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“O que vocês veem na TV são coisas horríveis que, na realidade, são cinco, seis ou 10 vezes piores”. A afirmação é de Vitaliy Kalynyuk, um luso-ucraniano que cresceu em Viseu e é hoje um dos dois portugueses que estão em combate na Ucrânia ao serviço da Legião Internacional, por causa da guerra no país invadido pela Rússia.
Em entrevista à revista Sábado, Vitaliy, de 30 anos, disse que entendeu que era a altura de defender o seu outro país e considerou que a guerra que se vive há cerca de um mês na Ucrânia “é de todos nós, europeus” e que ela “pode chegar cá qualquer dia”. “Por isso é que nós viemos para aqui para travar isso tudo e não deixar o inimigo avançar”, garantiu.
Vitaliy cresceu em Viseu, onde os pais se instalaram depois de chegarem a Portugal há mais de 20 anos, e foi militar durante cinco anos, tendo feito parte das tropas paraquedistas, com experiência em missões internacionais no Kosovo e na Bósnia. Foi ainda campeão de artes marciais e kickboxing e deixou em Viseu uma filha e vários amigos.
Foi embora sem se despedir da família e não avisou a mãe para não a ver chorar, tendo rumado à Ucrânia há cerca de duas semanas juntamente com outros voluntários. Agora, vai mandando mensagens aos pais para saberem que está vivo.
Questionado sobre porque motivo decidiu combater na Ucrânia, o luso-ucraniano diz que a decisão foi sua “e pessoal”. “Vim para aqui sem ninguém da minha família saber. Souberam todos pelas redes sociais, passada quase uma semana. Mas já tinha a decisão tomada mal as tropas inimigas começaram a juntar-se na fronteira ucraniana. Pensei que se eles invadissem, ia partir para a Ucrânia para defender”, disse na entrevista.
Vitaliy confessou que, nem no tempo que passou no 2.º Batalhão de Infantaria Paraquedista, tinha passado por um conflito desta gravidade. “Nunca visto este tipo de guerra em lado nenhum. É guerra total. Isto é a terceira guerra mundial. Tento manter a cabeça erguida e ir focado para a frente do inimigo”, disse.
O ex-paraquedista revelou também que o facto de ter praticado desportos de combate o tem ajudado a manter-se calmo nesta guerra, mas não escondeu que todos sentem medo com o conflito que se vive na Ucrânia.
“Não digo que não sinto medo. Medo toda a gente sente. Isto faz medo a quem gosta de viver. A qualquer momento podemos partir, a qualquer minuto ou segundo podemos perder as nossas vidas aqui (na Ucrânia) – e acontece tudo tão rapidamente que nos vamos sem saber porquê”, contou falando de uma guerra “desorganizada, com um inimigo que nos ataca de qualquer maneira”.
Como a maioria dos camaradas portugueses já abandonou o combate, Vitaliy aconselha quem estiver a pensar em alistar-se nas forças da resistência “a sentar-se e calmamente pensar bem”.
Vitaliy Kalynyuk, que tem gastado parte do seu dinheiro com viagens, alimentação e equipamentos de visão noturna e tem apelado por isso a donativos, admitiu não conseguir descrever nenhum episódio complicado que tivesse vivido na guerra e disse que não aconselhava ninguém “a saber o tipo de coisas que se vive nesta guerra”.
“Aqui, a qualquer hora, seja dia ou noite, o risco é o mesmo. Eu vou dormir sem saber se me vou levantar no dia seguinte porque, a qualquer momento, pode haver um ataque aéreo ou um combate corpo a corpo com o inimigo. Já aconteceu”, afirmou.
O antigo militar espera que a guerra “acabe o mais rápido possível porque o inimigo está a ter muitas perdas, está desorganizado”. “Penso que isto não vai durar muito mais tempo. Espero voltar o mais rapidamente possível, ver a família, os pais, como qualquer um de nós quer aqui nesta batalha. Fazem-se coisas muito feias aqui”, disse. Vitaliy só pode abandonar a Ucrânia quando a guerra acabar.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 977 mortos, dos quais 81 crianças e 1.594 feridos entre a população civil, incluindo 108 menores, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, entre as quais 3,60 milhões para os países vizinhos, indicam os mais recentes dados das Nações Unidas.
Segundo a ONU, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.