Diário

Pais organizam feirinha em Viseu para conseguir dinheiro e criar Associação

Concerto de Saúl, este domingo (2 de abril), servirá para angariar fundos. O objetivo é criar uma Associação de Pais e, depois, dinamizar a Escola Primária de Portela de São Cipriano e Vil de Soito

Fotógrafo: Igor Ferreira

Os encarregados de educação dos alunos da Escola Primária de Portela de São Cipriano e Vil de Soito, no concelho de Viseu, têm agendadas várias iniciativas para angariarem fundos e criarem uma Associação de Pais. A ideia é dinamizar a instituição e dar-lhe melhores condições para cativar novos alunos.

A escola é frequentada por 18 crianças, mas muitos pais temem que no futuro não existam alunos suficientes para manter as portas abertas. Assim, para que possam cativar novas crianças e travar a saída dos mais novos para outras freguesias, os pais decidiram unir-se e promover um conjunto de ações para “pôr a escola no mapa e evitar que um dia encerre”.

A primeira iniciativa é já este domingo (2 de abril), com um concerto do cantor popular Saúl. Quem se deslocar à “Feirinha da Primavera” vai ainda poder contar com vários espaços com alimentação ou artesanato. Além de Saúl, a animação vai estar a cargo da banda Soma e Segue, Rancho Folclórico de Torredeita, Grupo de Cavaquinhos e Cantares de São Martinho e dos Bombinhos de Chãos e Casal Mau. Este primeiro evento acontece no campo de futebol de Chãos.

Para o Dia da Criança, a 1 de junho, acontece uma nova iniciativa, que conta com a presença de Jorge Serafim, o conhecido humorista e contador de histórias.

Cativar novos alunos e travar despovoamento
Criada a Associação de Pais, o objetivo destes encarregados de educação é apresentar um projeto para fazer várias intervenções na escola, como melhorar o logradouro, criar um campo de jogos, uma biblioteca ou outros melhoramentos.

“O grande objetivo é cativar alunos para que a escola continue a ter crianças suficientes para não fechar, como tem acontecido ao longo dos anos um pouco por todo o país. Para isso, queremos criar as condições necessárias para que os pais deixem as crianças na Portela e não tenham que ir para outras freguesias, como acontece atualmente”, disse ao Jornal do Centro Alexandra Santos, da União de Pais da Escola da Portela.

Para esta mãe, “não se justifica que uma escola que fica a cinco quilómetros da cidade de Viseu não seja aproveitada como deveria”. Alexandra Santos explica que a freguesia tem muitas crianças, mas algumas “falhas” levaram a que os pais optassem por inscrever os filhos em outros locais, muitos a vários quilómetros da freguesia onde residem.

“Um dos grandes problemas desta escola foi a ausência de apoio às famílias após o horário escolar. Como os pais não tinham onde deixar os filhos no final das aulas acabaram por os inscrever em sítios onde tinham essa solução”, disse. Um problema que parece estar resolvido com o alargamento da Componente de Apoio à Família às várias escolas do 1º ciclo, do concelho de Viseu e que permite que as crianças permanecem no recinto escolar até às 19h00.

“Ultrapassado este problema, agora o objetivo é fazer intervenções no espaço, como melhorar o logradouro com, por exemplo, um campo de jogos. É também nossa ideia, num futuro próximo, criar uma biblioteca”, acrescentou.

“Temos crianças da freguesia que estão em Abraveses ou Farminhão e isso não faz sentido quando temos uma escola com um edifício com condições e espaço para que possam ficar na Portela. Não faz sentido que se sobrecarreguem outras escolas quando se podia fazer um melhor aproveitamento de outros locais, como é o caso da nossa escola”, lamentou.

Para a encarregada de educação, além de quererem lutar pela continuidade da escola “por muitos anos”, há também a vontade em travar o despovoamento das freguesias.

“São situações como esta que leva a que muitas famílias, sobretudo mais jovens, saiam das aldeias, das freguesias e isso não pode acontecer”, finalizou.