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A Música não é só entretenimento – é transformação social

 A Música não é só entretenimento – é transformação social - Jornal do Centro
23.05.25
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 A Música não é só entretenimento – é transformação social - Jornal do Centro

por
Paulo Lima

Desde 1994, dedico a minha vida à música. Comecei com um pequeno estúdio, um gravador de bobines e a vontade de transformar emoções em som. Hoje, olho para trás e vejo mais de três décadas de trabalho intenso, apaixonado e, acima de tudo, profundamente comprometido com a música como arte, linguagem universal e agente de transformação.

Ao longo deste percurso, tive o privilégio de produzir e compor para artistas que marcaram diferentes gerações, e de colaborar com plataformas de reconhecimento mundial, onde a exigência técnica e artística é máxima. Vários temas da minha autoria foram posteriormente adquiridos por companhias internacionais, através de propostas contratuais que reconhecem não apenas o valor comercial, mas sobretudo o potencial artístico e emocional das obras. Essa validação externa é motivo de orgulho, mas também uma evidência clara de que o talento português tem lugar no mundo, quando é cultivado com visão, autenticidade e compromisso.

Apesar desse percurso, a reflexão que partilho aqui nasce da inquietação de quem vive a música por dentro.

Vivemos tempos onde o imediatismo reina, e onde o reconhecimento rápido – por via de visualizações, algoritmos e likes – se sobrepõe frequentemente à essência artística. A cultura do “viral” apagou o brilho do “verdadeiro”. E com isso, a música está a perder o seu papel como ferramenta de consciência social, de educação emocional e de identidade cultural.

Lembro-me de canções que foram capazes de mudar mentalidades, unir comunidades, dar voz a causas e minorias. A música tem essa força rara de atingir o coração onde o discurso racional não chega, de emocionar sem pedir licença. Por isso, acredito que chegou o momento de a tratarmos com o respeito que merece – não como mero produto de consumo, mas como património imaterial e coletivo. A música é – e deve ser – também responsabilidade ética.

Paralelamente ao trabalho de composição e produção, tenho-me dedicado à formação de novos músicos e técnicos, através de projetos ligados ao ensino e às tecnologias da música. Tenho constatado que muitos jovens desejam “ser famosos”, mas poucos compreendem o que é construir uma carreira sólida, enraizada em valores, perseverança, ética e visão criativa. Falta orientação, reconhecimento e apoio a quem quer fazer da música uma vida, e não apenas um momento.

Acredito, com convicção profunda, que uma sociedade que valoriza a música é uma sociedade mais humana, mais crítica e mais sensível. Precisamos de recuperar esse espírito. Os organismos culturais, os media, as escolas e o Estado têm todos um papel a desempenhar. Não basta criar playlists: é urgente criar pensamento, criar espaço, criar respeito.

Portugal tem artistas extraordinários, mas muitos continuam invisíveis no seu próprio território. Tem públicos exigentes, histórias vibrantes e uma tradição sonora riquíssima. Falta apenas ouvir mais fundo.

Porque quando se dá à música o lugar que merece, o país também se ouve melhor. O que fica, no fim, não é o “trending” – é a verdade com que se canta. O que transforma não é o algoritmo – é a emoção. E é por isso que, tantos anos depois, continuo a acreditar no poder da música como bem essencial ao presente e ao futuro da nossa sociedade.

 A Música não é só entretenimento – é transformação social - Jornal do Centro

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