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A associação cultural Ritual de Domingo estreia hoje, em Viseu, a peça bilingue “Escavar/Scavare”, que mexe com a memória numa viagem à adolescência e a todo um percurso que marcou uma geração que está a fazer 50 anos.
“É uma viagem ao passado. Uma mulher que tem uma voz interior, que fala uma língua estrangeira, o italiano, e que acaba por ser materializada num corpo em cena, ou seja, é só uma pessoa, eu, a personagem Joana, e a minha voz, a Giada Prandi”, desvendou à agência Lusa Sónia Barbosa, também encenadora da peça que vai estar em palco no Círculo de Criação Contemporânea de Viseu – Polo 1.
Essa voz interior “é uma espécie de guia, que ajuda a fazer um caminho, uma escavação na memória, e que fala numa língua estrangeira, mas que a personagem reconhece, porque faz parte” do seu percurso de vida.
Sónia Barbosa defendeu que “qualquer jovem, ou criança mais velha, acompanhada por os pais vai perceber, pode fazer sentido, porque fala-se de ‘bullying’ e da violência entre pares nessa fase da adolescência”.
“O texto tem uma camada muito bonita, porque é duro em certos aspetos, percebe-se que há uma experiência de violência que tem de ser superada, mas é bonito, porque fala da ideia de que o tempo pode curar se tivermos coragem de voltar lá”, indicou.
Em palco está Sónia Barbosa, também encenadora, com Giada Prandi, intérprete italiana, assim como a autora, Letizia Russo, do texto original, “pensado e debatido para este trabalho” a pedido da encenadora.
A música original é do também italiano Stefano Switala, enquanto o desenho de luz e a produção do projeto é da responsabilidade de Cristóvão Cunha e a cenografia e figurinos são de Ana Limpinho.
Sónia Barbosa, há pouco mais de 20 anos, viveu em Itália durante sete anos e, nesse período, conheceu “em contextos diferentes estas pessoas” com quem começou a trabalhar “há pouco mais de ano e meio”, “Escavar/Scavare”.
Do trabalho nasceu a peça escrita por Letizia Russo que “queria muito trabalhar o tema da memória” e um trabalho bilingue, porque Sónia Barbosa “queria muito manter as duas línguas e relação entre estas duas mulheres”.
A equipa “é toda ela da mesma geração” é um grupo que está “praticamente todo a chegar aos 50 anos” e “é aquele momento da vida em que parece que a juventude e adolescência, o crescimento, bate à porta e obriga a fazer contas e a ver o que ficou por resolver”.
O espetáculo tem também “uma camada simbólica muito grande, porque Letizia Russo usa muitas simbologias como, por exemplo, um vaso que ficou escondido num armário, com algo dentro que nunca cresceu e depois há toda uma metamorfose que se revela passados mais de 20 anos”.
“Escavar/Scavare”, é uma produção da Ritual de Domingo que se estreia hoje e mantém-se em cena, pelas 21:00, até 28 de setembro, no Círculo de Criação Contemporânea de Viseu – Polo 1 e, em novembro, ruma a Itália, para se apresentar em Latina e Roma.
Em Portugal, apresenta-se ainda, “para já, em outubro no festival Palco para dois ou menos, da Naco Oliveirinha, em Carregal do Sal, e em março no Teatro da Serra de Montemuro”, em Castro Daire, ambos municípios do distrito de Viseu.