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Será a violência no futebol o reflexo da sociedade?

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 Será a violência no futebol o reflexo da sociedade? - Jornal do Centro
10.08.24
fotografia: Jornal do Centro
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 Será a violência no futebol o reflexo da sociedade? - Jornal do Centro
10.08.24
Fotografia: Jornal do Centro
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 Será a violência no futebol o reflexo da sociedade? - Jornal do Centro

Joana Barros, membro da Autoridade para a Prevenção e Combate à Violência no Desporto (APCVD), destaca que a violência no futebol não pode ser analisada de forma linear ou apenas quantitativa. “De 2010 a 2018 estavam cerca de 32 pessoas interditas de ir a espetáculos desportivos, e desde que a autoridade foi criada [2019] já foram decretadas 1700 medidas de interdição, cerca de 1300 estão agora em vigor”, explicou, acrescentando que este aumento substancial não indica necessariamente mais violência, mas sim um maior reporte e consciencialização do fenómeno.

Após a pandemia de COVID-19, registou-se uma tendência crescente de violência na Europa que também se refletiu em Portugal. A criação do Relatório de Análise da Violência em Contexto Desportivo (RAVID) visa proporcionar uma base de comparação ao longo dos anos, e permite uma análise mais coerente do fenómeno. “Há mais reporte das forças de segurança e um trabalho mais assertivo a ser feito”, afirmou Joana Barros.

Já Vítor Santos, embaixador da Ética no Desporto, reforça que as forças de segurança estão mais sensibilizadas para o problema, atuam de forma mais eficaz. Vítor Santos relata que este ano já realizou “24 ou 25 ações em clubes de futebol para pais”, onde mostra “muitos dados da APCVD”.

“É uma forma de eles perceberem que começa a haver punição. A impunidade está a acabar. Quando nós vemos um pai de uma criança a ser proibido de ir ao estádio e acompanhar o filho no seu crescimento, tentamos passar para os outros pais que pode acontecer com eles”, explicou.

A nível nacional, o uso de material pirotécnico representa o maior número de ocorrências, seguidas de injúrias, ameaças e ofensas à integridade física. Já em Viseu, segundo a APCVD, as ocorrências que mais se registam são “a falta do dever de correção, moderação e respeito”.

Racismo e xenofobia
Os casos de racismo e xenofobia também são preocupantes. Antes de 2019, foram registadas 21 situações de racismo e xenofobia em espetáculos desportivos. Desde a criação da APCVD, há cinco anos, foram feitas 110 denúncias enquadradas nesta temática.

“Tratamos os casos de racismo e xenofobia da mesma forma que tratamos os outros casos”, explica Joana Barros, enquanto sublinha a importância do apoio das forças de segurança para a identificação rápida dos suspeitos.

O embaixador da Ética no Desporto diz que o insulto sem motivo aparente é muito comum.”Cada vez temos uma sociedade muito mais multicultural, e o que eu assisto muito é o insulto gratuito. O racismo e a xenofobia são os mais utilizados. ‘Macaco’, ‘preto’ ou ‘volta para a tua terra’ é aquilo que mais se ouve, infelizmente, nos campos de futebol”, explicou.

No distrito de Viseu, em março de 2023, durante um jogo de futebol de formação, uma criança de 12 anos foi alvo de insultos racistas por um homem de 54 anos que estava na bancada. O jovem jogador foi chamado de “preto de m**” pelo homem que era pai de um atleta adversário. O adepto acabou por ser identificado pela GNR e, numa medida cautelar, está impedido de entrar em recintos desportivos durante 2 anos. Para além disso, em caso de incumprimento da medida de interdição decretada, o adepto incorre no crime de desobediência e poderá ser detido pelas autoridades policiais. Este é um caso entre vários a que já se assistiu no distrito.

Discriminação de género
A discriminação de género é outro dos problemas que persiste, especialmente na arbitragem, destaca Vítor Santos, que já integrou o Conselho de Arbitragem da Associação de Futebol de Viseu.

Já Joana Barros, da APCVD, frisou que “é muito difícil mudar comportamentos que hoje em dia não são considerados positivos, mas é transversal à sociedade toda. Seja a violência, seja a discriminação baseada no género. Seja o que for, acho que se não houver essa luta as coisas não vão ser mudadas”, sublinha.

Além da discriminação de género, a arbitragem é “um alvo fácil” para críticas, discursos de ódio e ameaças.

Em Viseu, no ano passado, um militar da GNR que se encontrava fora de serviço foi identificado pelos colegas após proferir insultos a um árbitro assistente. O caso aconteceu num jogo de futebol onde o adepto apresentou um comportamento irregular e insultou o árbitro frequentemente durante a partida. Esta agressão verbal levou à interrupção do jogo e à identificação do indivíduo pelos elementos da PSP que se encontravam em serviço. Internamente, também foi elaborado um processo disciplinar contra o militar da GNR.

Fatores que perpetuam os discursos de ódio
Quanto ao que estará a perpetuar estes discursos de ódio, Vítor Santos acredita que “há sempre uma perceção de injustiça. É sempre uma questão de vitimização. Depois há uma perceção de incompetência. É sempre aquele chavão de “quem pôs um apito na boca do árbitro é pior do que ele” ou “o treinador tirou o curso na farinha”. Ou seja, “toda a gente é incompetente – isto para quem está na bancada”, refere.

O também membro da direção da Associação de Futebol de Viseu acrescentou que “há muita falta de respeito, mesmo dentro do próprio clube, entre os adeptos do próprio clube”. “Acho que aquela situação de que íamos sair melhores pessoas no pós covid não se aplica. O mais grave de tudo que eu tenho que registar é o caso dos jovens, eles provocam dor no adversário e não têm a mínima preocupação. Provocam a dor e são insensíveis a isso”, lamenta.

Vítor Santos acredita que a agressividade resulta da “falta de formação e cultura desportiva que temos”. “Claro que a sociedade também ajuda, porque o futebol é uma atividade que está inserida na sociedade e por isso também é reflexo dela mesmo”, afirmou.

Punições e medidas de interdição
As sanções impostas pela APCVD podem ir de 1.750 a 50.000 euros, acompanhadas de uma sanção acessória de proibição de acesso a recintos desportivos. Vítor Santos acredita que aumentar as coimas seria mais eficaz do que proibir jogadores ou treinadores de participar nos jogos. “Se as coimas forem elevadas, eles vão mudar muito. Acho que é preciso ir muito mais ao bolso. Estamos a cometer uma infração e temos que ser penalizados por ela. Claro que, quando há uma repetição, a pessoa tem que sair fora do espaço desportivo”, argumentou.

Já a APCVD trabalha a perspetiva do adepto e acredita que a interdição de acesso a espetáculos desportivos produza mais efeito. “Nós achamos que a medida de interdição é muito mais abrangente do que possa parecer ao início. Os adeptos fervorosos que têm estes comportamentos gostam de estar num estádio de futebol. Em primeiro lugar, não querem ser tirados de lá, eles querem lá estar. À partida, já é uma coisa que não vai ser muito agradável, e depois estes montantes também já são elevados”, explicou. Joana Barros acrescenta que normalmente se trata de “jovens na casa dos 20 anos que se calhar não têm grandes possibilidades de atingir estes montantes”. Por outro lado, acrescenta, “um adepto que esteja interdito de estar num espetáculo desportivo mas, ainda assim, acaba por ir na mesma vai tentar moderar o seu comportamento para não ser detetado, conseguir ver o espetáculo desportivo e sair sem que ninguém dê conta. Acaba por haver aqui uma moderação do comportamento destes adeptos”, frisou.

Controlo de acesso a recintos desportivos
O Ponto Nacional de Informações sobre Desporto (PNID) é a entidade responsável pelo controlo de entrada dos adeptos interditos. Joana Barros relata que só esta época desportiva já ocorreram 10 detenções, a nível nacional, de adeptos que tentaram entrar estando impedidos de o fazer. “Há aqui um grande trabalho da polícia nesse sentido. Um adepto interdito que é apanhado pode ir preso, é crime. E às vezes as pessoas também não têm esta noção”, alertou.

Segundo o PNID, atualmente estão cerca de 450 pessoas proibidas de aceder a recintos desportivos, “sendo que a maioria das interdições foram aplicadas pela APCVD e as restantes por tribunais judiciais”.

Onde começam estes comportamentos
A mudança de comportamentos tem que começar desde cedo, admite Vítor Santos. A mudança, refere, tem de começar em toda a gente envolvida na atividade desportiva, quer seja um dirigente, treinador, árbitro, pais e crianças. “Temos que começar mesmo por aí, pelas crianças”, explicou. O embaixador acrescentou ainda que os mais novos são rapidamente envolvidos num ambiente muito competitivo.

Vítor Santos acrescentou que se verifica, principalmente em jogos de formação, que “são os próprios pais a pôr os filhos num ambiente tóxico de violência verbal, no mínimo, quando chega à violência física”, daí a urgência de “começar pela base”. “Quando chegamos a um escalão etário mais elevado, os vícios já vêm muito enraizados e torna-se mais difícil”. O embaixador da Ética no Desporto terminou a lembrar que “um insulto é crime. Ninguém pode insultar ninguém”.

A violência no desporto em Portugal é um problema que persiste e exige a colaboração de todas as partes envolvidas, desde autoridades até aos pais dos jovens atletas. A APCVD e especialistas da ética no desporto, como Vítor Santos, trabalham para a criação de um ambiente desportivo mais seguro e justo, mas reconhecem que ainda há um longo caminho a percorrer.

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