérgio Henriques ao New Scientist. Os investigadores esperam que a redescoberta estimule os esforços de conservação da aranha.

“Esta descoberta foi como se tivéssemos ganho a lotaria enquanto somos atingidos por um raio”, acrescentou Sérgio Henriques.

A aranha nunca foi registada cientificamente desde que foi descoberta inicialmente. Em 2022, foi a única espécie europeia e a primeira aranha incluída na lista de espécies perdidas da organização Re:Wild.