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Mais de 200 pessoas já assinaram uma petição que pede “o aumento da frequência de transportes públicos nas aldeias de Paradinha, Santarinho, Vildemoinhos, São Salvador e Póvoa da Medronhosa”, localizadas na freguesia de Repeses e São Salvador, no concelho de Viseu.
O manifesto, que tem estado a ser assinado pelos moradores das várias localidades, pede ainda a “introdução de novas rotas dentro desta freguesia, designadamente, no bairro da Colina Verde e ainda na ligação de São Salvador à aldeia de Paradinha, que atualmente não tem cobertura de transportes públicos”.
Uma reclamação que não é nova, conta um dos habitantes de Paradinha que lembra que “há dois anos fizemos o mesmo, reunimos mais de 600 assinaturas, mas não aconteceu nada”.
Os locais garantem que desde que “os autocarros amarelos vieram as coisas mudaram”, referindo-se ao serviço de Mobilidade Urbana de Viseu (MUV) que entrou em vigor em 2019 e veio substituir o Serviço de Transportes Urbanos de Viseu (STUV).
“Antigamente havia carros com fartura, a toda a hora, talvez de meia em meia hora. E nós já nem pedimos autocarros a toda a hora, mas pelo menos mais alguns. De manhã, por exemplo, há um às 8h35 e só há outro às 12h40. De Viseu para cá, há um às 14h20 e depois só às 17h40”, disse.
O morador, que preferiu não se identificar, confessa que não utiliza este meio de transporte, mas sublinha que em defesa de todos os que usam “este é um problema que tem que ser resolvido”.
“Há pessoas aqui que vão à praça à cidade e como não têm transporte acabam por vir a pé ou a ter que pagar táxi e isso não faz sentido. Ou então, até podem vir num dos autocarros pequenos mas ficam no quartel e têm que vir o resto a pé, ou se for outro ficam na entrada da aldeia e têm que fazer o resto a pé”, lembrou.
Alguns quilómetros mais à frente, na avenida que liga Paradinha e São Salvador o autocarro não passa, nem nunca passou. “Antes diziam que era porque aqui nesta zona não havia pessoas suficientes, mas a população praticamente triplicou e continua a não haver transporte”, contou Sónia Almeida, que mora numa das primeiras casas construídas na Avenida de São Salvador.
Sónia deu o exemplo do filho que estuda na cidade, tem aulas às 8h30 da manhã e se quiser apanhar um autocarro tem que sair de casa às 6h30 e quando chega à cidade ainda tem que percorrer mais algum trajeto e “acaba por chegar quase em cima da hora das aulas”.
“Estamos a 10 minutos da cidade mas não parece. Ele às vezes diz que se pudesse pegava na casa e mudava-a de sítio. Os amigos muitas vezes não vêm ter com ele porque depois não têm como voltar para casa”, argumentou.
A moradora explicou ainda que “na hora de almoço, se ele sair às 13h30 só chega para almoçar quase às 15h00, porque o autocarro é muito depois das 14h00” e reforçou que a zona onde reside tem “crescido” e “vai continuar a crescer”, mas quem lá mora “vai continuar isolado de transportes”.
“Há um casal em que o senhor passa o dia a andar de trás para a frente para levar e ir buscar os netos, mas qualquer dia não vai ter possibilidades de conduzir”, contou.
A mesma opinião tem Maria Sousa, moradora na Póvoa da Medronhosa. “O meu marido trabalha no centro da cidade e tem que andar de táxi, duas vezes por dia. Antes tínhamos um autocarro que chegava às 7h30 da manhã, agora o primeiro chega depois das 8h00. O meu marido tinha um autocarro para ir trabalhar às 7h00 e não era só ele que o usava, eram muitos”, contou.
Maria Sousa lembra que ela e o marido nunca tiveram carta e as filhas sempre estudaram na cidade. “Há uns anos não havia problemas, as minhas filhas sempre andaram de autocarro, tínhamos mais horários, agora não”, explicou.
A moradora diz compreender que “tem custos pôr um autocarro a andar com pouca gente”, mas lembra que “a fazerem isto ainda perdem mais”. “Eu antes tirava passe e já não tiro, para quê? Para andar a pé ou vir de táxi?”, atirou.
Maria Sousa lembra que as aldeias da freguesia são compostas por muita população idosa que, com esta situação, ficam cada vez mais isolados. “Tenho uma vizinha com 90 anos que costuma ir até à cidade e tem sempre que ir de táxi, porque não há autocarros suficientes. O meu pai, com 86, diz muitas vezes que se tivesse mais transporte podia ir sozinho até à cidade, mas assim não pode. E há mais exemplos destes”, assegura.
A moradora, que conta que a alternativa que tem, a maioria das vezes, é fazer o percurso a pé, que demora cerca de meia hora, ou pedir boleia. “Quando já estou muito cansada, ou tenho muitos sacos, peço à minha irmã para me ir buscar e depois pago, porque a vida custa a todos. É pena que não se lembrem que há pessoas que trabalham na cidade e moram nas aldeias, precisam de se deslocar e assim não é fácil”, finalizou.
Já António, morador em Santarinho, disse que “além da falta de mais autocarros, há outro problema: o autocarro que existe para na estrada nacional”. Segundo o popular, “esta é uma situação perigosa porque as pessoas mais velhas ou crianças, que tenham uma mobilidade reduzida ou mais condicionada, podem ser apanhados por carros que passam sempre em alta velocidade”.
Junta de Freguesia diz estar “solidária” com a população
O Jornal do Centro contactou a Junta de Freguesia de Repeses e São Salvador que disse estar “solidária e presente no suporte à população, para ver esta questão considerada e resolvida nos espaços de decisão”.
O executivo explicou que “a questão dos transportes é uma das maiores reclamações” e que foi identificada quando ocorreram “conversas abertas com todas e cada uma das aldeias em novembro e dezembro de 2021” e de onde resultou “este suporte da Junta de Freguesia ao manifesto coletivo”.
“A Junta de Freguesia de Repeses e São Salvador valoriza a proximidade com as pessoas, como forma de conhecer as necessidades reais, do dia-a-dia, de quem habita as nossas aldeias”, acrescentou.
Em resposta, disse ainda que este apoio “reflete a necessidade do aumento da frequência dos transportes públicos em todas as aldeias da freguesia, bem como a introdução de novas rotas, como sendo a Avenida de São Salvador, que liga a aldeia de São Salvador a Paradinha e vice-versa. Não esquecendo a aldeia de Santarinho cuja inexistência de transporte público confere mesmo perigo para as pessoas, uma vez que o autocarro para na Estrada Nacional, onde a velocidade dos automóveis nem sempre é controlada”, sustentou.
O Jornal do Centro sabe ainda que a Junta de Freguesia terá enviado, no início do ano, um ofício à Câmara Municipal de Viseu onde expos a problemática da falta de transportes, mas não obteve resposta. Contactada, a autarquia remeteu esclarecimentos para mais tarde.