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A companhia de dança Paulo Ribeiro, residente no Teatro Viriato, em Viseu, já não se irá instalar este ano no Convento São Francisco, em Coimbra, por “questões técnicas”, afirmou o município.
Em março, nas vésperas de Coimbra defender a sua candidatura à Capital Europeia da Cultura em 2027 (que não passou à fase seguinte), o grupo de trabalho desse projeto afirmava que a companhia Paulo Ribeiro iria instalar-se no Convento São Francisco, Companhia Paulo Ribeiro sai de Viseu e vai para Coimbra, apesar de, na altura, não haver qualquer protocolo ou acordo assinado.
“Infelizmente, não foi possível assumir como companhia residente do Convento São Francisco a companhia Paulo Ribeiro ainda durante o ano de 2022”, afirmou hoje o município de Coimbra, em resposta a perguntas da agência Lusa.
O facto de a companhia não se mudar este ano para o Convento São Francisco “não se prende com falta de vontade política, mas apenas por questões técnicas relacionadas com a dificuldade de cumprimento de prazos, num departamento em reestruturação”, frisou o município.
Apesar de a companhia de dança sediada em Viseu não se instalar em Coimbra, a Câmara Municipal realçou que “foi celebrado um importante acordo de parceria” com aquela estrutura, que prevê, entre outros pontos, a coprodução anual de uma peça com coreografia de Paulo Ribeiro, com um apoio financeiro do município e o envolvimento regular de artistas locais (músicos, bailarinos ou outros) em novas criações e atividades paralelas a apresentar anualmente em Coimbra.
O acordo estipula ainda a realização de quatro ações de mediação artística para a comunidade escolar e dois ensaios abertos, por cada nova criação anual, no Convento São Francisco ou “noutros contextos a definir consensualmente, no período que antecede as suas apresentações públicas”.
De acordo com a Câmara de Coimbra, a companhia Paulo Ribeiro irá também colaborar com o município “na estratégia cultural para a programação da dança”.
Questionado pela agência Lusa, o coreógrafo Paulo Ribeiro apontou para um “quadro muito complexo de candidaturas à DGArtes [Direção-Geral das Artes] para os próximos quatro anos e que têm de ser feitas num tempo recorde”, numa altura em que também retomou a direção da companhia há poucos meses, depois de ter saído há cinco anos.
Paulo Ribeiro realçou que, aquando do anúncio da ida para Coimbra por parte do município, nunca afirmou “que as coisas estavam fechadas”, salientando que “há muitas formas de colaborar” com a cidade e que “há uma ligação e uma empatia” do município pelo seu trabalho.
“Não ocupar o Convento em permanência não impede que haja uma relação que me obrigue a ir a Coimbra e esse trabalho pode ser feito sem uma residência fixa”, referiu o coreógrafo, apontando para a possibilidade de “residências pontuais”.
“Essa ideia de ‘acampar’ [em Coimbra] está descartada e estamos a trabalhar noutro sentido. É um trabalho em progresso, que está a acontecer em vários lugares, porque a companhia quer descentralizar-se pelo país. Esse é o projeto que eu quero levar agora, se depois fica mais tempo num sítio ou noutro é uma coisa que se vai construindo”, disse.
Paulo Ribeiro realçou ainda que “o projeto com uma dimensão mais pequena com uma tal cidade pode dar um passo para uma dimensão maior”.
“Havendo modelo e havendo capacidade de alargar e alimentar o modelo, certamente que nada é impeditivo para aquilo que se tinha pensado no princípio possa vir a acontecer”, acrescentou.