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07 de 09 de 2021, 12:33

Diário

Incêndios de 2017 ajudam a descobrir monumentos funerários pré-históricos em Oliveira de Frades

Grande maioria dos monumentos remonta à introdução das práticas de cremação. Arqueólogos estão a fazer escavações até sábado.

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A grande maioria dos monumentos funerários pré-históricos da zona de Oliveira de Frades correspondem à introdução das práticas de cremação e só foram descobertos depois dos incêndios de outubro de 2017.

A conclusão foi tirada pelos arqueológicos que têm estado a fazer escavações nos últimos dias no concelho. Os trabalhos terminam já este sábado (11 de setembro).

O arqueólogo António Faustino Carvalho, que tem coordenado a campanha, explica que muitos dos monumentos descobertos “são de muito pequena dimensão e são praticamente invisíveis no terreno na lógica da prospeção arqueológica convencional”.

“Eles só puderam ser identificados após os trágicos incêndios de outubro de 2017, que eliminaram completamente a vegetação arbustiva da região e permitiram identificar estes sítios porque o solo estava totalmente limpo”, sustenta.

O especialista acrescenta que os monumentos ficam em “sítios muito discretos na paisagem” e “são de um período mais tardio”. As escavações pretendem ajudar a Câmara de Oliveira de Frades a fazer um levantamento do seu património pré-histórico concelhio.

Faustino Carvalho sublinha que a operação está a decorrer na Mamoa 4 da Tojeira, “onde há uma colina artificial construída para albergar no seu interior um dólmen”. “Infelizmente, devido à acidez dos solos graníticos, não há material osteológico nem há ossadas que sobrevivam tanto tempo porque este monumento tem cerca de 6.000 anos”, explica.

Outro local onde as escavações estão a decorrer na Mamoa da Cumeeira é “de muito pequenas dimensões”. “No seu interior, há apenas uma pequena caixa em pedra onde são depositadas as cinzas resultantes da cremação, mas não o corpo intacto do defunto. Este monumento é da Idade do Bronze e carateriza-se pelo aparecimento há cerca de 2.000 anos antes de Cristo de práticas funerárias que preveem ou assentam na cremação dos corpos em toda a Península Ibérica”, detalha.

Os dois últimos dias das escavações estão reservados para visitas esta sexta-feira (dia 10) e sábado. Faustino Carvalho faz o convite a quem quer passar pelas duas zonas de escavação em Oliveira de Frades.

“Estamos cá diariamente, mas reservámos os últimos dois dias da campanha para nos disponibilizarmos a fazer visitas guiadas a quem quiser nos visitar, sejam munícipes, turistas ou outros interessados que se dirijam às escavações, que são de muito fácil acesso porque estão junto à estrada da Zona Industrial com estacionamento e tudo. Teremos muito gosto em receber as pessoas”, remata o investigador.

Segundo o professor da Universidade do Algarve, os trabalhos na região de Lafões vão continuar até 2023, dando assim continuidade ao projeto de investigação “Megálitos, espaços, gentes e ambiente nas manifestações tumulares pré e proto-históricas de Lafões”.