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O frio e “desalmado” Mercado 2 de Maio

 O frio e “desalmado” Mercado 2 de Maio
15.11.24
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 O frio e “desalmado” Mercado 2 de Maio

por
Pedro Baila Antunes

O Mercado 2 de Maio, com a polémica opção de cobertura que, para muitos, desvirtua a Obra arquitetónica de Siza Vieira, é absolutamente marcante no espaço público da cidade de Viseu. 

No coração do centro da cidade de Viseu, muito carente de atividade comercial, movimento de rua e… moradores, o “novo” Mercado 2 de Maio pode contribuir decisivamente para a “revitalização diária” do eixo Rossio-Rua Formosa e de todo o Centro Histórico de Viseu. 

Enquanto vereador da oposição, para além de colaborar com os movimentos cívicos de contestação (que incluíam personalidades relevantes da arquitetura e da cultura nacional), votei sempre contra a obra de cobertura, apontando muitos dos aspetos críticos – de arquitetura e funcionalidade – que agora se manifestam. 

Fernando Ruas, que também sempre se posicionou contra a cobertura, assim que reassumiu a presidência da Câmara de Viseu, com a obra já em andamento, conduziu esta herança com sensibilidade e o seu reconhecido compromisso pela causa pública, não renegando a Obra que, a bem da Cidade, tem de ser potencializada. 

Porém, volvido praticamente um ano após a reabertura, os propósitos da Obra têm falhado! O Mercado tarda em “arrancar”! O “despido” Mercado 2 de Maio não foi ainda assimilado pelo quotidiano da Cidade, não estando a gerar um sentimento de conexão com os viseenses.

Como qualquer obra marcante, o Mercado deveria ter tido uma inauguração e um período de arranque vibrantes. Mas, ao invés, abriu a “meio gás”, sem uma programação de apresentação à Cidade e aos viseenses, identitária, com marketing cuidado e com ampla divulgação.

À data da reabertura, muitos dos espaços comerciais estavam desocupados e assim continuam, como todo o piso intermédio dos “quiosques”. 

O piso superior, com um excelente “palco” – que tem sido aproveitado para alguns espetáculos avulso – está ainda mais vago. Em contraponto à grande atratividade que tinha adquirido junto dos mais jovens, antes da requalificação. 

No piso inferior, atempadamente, não se verificou uma estratégia negociada para a transferência das lojas com direitos adquiridos. É patente que a venda de “souvenirs, pijamas e naperons” é dissonante com um mercado da restauração moderno e cosmopolita, distorcendo o conceito e o carisma que estes equipamentos requerem.

Por outro lado, por muito respeito que os respetivos empreendedores mereçam e o grande mérito de arriscarem, os estabelecimentos de restauração e bebidas que, entretanto, se instalaram no Mercado, não são diferenciadores e, em grande medida, não se coadunam bem com o conceito de outros mercados de restauração de referência, que oferecem experiências gastronómicas diferenciadoras, mesmo que numa abordagem contemporânea de “fast-food gourmet”. 

De facto, as frações comerciais são muito limitativas, a começar pela área reduzida. Deveria ter havido uma maior aposta na sua reconfiguração e potencialização.

O mobiliário de esplanada, excessivamente uniforme e, literalmente, disperso ou “despejado” na grande escala do espaço, parece não ter obedecido a qualquer layout, com nuances acolhedoras e recantos. 

De facto, apesar do seu potencial de atratividade, como espaço urbano original, que emana modernidade e imponência, o espaço não está convidativo, tendo até uma certa atmosfera austera. A mais valia de abrigar da chuva não é superior ao frio que continuará a não impedir no Inverno.

As magnólias – que serão sempre raquíticas e dificilmente florescerão naquele espaço, para si contranatura – tolhem a modularidade do piso inferior 

No topo, a ligação com o Largo Almeida Moreira poderia ser um diferencial, ampliando a conexão do Mercado com o Centro Histórico, mas a passagem estreita e sombria não recebeu a atenção necessária para ser um elemento atrativo.

A propalada cobertura fotovoltaica, que para esse efeito exigiu um reforço significativo de investimento, tem uma tecnologia rapidamente ultrapassada e muito baixa eficiência. Talvez por isso, nem está sequer em operação, ao que se diz.

Pelo que referem alguns operadores, a limitação de horários e outras exigências restringem muito a atividade no setor da restauração e de bebidas. Já a zona da Sé adjacente e concorrente, igualmente inserida numa área residencial, não tem as mesmas restrições. 

Não é conhecida uma estratégia de dinamização ou uma programação sistematizada do espaço que vai recebendo eventos esporádicos, certamente como acontecerá no Natal. 

“Já não bastava o Centro Histórico, a Rua Direita…!” O “mortiço…” Mercado 2 de Maio de Viseu tem de ser rapidamente vitalizado!

 O frio e “desalmado” Mercado 2 de Maio

Jornal do Centro

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 O frio e “desalmado” Mercado 2 de Maio

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