Cartão do adepto chumbado no Parlamento

Foi chumbada esta tarde de quarta-feira (10 de novembro) no Parlamento o cartão do adepto que tanto mereceu a contestação de clubes e dos amantes do futebol, cerca de três meses após a implementação efetiva.

A proposta para terminar com o cartão do Iniciativa Liberal foi aprovada na Assembleia da República. PSD e PS abstiveram-se, enquanto oito deputados da bancada socialista votaram a favor bem como os restantes partidos.

Desde o início, O Académico de Viseu foi dos primeiros clubes a contestar a iniciativa considerando que “o único cartão é o do sócio”.

Já a claque do CD Tondela, a Febre Amarela, tinha classificado o cartão do adepto como “um atentado à nossa liberdade, aos nossos direitos e à nossa mentalidade” e urgido para que o futebol seja devolvido aos adeptos.

Nas redes sociais, o Iniciativa Liberal congratulou-se com o fim daquilo que o partido considerava ser “uma aberração jurídica que discriminava entre pessoas e estigmatizava grupos de cidadãos”.

Por seu turno, as propostas de lei lançadas pelo Partido Comunista Português e pelo Chega, que visavam a mesma revogação do cartão do adepto, foram rejeitadas.

O cartão do adepto foi, efetivamente, implementado nesta temporada, depois de a interdição de público nos recintos desportivos, devido à pandemia de covid-19, ter adiado a aplicação da portaria, publicada em 26 de junho de 2020.

Este documento, que tem custo de 20 euros e validade de três anos, visa identificar os adeptos que pretendam ocupar as zonas dos estádios habitualmente ocupadas pelas claques dos clubes.

Para a sua obtenção são requeridos nome completo, morada, documento de identificação, número do documento de identificação, data de nascimento, número de identificação fiscal, endereço de correio eletrónico, número de telefone e promotores de espetáculos desportivos que apoia.

O cartão do adepto tinha como objetivo promover a segurança e o combate ao racismo, à xenofobia e à intolerância nos espetáculos desportivos com zonas especificas para facilitar o controlo dos adeptos. Só nestas zonas, se poderiam usar megafones, tambores, bandeiras, faixas ou tarjas.

De acordo com o portal dedicado ao documento, foram emitidos até hoje 2.949 cartões do adepto e registados 111 promotores de eventos.