fernando salgueiro caramulo racing team
concurso vinhos de portugal galas
cerimónia reconhecimento educativo viseu
arrendar casa
janela casa edifício fundo ambiental
Estate agent with potential buyers in front of residential house

Em tempos passados, não era o branco que marcava os casamentos, era…

05.05.25

A taróloga Micaela Souto Moura traz as previsões do Tarot, na semana…

05.05.25

Neste Dia da Mãe, o Jornal do Centro entrou em ação com…

04.05.25
rio criz tondela poluição
Tondela_CM_Manuel_Veiga 2
clemente alves candidato cdu lamego
Chefs Inês Beja e Diogo Rocha na ativação Academia dos Segredos Gastronómicos de Viseu Dão Lafões web
cm-penedono-turismo-patrimonio-arqueologico-Dolmen-da-Capela-de-Nossa-Senhora-do-Monte--Penela-da-Beira-
tintol e traçadinho
Home » Notícias » Colunistas » Aprender

Aprender

 Aprender - Jornal do Centro
14.03.25
partilhar
 Aprender - Jornal do Centro

por
Jorge Marques

Na última sexta-feira passou por Viseu Nuno Crato, um antigo Ministro da Educação e ilustre académico. Veio apresentar na Escola Alves Martins o seu livro “Aprender”, uma obra publicada pela Fundação Francisco Manuel dos Santos. É um olhar para a educação baseado na evidência da investigação, experiência e realidade. Trata temas como a avaliação…E como se pode melhorar sem avaliar? Fala da importância do conhecimento, aprendizagem significativa, competências, necessidade de conhecimento para procurar outro conhecimento. Relevo o final do livro onde ele diz: A dificuldade está na tremenda resistência ideológica e corporativa que bloqueia persistentemente o progresso. São os cidadãos, pais, professores dedicados, todos nós, que podemos e devemos falar alto e exigir uma educação melhor para os nossos jovens. Todos deveríamos ler este livro, digo eu! 

A maior competência que hoje se pode trazer da escola é o aprender a aprender e isso porque vamos ter necessidade de aprender toda a vida! São muitos os componentes desse aprender e que vão desde o adquirir conhecimento, aprender pelas vivências, experiência e raciocínio como ato de pensar. 

Faz algum tempo entrevistei um dos nossos cientistas com obra feita na prática, na academia e com reconhecimento mundial. Dizia-me que os alunos brilhantes se estavam a estragar nas escolas e universidades. Que deviam ir fazer coisas, a tal busca de vivências. Ás vezes parece até que o aprender está no cume das dificuldades! Na verdade, nós aprendemos pelo cérebro e na perspetiva da neurociência as coisas são diferentes. Aí não aprendemos para a escola, mas para a vida e na vida aprendemos para a escola. Quer dizer que precisamos saber alguma coisa do que se passa no cérebro nesta matéria, conhecer as bases neurobiológicas da aprendizagem.

Mas o que pode influenciar a aprendizagem? Basicamente três coisas: Atenção, Emoções, Motivação! Quanto á atenção ainda discutimos hoje se os alunos podem levar os telemóveis para a sala de aula. O problema é que quanto mais atenção, melhor são retidos os conteúdos; as emoções têm a ver com o ambiente de liberdade que se cria e onde se provoquem inovação e criatividade tão em falta neste país. Precisamos inverter os maus exemplos da sociedade através do ensino de emoções e críticas positivas; na motivação, sabemos do que estamos a falar? O professor sabe? Estará ele motivado? Sobre as tecnologias de informação? Será que é eficaz transferir para as tecnologias a arte de ensinar? E podemos chamar a isso rede quando não passa de um supermercado onde há quase tudo para nos servirmos e até teses de doutoramento? 

Há uma experiência que vale a pena citar e para se ver o aprender por um outro ângulo. Não faz muito tempo, as empresas descobriram que a formação que produziam ou contratavam no seu interior tinha efeitos limitados. Melhorava um pouco quando se utilizavam as academias, mais porque aí se cruzavam experiências, casos diferentes, boas e más práticas. Foi aí que comecei a organizar outro tipo de conferências e a ouvir, não as estrelas da nossa arte (Gestão de Recursos Humanos), mas gente de outras artes como maestros, músicos, desportistas, militares, chefs de culinária. Uma das intervenções mais interessantes foi com o Chef Avilez, estava na moda e com imenso sucesso. Começou assim: Reparem que quando queremos uma boa refeição, precisamos muito mais que ir ao supermercado. Precisamos preparar e combinar os ingredientes e ter uma certa mãozinha para a arte. No final e com todos os detalhes, percebemos que os verdadeiros Chefs tratavam muito melhor os elementos gastronómicos do que nós o elemento intelectual e humano. Que as refeições, tal como as pessoas, precisam de uma boa história e não só da informação de supermercado.

Repetimos a experiência em Madrid com um dos melhores Chefs do Mundo, Ferran Adriá (El Buli). Esse trazia um recado, estudou bem para quem estava a falar. Deu-nos uma lição de como se compram os ingredientes para uma refeição, para nós era recrutar pessoas; como se combinam os ingredientes, era a nossa formação das equipas; como se misturam sabores diferentes, era a nossa gestão da diversidade. No final deixou um recado: Numa sociedade onde nos afirmamos e somos aplaudidos pela especulação, pelo ganhar dinheiro, pelos sinais exteriores de riqueza, de que é que estamos á espera? 

Há esse risco nos jovens, que uma profissão digna seja onde se ganha mais dinheiro, não importa como! Não se peça ao cérebro para não aprender sobre os valores da sociedade; não se peça que aprendam o que é a verdadeira democracia e depois assistam ao seu contrário na Casa da Democracia; não se peça para não aprender a violência da TV e dos Jogos e a mentira em vez da verdade; não se peça para não aprender, o cérebro não sabe não aprender, faz isso 24 horas/dia e 365 dias/ano. Aprendemos até a dormir! De todas as atividades humanas, aprender é aquela para a qual estamos mais otimizados. Mas aprender novidades com significado, histórias, factos relacionados e que façam sentido!

Talvez, como se dizia atrás, os alunos tenham que ir fazer coisas fora da escola, ver outras realidades, outras vivências? E o contrário também é verdadeiro, trazer outras vivências, outras experiências de vida para a sala de aula? A avaliação da realidade é um banho de aprendizagens! 

 Aprender - Jornal do Centro

Jornal do Centro

pub
 Aprender - Jornal do Centro

Colunistas

Procurar