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09.05.25
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por
José Junqueiro

Há cerca de um ano, aquando das eleições legislativas, a análise diária da intenção de voto através de “tracking poll” colocava – no último dia – a AD à frente do PS com 35% contra 29%, respetivamente. Na noite eleitoral, ainda que mantendo a preferência, a vantagem reduziu-se para 0,8%. 

António Costa, nas últimas eleições legislativas, foi surpreendido com uma maioria absoluta nunca prevista em nenhum dos estudos de opinião realizados, “tracking poll” incluída. 

Quer isto dizer que tem sido cada vez mais difícil sondar uma decisão final próxima à dos eleitores. Terão existido motivos e dúvidas que assim fizeram acontecer. É factual. Ainda que os resultados conjunturais sejam mais motivadores para quem vai à frente, a verdade é que o imponderável existe.

Não sei, pois, se a insistência no caso Spinumviva é uma vantagem para a oposição ou para Luís Montenegro. A verdade é que numa sociedade tão mediatizada como a nossa a Spinumviva é mais apetecível para os media – que, freneticamente disputam audiências – do que as propostas de governo. Basta recordar os debates já acontecidos e as intervenções de campanha para perceber isso. Nem tudo é suficientemente apelativo para ser notícia. 

A morte do Papa Francisco ou o inesperado apagão, por exemplo, fizeram desaparecer o debate eleitoral da primeira página, mandaram de férias os candidatos presidenciais e autárquicos e a respetiva ressurreição ainda terá de esperar pelas hipóteses de coligação e formação de um novo governo. Não há espaço para duas realidades importantes. Mas deveria existir se os telejornais não se transformassem em novelas.

Dirão alguns que as lideranças políticas são fracas, tal como os eleitos, mas não serão eles o espelho dos respetivos eleitores, pergunto eu? Dirão mesmo que por causa deles é que a extrema direita floresce. Floresce porquê? É o Chega o paradigma das virtudes? Não me parece. Nunca tantos dos seus eleitos, em tão pouco tempo, levaram à vida política autárquica e parlamentar um tão elevado número de escândalos, desde o roubo de malas até à prostituição de menores. Há crime, mas haverá castigo eleitoral? Talvez não, porque tal como nos EUA de Trump, um condenado, um inimigo e agressor da Justiça, um charlatão, um prevaricador fiscal confesso – e orgulhoso disso mesmo – tenha tido tanta gente a apoiá-lo. Percebe-se que agora, 100 dias depois, o índice de rejeição seja o maior dos últimos 70 anos e isso possa ter algum significado porque ainda vivem em democracia. Em democracia o povo pode mudar sempre que o entenda.

Por mais paradoxal que nos pareça, a América, o “Farol da Liberdade, tem uma Administração que, por exemplo, apoia politicamente toda a extrema direita europeia ao mesmo tempo que esta é financiada pela banca russa, bem como apaparica as ditaduras que lhe convêm, nomeadamente a de Putin. Basta recordar os processos em curso na Itália de Salvini ou na França de Marine Le Pen para perceber com atua a finança russa.

Exige-se, pois, responsabilidade, maior escrutínio, perceber que o Estado tem limites e que o interesse coletivo está sempre acima do individual. Só se responde ao desencanto recolocando as pessoas no centro da atividade política subordinando-lhes a prosperidade da economia que só se justifica como oportunidade para todos e não apenas para alguns. Isso não se faz combatendo a riqueza, mas sim a pobreza, promovendo o desapego e não a inveja, cultivando a verdade em detrimento da mentira, valorizando a justa medida e condenando o exagero.

A responsabilidade é o contrário do que fez esta a semana o SPD, a social-democracia alemã, ao violar um acordo de governo celebrado com a CDU e inviabilizar a eleição à primeira volta de Friedrich Merz como novo Chanceler, ainda por cima num país que tem a extrema direita em subida meteórica. (O problema acaba de ser ultrapassado à segunda volta com, segundo o Der Spiegle, “325 votos a favor, 289 contra, uma abstenção e três votos inválidos num total de 618 votos.”). A responsabilidade é os candidatos e eleitos sujeitarem-se com rigor ao escrutínio, ao cumprimento da lei, realizarem o possível e não prometer o imediatismo inatingível. A responsabilidade é os eleitores perceberem que são atores principais e únicos nas escolhas e assumindo que se encontram espelhados naqueles em quem votaram.

Na Alemanha, Espanha de Franco, Portugal de Salazar, Chile de Pinochet, Argentina de Videla, Itália de Mussolini, Venezuela de Maduro, Cuba de Fidel, Brasil de Humberto Castelo Branco, Rússia de Putin, por exemplo, sabemos como tudo começou: exaltação da Pátria e da ordem, proteção do povo, inculcar a ideia de que tudo é corrupção e todos são corruptos, segregação de raças, nacionalismos exacerbados ou a conservação de impérios impossíveis.

E como tudo acabou? Abuso de poder, guerra, corrupção extrema, fim da liberdade de expressão, violência, nepotismo, compadrio, miséria e, entre nós, o Ballet Rose é um paradigma esquecido (“escândalo que rebentou em 1967, no qual diversos homens ligados às mais altas cúpulas do Estado Novo de Salazar participavam em orgias com crianças, entre os 8 e os 12 anos, e em práticas de sado-masoquismo, que levaram à morte de, pelo menos, uma mulher”). 

Só com mais democracia se resolvem os problemas da democracia.

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