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Pode ser uma rua, um jardim ou uma praça, mas até ao primeiro semestre de 2022, Aristides de Sousa Mendes vai ter um espaço com o seu nome na capital francesa de Paris, assim como uma placa comemorativa de homenagem ao cônsul português natural de Carregal do Sal.
“Fiz a proposta porque Aristides de Sousa Mendes foi cônsul em Bordéus e as homenagens já são várias em França e em Portugal, mas Paris ainda não tinha feito, embora todos saibamos que entre as pessoas que ele salvou havia famílias parisienses”, afirmou Hermano Sanches Ruivo, lusodescendente e vereador da Câmara de Paris, em declarações à agência Lusa.
Para dar nome a um espaço público, a proposta tem de passar pela Comissão de Denominação de Paris, algo que aconteceu no final do dia 9 de junho e foi aprovada, começando agora o processo de seleção do local.
Hermano Sanches Ruivo quer que o espaço, dada a missão de Aristides de Sousa Mendes em França, tenha alguma ligação com o Consulado Geral de Portugal em Paris, privilegiando assim uma localização entre os 8.º e 17.º bairros da capital francesa.
Esta homenagem será concretizada até ao início da Temporada Cruzada entre Portugal e a França, que vai arrancar em fevereiro de 2022 e vai trazer intercâmbios culturais e não só entre os dois países.
Um ponto a trabalhar entre as duas nações, segundo Sanches Ruivo, é a questão da memória e, nesse sentido, outras homenagens fariam sentido a Aristides de Sousa Mendes e outros portugueses que se envolveram em formas de resistência em França durante a Segunda Guerra Mundial.
A presidente da Fundação Aristides de Sousa Mendes, Adelaide Rocha, foi surpreendida pela comunicação social com esta homenagem, mas fala mesmo assim de uma boa notícia para a memória do antigo cônsul natural de Cabanas de Viriato.
“Obviamente, isto é extremamente positivo porque Aristides salvou muitas pessoas passando-lhes os vistos e tendo esta coragem que, felizmente, já é muito conhecida e reconhecida. Este é mais um reconhecimento, desta vez da Câmara de Paris, porque já houve outras cidades do mundo a fazerem o mesmo havendo reconhecimentos de todo o tipo”, lembra.
Adelaide Rocha diz que ainda não recebeu qualquer informação oficial sobre esta homenagem que a Câmara de Paris pretende fazer ao diplomata português. “A decisão é muito recente. Se receber, ficarei muito contente e será uma honra”, remata.
Em 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, Aristides de Sousa Mendes, então cônsul de Portugal em Bordéus, França, emitiu vistos que salvaram milhares de pessoas do Holocausto, desobedecendo às ordens de António de Oliveira Salazar.