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Não é juventude a mais. É democracia a menos

 Não é juventude a mais. É democracia a menos - Jornal do Centro
24.04.25
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 Não é juventude a mais. É democracia a menos - Jornal do Centro

por
Maria Inês Silva

Ser jovem e querer participar na política, tanto em Viseu como no país, é ainda um ato quase revolucionário. Não por falta de vontade ou capacidade, mas porque continuamos a ser sistematicamente silenciados, instrumentalizados ou remetidos para lugares decorativos. Num tempo em que o futuro exige decisões arrojadas, não podemos permitir que a juventude continue a ser a nota de rodapé nos discursos relativos à democracia.

Atravessamos, mais uma vez, um período eleitoral decisivo, com eleições autárquicas e legislativas à porta. A participação jovem é, como muitos proclamam, fundamental. Mas será, na prática, efetiva? Ou continuamos a ser apenas a estatística que convém citar?

Em Viseu, cerca de 13% da população é jovem. No entanto, a presença efetiva da juventude nos órgãos autárquicos continua a ser residual. Apesar da ausência de dados oficiais amplamente divulgados sobre a idade dos eleitos, a realidade observável aponta para uma clara sub-representação. Este desfasamento não é apenas simbólico, é estrutural. E é politicamente insustentável.

A matemática, ciência exata, desmonta a retórica gasta de que os jovens “são o futuro”. Se somos o futuro, por que razão somos tão ausentes no presente? Porque é que continua a ser necessário forçar a integração de jovens nas listas, como se fosse um favor, e não uma exigência democrática?

Há uma resistência clara à irreverência da juventude. Quando um jovem questiona, insiste, exige respostas, rotulam-no de insolente ou desrespeitador. Quando propõe uma nova abordagem acusam-no de inexperiência. Mas será a política um clube de veteranos ou um espaço plural de construção coletiva?

Importava, com urgência, conhecer os dados estatísticos da representatividade jovem nos diversos órgãos municipais. Importava também analisar a recetividade dos grupos políticos às propostas provenientes da juventude. Porquê ignorar ou desvalorizar uma ideia apenas pela idade de quem a apresenta? Quem são os rostos que ocupam as posições de destaque nas listas autárquicas e legislativas?

Quantos têm menos de 30 anos? Quantos foram escolhidos por mérito e dedicação, e não apenas para preencher quotas estéticas?

Recentemente li: “Ser jovem em Portugal é um exercício de resistência”. E não poderia estar mais de acordo. Resistimos à indiferença, à condescendência e à invisibilidade. Mas queremos mais do que resistir, queremos existir politicamente.

É tempo dos partidos, a nível local e nacional, responderem à crise da participação juvenil com medidas concretas. Que tal refletir sobre a inclusão de quotas jovens obrigatórias nas listas eleitorais? Reforçar os orçamentos participativos especificamente dedicados à juventude? E garantir que os conselhos municipais de juventude, embora já existentes, passem a dispor de um verdadeiro poder consultivo e de uma maior capacidade de intervenção junto dos órgãos executivos?

Com humildade e coragem, é preciso enfrentar a barreira intergeracional. Basta de empatia fingida e de promessas vãs. Queremos lugares de decisão. Queremos espaço real de intervenção. E, sobretudo, queremos que deixem de estender artificialmente a idade jovem até aos 35 anos só para salvar estatísticas partidárias.

Não somos o futuro distante, somos o presente com determinação e visão. Não somos o adereço, somos presença ativa e transformadora. Não somos um símbolo decorativo, somos agentes de mudança. Cabe-nos a nós, também, garantir que a democracia se renova, se aprofunda e se cumpre. E não vamos ficar à margem. Vamos ocupar, construir e transformar o lugar que é nosso por direito.

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