“A interioridade é um obstáculo forte”, confessa treinador do ABC de Nelas

O orçamento foi o fator-chave para a descida do ABC de Nelas. É Jorge Coelho, treinador da equipa, quem o admite. O técnico assume que o clube, no início da temporada, julgou que o investimento seria suficiente para cumprir o objetivo da manutenção, mas que tal não veio a confirmar-se.

“Não poderíamos, de maneira nenhuma, ultrapassar o nosso orçamento. As outras equipas tinham orçamento superior ao nosso e sabíamos as dificuldades que íamos encontrar”, reconhece Jorge Coelho.

O técnico explica que, atrás do orçamento se esconde um plantel com menos opções e que, com o andar do campeonato, isso foi-se notando. “Depois também tivemos lesões, castigos. O plantel não era muito longo e, tudo conjugado, levou a que a equipa entrasse numa maré de derrotas e não é fácil trabalhar sobre derrotas”, lembra.

Jorge Coelho afirma concordar com Rui Almeida quando “Descidas do Viseu 2001 e do ABC de Nelas é motivo de reflexão”, defende Rui Almeida que “está a ser difícil construir plantéis com jogadores só formados no distrito e está provado que é difícil a manutenção só assim”. O treinador dos viseenses assumiu igualmente que “trazer jogadores de fora está cada vez mais difícil”.

O técnico da equipa nelense entende que “a interioridade é um obstáculo forte, mas tudo depende do orçamento que os clubes têm”. “Houve jogadores que queríamos ter ido buscar, mas que, obviamente, não conseguimos. Os valores pedidos ultrapassavam – e muito, os valores que podíamos pagar. Somos um clube cumpridor e não queríamos sobressaltos”, revela.

Jorge Coelho vinca que os “jogadores estão a pedir quantias um pouco puxadas, sobretudo quando têm de fazer viagens para treinar e jogar” e que, tal situação, acarreta custos.

Ao olhar já para a próxima época, o treinador do ABC de Nelas avança que vai haver mudança no comando técnico da equipa. “Já estamos a trabalhar na próxima época, com uma nova equipa técnica e jogadores mais ou menos delineados. Vamos agir de forma organizada, dentro dos nossos orçamentos. Vamos trabalhar para tentar subir, mas sempre com os pés muito bem assentes no chão”, explica.

Jorge Coelho esclarece que na próxima época “o orçamento vai diminuir um bocadinho”. “Temos de saber lidar com a realidade porque queremos deixar tudo em dia. Não diferirá muito deste ano, mas será adaptado à realidade da Terceira Divisão”, justifica.