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04 de 06 de 2023, 09:00

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Uma viagem pelos monumentos arqueológicos da região de Viseu

Veja as sugestões de sítios onde pode visitar para descobrir um pouco mais de história no distrito, desde a Cava de Viriato até sepulturas, dólmens e antas espalhadas pelos concelhos da região

Cava de Viriato

Sabia que a região de Viseu tem vários monumentos arqueológicos onde pode visitar? Este é o roteiro megalítico com sugestões de locais por onde pode ir em alguns concelhos do distrito e que darão a conhecer um pouco de história. São milhares de anos que marcam cada monumento, seja um dólmen, uma orca ou uma arca.

Comecemos por Viseu, onde não podem faltar monumentos como a Cava de Viriato, que é de visita obrigatória não só por ser o expoente máximo da ligação de Viriato à cidade – ainda que esta relação seja exclusivamente fruto de crenças populares –, mas também por ser um autêntico museu a céu aberto.

Ainda que não seja clara a sua origem (sabe-se apenas que remonta ao século X) nem a sua função original, esta estrutura octogonal de 32 hectares é um monumento único a nível nacional e europeu. A estátua de Viriato foi criada em 1940 pelo escultor espanhol Mariano Benlliure. A Cava de Viriato pode ser vista através de um passadiço ao longo da estrutura octogonal que merece uma visita prolongada.

Outro ponto marcante de Viseu são as portas do Soar e dos Cavaleiros, que continuam a marcar as entradas do centro histórico, sendo as únicas que ainda sobrevivem desde os finais do século XV, quando foram construídas como partes de uma muralha edificada por D. Afonso V para proteger a cidade na época.

Mas também outros monumentos menos conhecidos que também merecem ser visitados como é o caso da necrópole megalítica da Pedralta, em Côta, que pertence a um núcleo megalítico que inclui, além dos 20 dólmens funerários, outros cinco monumentos megalíticos. O maior e mais conhecido destes monumentos é a Anta Maior da Pedralta, cujos enormes esteios ostentavam alguns dos mais fantásticos motivos pintados a vermelho, um dos achados mais importantes dos inícios do século XX. O espólio resultante das escavações arqueológicas pode ser observado na Casa do Miradouro.

Outra das sugestões é a Anta de Mamaltar do Vale de Fachas, identificada em 1912 depois de ter sido descoberta pelo arqueólogo José Coelho. Consiste num monumento com câmara poligonal alargada e corredor longo, com orientação a sudeste, como é habitual nestes monumentos. Os esteios da câmara encontram-se sobrepostos e inclinados para o interior, sendo que dois ainda guardam vestígios de pinturas. O espólio deste monumento arqueológico inclui uma placa de pedra com pinturas, seis machados de pedra, três lâminas de sílex, dois vasos e fragmentos de cerâmica, todos preservados e visitáveis no Museu Nacional Grão Vasco.

Os monumentos no distrito
Mas o circuito não acaba em Viseu e alastra-se a todo o distrito. No concelho de Carregal do Sal, por exemplo, existe o Roteiro Arqueológico que abrange locais como o Percurso Patrimonial de Chãs, o Percurso Patrimonial das Cimalhinhas, o Circuito Arqueológico da Cova da Moira e o Circuito Pré-Histórico de Fiais e Azenha, incluindo o Dólmen da Orca, classificado como Monumento Nacional.

Em Castro Daire pode visitar as ruínas da Muralha das Portas do Montemuro, um perímetro amuralhado com cerca de 1.600 metros de perímetro, de polígno não regular, cujas muralhas apresentam entre 2,5 e 3 metros de largura. Segundo vários autores, crê-se que tenha sido fortificado e habitado durante a Idade do Ferro.

O concelho de Mangualde tem os Moinhos do Coval, um conjunto de quatro moinhos de água, os últimos de várias dezenas que existiram naquela localidade, e que estão agora desativados. Mesmo assim, é possível apreciar as construções da época e o sistema de aquedutos. Outro dos pontos de Mangualde é a Citânia da Raposeira que serviu de estalagem na época romana e que fica no sopé do monte da Senhora do Castelo, estando datada do início do século I e com ocupação até ao século IV e inícios do V.

O Castro do Bom Sucesso é caracterizado por um monte onde outrora houve vestígios de um povoado fortificado, com destaque para os importantes vestígios de construções circulares e, sobretudo, retangulares. Atualmente, resiste uma estrutura amuralhada do período do Bronze, ainda que o seu espólio arqueológico remeta, em maior abundância, para o período da Idade do Ferro.

E, de fácil acesso, a Anta de Cunha Baixa é um dos pontos de paragem obrigatória para quem gosta de compreender a importância das orcas e das antas na vida dos antepassados. Este monumento apresenta um corredor longo, com oito esteios de cada lado e duas lajes de cobertura.

Segue-se o concelho de Nelas, onde existem lagaretas medievais que estão espalhadas por Santar, Moreira, Pisão, Vilar Seco, Senhorim e Canas de Senhorim e que dão testemunho do processo ancestral de vinho. Já o Circuito Rodoviário Arqueológico integra quatro dos mais importantes dólmens do concelho: a Orca da Lapa do Lobo, a Orca das Pramelas, em Canas de Senhorim, a Orca do Folhadal e a Orca do Pinhal dos Amiais, em Senhorim.

Já em Oliveira de Frades, o património é marcado pelo Dólmen de Antelas, que é um exemplar raro da cultura megalítica, ainda hoje totalmente conservado, e um dos mais procurados da Península Ibérica, sendo constituído por uma câmara funerária com oito esteios em granito, cerca de 2,5 metros de altura e um corredor, e pelo Dólmen de Arca, que tem cerca de 4,5 metros de altura e uma tampa com 4,20 metros por 3,20 metros.

Reza a lenda que a Anta da Arca foi erigida por uma moura e que a tampa foi, inclusivamente, colocada pela própria, que a trouxe na cabeça, a fiar uma roca e com o filho ao colo. Diz-se, ainda que todos os anos, na madrugada do dia de São João, a moura aparece em cima da Anta a fiar uma rocada.

Rumamos de seguida a Penalva do Castelo, onde constam as sepulturas antropomórficas de Castelo de Penalva, que se encontram junto à Igreja Matriz de Castelo de Penalva, e a necrópole medieval de Esmolfe, que data do século X ao XII e é constituída por três núcleos: Eirinhas, Capela e São Martinho. As sepulturas escavadas na rocha eram o modelo de enterramento utilizado durante a época medieval, num trabalho realizado por pedreiros. Outros monumentos incluem o Castro da Paramuna, na Serra de Esmolfe, e a Anta do Penedo do Com, que tem uma laje de cerca de oito toneladas.

Em Sátão, a Orca de Forles é um dos monumentos mais antigos conhecidos no concelho, remontando ao período do Neolítico com reutilização na Idade do Cobre, sendo que é constituída por uma câmara poligonal e um corredor curto. Já a Orca de Casfreires data da altura do Neolítico Final, entre 2900 e 2640 anos antes de Cristo.

Em Tondela, a Necrópole do Caramôlo, constituída por três monumentos, remonta ao tempo entre o Neolítico e a Idade do Bronze. O Marco de Anta está talhado em forma de estrela com cerca de 3 metros acima do solo. A Estação de Arte Rupestre da Alagoa é constituída por oito rochas gravadas, que ascendem a uma centena de exemplares.

Já a Calçada Romana de Paranho de Besteiros, também em Tondela, conta com 130 metros de extensão e 3,5 metros de largura, sendo que este troço é hoje uma estrada, integrando também um caminho rural que liga Paranho de Besteiros a Caparrosinha. A Anta da Arquinha da Moura, também conhecida como Pedra Merendeira, tem pinturas a vermelho e preto conservadas no seu interior.

No município de São Pedro do Sul, estão a Pedra Escrita de Serrazes, que remonta ao século VIII antes de Cristo e está quase repleto de gravuras feitas entre o período Calcolítico e a Idade do Bronze. Muitas das gravuras são em forma de circunferências e traços que formam pequenos quadrados e retângulos.

O Castro da Cárcoda é um dos maiores e mais significativos povoados castrejos de toda a região, tendo tido origem na Idade do Ferro e se destaca pela quantidade das casas ainda visíveis, pela estrutura muralhada, pelo fosso, pelos pequenos arruamentos e pelo espólio que as campanhas arqueológicas puseram a descoberto. O castro possui, ainda, um conjunto de gravuras rupestres.

Vila Nova de Paiva é um concelho que tem muitos monumentos megalíticos como o Outeiro das Medidas, as Orcas dos Juncais, de Porto Lamoso, de Pendilhe, de Merouços, das Castonairas e da Corga dos Moços, os Necrópoles de S. Martinho de Almoneixe e de Carvalhais, a Inscrição Romana do Cavalinho, o Castro de Vila Cova à Coelheira e as Antas do Rapadouro e do Picoto do Vasco.

Finalmente, em Vouzela, existe a Rota do Megalitismo que propõe uma viagem pelos principais monumentos megalíticos do concelho como a Lapa da Meruje e a Casa da Orca da Malhada do Cambarinho.