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Cemitérios muçulmanos, templos discretos, centros paroquiais e igrejas evangélicas: a fé é a primeira linha de apoio para quem chega sem nada

Em Viseu há um dos três únicos cemitérios muçulmanos do país, templos hindus que vivem da partilha, igrejas evangélicas em ruas de diversão noturna e uma paróquia que faz da ajuda um ato cultural. Entre a fé e os apoios sociais, como as comunidades Religiosas se organizam em Viseu

Laura Isabel B. Nunes
 Cemitérios muçulmanos, templos discretos, centros paroquiais e igrejas evangélicas: a fé é a primeira linha de apoio para quem chega sem nada - Jornal do Centro
21.06.25
fotografia: Jornal do Centro
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 Cemitérios muçulmanos, templos discretos, centros paroquiais e igrejas evangélicas: a fé é a primeira linha de apoio para quem chega sem nada - Jornal do Centro
21.06.25
Fotografia: Jornal do Centro
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 Cemitérios muçulmanos, templos discretos, centros paroquiais e igrejas evangélicas: a fé é a primeira linha de apoio para quem chega sem nada - Jornal do Centro

Em Viseu há um dos três únicos cemitérios muçulmanos do país, templos hindus que vivem da partilha, igrejas evangélicas em ruas de diversão noturna e uma paróquia que faz da ajuda um ato cultural. Numa cidade onde a diversidade religiosa espelha a realidade nacional, a fé é a primeira linha de apoio para quem chega sem nada e a esperança para quem precisa recomeçar.

Portugal é laico diz a Constituição. E ainda assim, é impossível negar que a alma deste país pulsa ao ritmo das igrejas e das procissões. Os dados dos Censos de 2021 contam que em Portugal, dos quase 8,8 milhões de residentes com 15 ou mais anos, cerca de 7 milhões identificam-se como católicos, aproximadamente 187 mil como evangélicos, quase 20 mil como hindus e cerca de 36 mil como muçulmanos.

No concelho de Viseu dos 83 526 residentes com 15 ou mais anos, quase 73 mil dizem-se católicos.
Mas entre essas vozes há outras que também se fazem ouvir. Cerca de 1 400 pessoas identificam-se como evangélicas, enquanto que as comunidades hindus e muçulmanas, embora em menor número, estão presentes, com algumas dezenas de fiéis.
Estes locais passam, muitas vezes, despercebidos a quem vive na cidade. Estão escondidos em centros comerciais semi-vazios, garagens ou ruas de diversão noturna. E, no entanto, é ali que muitos encontram a primeira ajuda para recomeçar.

O Jornal do Centro foi ouvir estas vozes para perceber como a religião pode servir como uma muleta de apoio e integração.

 Cemitérios muçulmanos, templos discretos, centros paroquiais e igrejas evangélicas: a fé é a primeira linha de apoio para quem chega sem nada - Jornal do Centro

O apoio que já se espera: a Igreja como instituição

Na Igreja Paróquial de São José em Viseu, a fé não se esgota nos cânticos ou nas velas acesas. O Padre José Morujão explica que “a Igreja preocupou-se sempre com as pessoas mais frágeis, seja na parte económica ou na saúde.”

O Centro Social Paroquial de São José, o Banco Alimentar e a Conferência de São Vicente de Paulo são estruturas que se erguem para apoiar quem chega com pouco e sai com esperança renovada. “Temos um grupo de pessoas dedicadas a ajudar quem mais precisa. O apoio é sobretudo material, mas também apoiamos no pagamento da renda, ajudamos a resolver problemas, e até facilitamos o acesso a serviços do Estado e outras instituições”, partilha o padre.
E no entanto, o trabalho nunca termina. Para o padre José, “há mais gente a pedir ajuda, mesmo que haja menos pobreza, porque os meios oficiais existem. Ainda assim, há sempre quem bata à porta.”
O pároco sabe que a pobreza não tem fim, mas também sabe que a fé nasce da partilha. “É natural que as instituições religiosas estejam abertas a estas necessidades, porque a caridade e a solidariedade são parte essencial da fé. Claro que isto não resolve todos os problemas, porque como Jesus dizia, pobres sempre haverá”.

Se na Igreja Católica o apoio é quase esperado, noutros espaços a fé sobrevive longe do altar escondida entre lojas vazias e corredores esquecidos.

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Mesquita de Viseu: Fé num centro comercial quase sem lojas

No terceiro andar do Centro Comercial Académico, no coração da cidade, a mesquita de Viseu é um segredo quase invisível entre as poucas lojas do espaço.

Poucos saberão que ali se reza e que ali também se dorme, quando não há outro lugar. 

O imã Erfan Abazid, que trocou a Síria por Portugal há mais de 20 anos, conta que a mesquita fundada há duas décadas é frequentada por “portugueses, mas a maioria vem de África principalmente marroquinos, argelinos, egípcios.”

Mais do que um local de oração, a mesquita assegura apoio concreto a quem chega ao país sem saber onde dormir ou como começar. “Quando chega alguém, ajudamos a tratar de documentos, arranjar um lugar para ficar, encontrar trabalho, e explicamos como funciona a vida em Portugal.”

E quando não há quartos ou camas, há sempre um espaço para descansar a cabeça. “Se chega alguém à tarde e não há quartos disponíveis, pode ficar aqui a dormir até conseguirmos arranjar uma solução. Antigamente tínhamos quartos, mas agora já não.”

O apoio da mesquita estende-se até aos que partem. “Em 2017, com o apoio da Câmara Municipal de Viseu, inaugurámos o segundo cemitério muçulmano em Portugal.” conta Erfan, com um misto de orgulho e gratidão.

Para o fundador da mesquita, este é um gesto que transcende o momento: uma garantia de dignidade mesmo no fim do caminho. “Foi um momento importante. Pedimos o apoio e a Câmara ajudou. O primeiro cemitério foi em Lisboa, e o nosso foi o segundo. O Porto, que tem uma comunidade maior e várias mesquitas, e mesmo assim, só abriu o cemitério em 2024, quase dez anos depois.”

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Templo Bhakti Marga: Um templo discreto com gestos que contam

Mais a sul da mesquita, existe o templo Radha Ras Bihari, do movimento Bhakti Marga, ondeespiritualidade assume a forma de partilha. A coordenadora Fátima Santos descreve o crescimento lento e paciente do espaço. “O templo nasceu em 2010 e tem crescido desde então. Aos poucos foram chegando mais divindades para o altar. O templo como o conhece hoje tem já dez anos.”

Ali, a fé não se fica pelos rituais. “Já fizemos várias ações, como doação de donativos e comida, e até limpezas das matas, queremos que as pessoas conheçam e se inspirem na nossa devoção.”
É um lugar onde cabem muitos sotaques e cores. “Aqui entram pessoas de várias nacionalidades,indianos, brasileiros, ucranianos. Sempre foi um espaço aberto a todos.”
Mas, nos últimos anos, a realidade bate à porta com urgência. “Hoje vemos muitos que não têm onde dormir ou comer, algo que antes não era tão comum,” lamenta Fátima.
E, ainda assim, ela acredita que a comunidade é mais forte quando se apoia mutuamente. “Ajudamo-nos e inspiramo-nos mutuamente. É isso que nos faz crescer como comunidade e como pessoas.”
No templo, como resume o lema da Bhakti Marga, há uma certeza: “Paciência, amor e união.”

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Igreja Evangélica Redentora de Cristo: Luz na rua de diversão noturna

Na rua dos bares noturnos, ergue-se a Igreja Evangélica Redentora de Cristo. Foi ali que a reportagem foi recebida para um pequeno-almoço, seguido do estudo da Bíblia. Durante esse momento, foi possível ver uma família que não pertencia à igreja a ir buscar mantimentos e roupas.

O pastor Rogério da Almeida, ministro de culto da igreja, explica que a ajuda não conhece fronteiras religiosas. “Nós recolhemos roupas e alimentos doados pelos irmãos da igreja e distribuímos a quem precisa.”

Muitos chegam apenas com uma mala e coragem para recomeçar. “Muitas pessoas chegam do Brasil, Guiné-Bissau, Angola, só com uma mala de roupa. Aqui damos algum subsídio para ajudar.”
Mas a ajuda não fica no que se vê. “Temos também grupos internos, como no WhatsApp, onde partilhamos informações sobre documentos, trabalho e habitação. É uma rede de apoio.”
O pastor fala da comunidade como quem fala de uma família que se escolhe. “Quando saímos do nosso país, não temos família nem apoio. A fé é essa família que substituímos.”

A localização da igreja também não é indiferente. “Esta rua é conhecida pelos prostíbulos e bares noturnos. Existem uns dois casos ativos em que as pessoas deixaram o estabelecimento onde trabalhavam, os prostíbulos, e encontraram família e hoje vivem com as suas famílias numa vida diferente do que tinham no passado.”

Religião como uma linha de integração

As igrejas, mesquitas, templos e outros espaços de culto acabam por ser refúgios que acolhem e promovem um compromisso diário com as pessoas. Num contexto em que muitas vezes os corredores administrativos perdem-se em falhas e lentidão burocráticas, são estas comunidades religiosas que se chegam à frente e preenchem lacunas, funcionando como uma rede de segurança social.

Num país de Estado laico, a fé permanece, para muitos, o pilar fundamental de integração, pertencimento e dignidade.

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