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Formosa: uma rua de história e brincadeiras

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 Formosa: uma rua de história e brincadeiras - Jornal do Centro
12.03.22
fotografia: Jornal do Centro
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 Formosa: uma rua de história e brincadeiras - Jornal do Centro
12.03.22
Fotografia: Jornal do Centro
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 Formosa: uma rua de história e brincadeiras - Jornal do Centro

Considerada uma das ruas comerciais mais nobres, a Rua Formosa, outrora a Rua Dª Maria Pia, foi construída nos meados do século XIX. A própria veio dar à cidade uma feição mais moderna e cosmopolita.

Inicialmente a rua não era pedonal, tinha trânsito nos dois sentidos, com polícias sinaleiros a regular a circulação nos cruzamentos e passeios para os transeuntes.

É nesta rua que se encontra uma parte da muralha romana, mesmo por debaixo dos nossos pés – a única defesa da cidade durante cerca de 900 anos. Foi erguida no século IV com o objetivo de defender invasões bárbaras, tornando-se hoje um ponto emblemático na cidade pela sua natureza e pela forma como é exposto – é possível caminhar sobre um painel de vidro que se sobrepõe a esta parte da muralha.

Um centro comercial aberto

De acordo com Marguerite Yourcenar, “Quand on aime la vie, on aime le passé, parce que c’est le présent tel qu’il a survécu dans la mémoire humaine” (Quando se ama a vida, também se ama o passado, isto porque: é o presente que sobreviveu na memória humana). E assim foi como os comerciantes da Rua Formosa descrevem a rua a partir das suas memórias.

Helena Matos, atual dona do estabelecimento “A. Matos e Filhos, Lda”, recorda-se dos tempos em que a rua estava “coberta” de pessoas. “As pessoas tropeçavam umas nas outras”, diz em tom de brincadeira.

“Acredito que chegou a existir trânsito automóvel nos dois sentidos, com os passeios cheios de gente. Como rua pedonal, é ‘recente’, foi feita há cerca de 20 anos”, diz.

Relativamente ao comércio, a rua oferecia “de tudo um pouco”, era composta pelos pronto-a-vestir, casas de têxteis e de atoalhados, ourivesarias, mercearias, pastelarias, entre outros.

“A Rua Formosa funcionava muito bem. Tinha quase tudo, todas as esquinas estavam repletas de gente. Lembro-me muito bem de algumas casas em particular, como a ‘Casa Girão’ que vendia muito tecido a metro – na altura não compravam tanto no pronto a vestir, antigamente as roupas eram feitas por alfaiates e costureiras, até saia mais barato”, lembra.

“Saudades do movimento e da afluência”, repetem os comerciantes. “Era sempre casa cheia. A rua era praticamente um centro comercial aberto, antigamente as pessoas andavam aos encontrões e agora está vazia…o comércio está muito triste”

Para Álvaro Almeida, da livraria Leya, a rua era muito movimentada, com um comércio muito diferenciado. No entanto, “foi decaindo ao longo dos anos, com o surgimento dos centros comerciais normalmente decairia. Sinto falta das pessoas”, comenta.

José Loureiro, da loja Tavares, descreve, através da memória dos seus clientes, o antigo café que ocupava aquele espaço. “Antigamente, aqui, encontravam o café ‘Bijou’, onde os estudantes se juntavam. Existia uma grande carreira de mesas e cadeirinhas, onde os mais matreiros viam as raparigas passar”, ri-se.

Falar da Rua Formosa é, também, falar do Mercado que juntava pessoas de todos os cantos do concelho. “Isto aqui enchia-se de gente, principalmente à terça-feira e ao sábado, vinham pessoas de quase todas as aldeias, não havia supermercados naquela altura e então as compras eram quase sempre feitas no centro da cidade, principalmente no mercado”, explica Helena.

“As vacas que não eram vendidas na feira, eram depois negociadas pelos agricultores nas quatro esquinas”, acrescenta José.

Eduardo Vieira, atual dono da GenèvCrêp que foi espaço de um dos cafés mais emblemáticos – o Horta – descreve o mercado por tantos lembrado com carinho.

“O mercado compunha toda a zona da obra atual. A parte de baixo vendia fruta e legumes e a parte de cima, queijos, feijões, ovos…”, começa por explicar. “Havia ainda um grande talho por trás da escadaria do mercado, inclusive uma peixaria do lado direito”.

“Na altura havia duas irmãs que mandavam vir camiões de laranjas do Algarve e vinham aqui descarregar, mas eram cargas mesmo grandes”, ri-se. “Tanto é que nós tínhamos uma loja em São Pedro do Sul e comprávamos aqui as frutas para vender na loja”.

De acordo com a recolha feita e que pode ser lida na página http://fotosviseu.blogspot.com/. O Mercado foi “inaugurado em 1879, como “Praça 2 de Maio”, este foi o mercado de Viseu durante mais de 100 anos. Um espaço marcado pelo cunho da História e das memórias. “2 de Maio” evoca o ano de 1834 e assinala um acontecimento marcante para Viseu nessa data: a entrada vitoriosa das tropas comandadas pelo 1º Duque da Terceira, após a derrota dos miguelistas. Depois disso, e ainda hoje, é o “mercado” para os viseenses. Tendo deixado de funcionar como tal no ano de 1990, este espaço nobre do centro histórico foi requalificado com a assinatura do Arq. Álvaro Siza Vieira em 2002”.
Agora, está de novo em obras para voltar a ser um novo espaço dentro do coração da cidade.

“Havia uma ligação bastante grande entre os comerciantes. Agora existe um grande sentido de individualismo. Os colegas, agora, apenas se cumprimentam, não há a entreajuda de antigamente”, explica Helena entristecida.

“Não existia outra rua igual a esta. As pessoas atropelavam-se, vinham com cestos de palha na cabeça, com legumes e frutas, à procura de lugar, porque nem sempre havia lugar para todos”, completa Eduardo. “Só quem participou é que sabe a saudade que deixou”.

Histórias que marcam

Há recordações e momentos que ultrapassam gerações e que ficam marcados na memória de quem passou e criou raízes na Rua Formosa.

Desde o mercado, ao sentimento de partilha e entreajuda dos comerciantes, bem como aos atos mais simples e icónicos de um dia-a-dia normal, quem conhece a rua e a partir dos seus testemunhos, fazem-nos “caminhar” sobre o passado.

Eduardo Vieira, proprietário da GenèvCrêp, relembra, num retorno à sua infância, a altura em que o mercado ainda existia.

“Quem tinha mais ligação ao mercado era efetivamente a minha mãe. Conheceu imensas pessoas e fez muitas amizades. O que melhor distinguia o mercado da época eram as ligações que se estabeleciam. O mercado era um conjunto de pessoas amigas, como uma família”, conta.

“O mercado em si ficou muito marcado na nossa família, tanto que, ainda hoje, falamos disso, a minha mãe nunca mais se esqueceu”, acrescenta.

Os momentos do quotidiano relembram situações caricatas de quem pisava a antiga calçada romana, esta em concreto relembra um momento que envolveu os tropas numa espécie de partida.

“Numa altura em que se fazia o ‘render das tropas’ na praça, do Regimento da Infantaria 14 vinham o comandante e três tropas a fazer a guarda de honra”, contextualiza José Loureiro, da loja Tavares.

“Um dia, em tom de brincadeira, alguém decidiu soldar uma moeda a um prego e espetou-o na calçada. Quando estavam todos a ‘bater o passo’, os tropas olharam para a moeda e tentaram apanhá-la”, riu-se. “Entretanto, a moeda continuou lá presa e as pessoas, que por lá passavam, iam caindo por tentarem apanhá-la”, reforça.

Helena partilha que o estabelecimento onde trabalha atualmente, “A. Matos e Filhos, Lda”, esteve, outrora, nas mãos de outros proprietários, um papel importante no seu enxoval de casamento.

“Eu quando me casei, há 40 e tal anos, comprei cá os alguidares, os escorredores, o coador.. todos esses utensílios. Eles tinham aqui tudo o que era preciso para a casa e do dia-a-dia” , relembra.

A sorte é, também, um fator que marcou algumas histórias da rua. José Xavier, da “Casa da Sorte” afirma que esta casa foi palco de vários prémios.

“Aqui há muitas histórias, damos sorte às pessoas e vários prémios já saíram daqui, inclusive o primeiro prémio”, conta com entusiasmo. “Lembro-me de uma jovem que estava a jogar no totoloto e saíram cem mil contos na altura (cerca de 905 euros)”, descreve.

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