De Castro Daire para a Suíça

A vida de Soraia Pereira mudou há sete anos quando deixou Portugal e partiu para a Suíça, ao encontro do então namorado e hoje seu marido.

Natural de São Joaninho, no concelho Castro Daire, esta emigrante encontra-se em Visp, no cantão de Valais, localidade onde o companheiro se encontrava e grande parte da família dele.

No nosso país Soraia era assistente dentária. Em terras helvéticas trabalha no ramo das limpezas em casas privadas.

“Experimentei trabalhar na restauração, como ajudante de cozinha, mas prefiro as limpezas. Não me envergonho [do que faço]”, afirma.

A mudança para a Suíça foi pacífica, ainda que no início se tenha sentido discriminada por ser estrangeira. O frio foi o principal problema que enfrentou.

“Aqui fecha tudo cedo, ao domingo está praticamente tudo fechado, o frio, tens que vir preparada psicologicamente para o frio”, conta.

Soraia queixa-se ainda da comunidade portuguesa. Garante que não há nada pior do que trabalhar com portugueses ou ter um chefe da própria nacionalidade.

“Não são todos iguais como é lógico, mas só não te tratam mais mal porque não podem. Por eles fazíamos horas extras que não te pagavam. Acho que os suíços são mais compreensivos, pelo menos aparentam. Os portugueses são um pouco invejosos uns com os outros. Tu não podes ter nada melhor que eu, que eu vou logo comprar algo melhor, é só um exemplo”, aponta.

O que mais aprecia é a neve. Pela negativa, critica os serviços consulares que, diz, é como se não existissem. Queixa-se ainda do excesso de burocracia em relação aos emigrantes.
Soraia visita Portugal pelo menos uma vez por ano. Escolhe sempre o verão para o fazer. Vem matar saudades da família, mas também dos cafés e da praia.

O regresso ao nosso país não está ainda em cima da mesa e nem a pandemia a fez querer voltar de vez.

“Para já não, é aqui que tenho o meu trabalho, as minhas filhas andam na escola, tens segurança na rua, é diferente”, refere.