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Home » Notícias » Desporto » Marco, Carina e Miguel. Três atletas, três histórias, um mesmo objetivo: ganhar a medalha da superação

Marco, Carina e Miguel. Três atletas, três histórias, um mesmo objetivo: ganhar a medalha da superação

Três dos 27 atletas que vão representar Portugal nos Paralímpicos de Paris têm ligação ao distrito de Viseu. Três atletas, três ambições, três destinos diferentes: lançamento de peso, corrida e natação. A vontade de melhorar marcas é imensa. De lá dizem trazer lições. A maior é a de que não há espaço para lamentos quando se quer triunfar

Carlos Eduardo Esteves
 Marco, Carina e Miguel. Três atletas, três histórias, um mesmo objetivo: ganhar a medalha da superação
31.08.24
fotografia: Jornal do Centro
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 Marco, Carina e Miguel. Três atletas, três histórias, um mesmo objetivo: ganhar a medalha da superação
18.09.24
Fotografia: Jornal do Centro
 Marco, Carina e Miguel. Três atletas, três histórias, um mesmo objetivo: ganhar a medalha da superação

Dizem os livros que o desporto é a atividade da superação. Talvez a arte do mérito. Por estes dias, 27 atletas estão em Paris para representar Portugal nos Jogos Paralímpicos. Na comitiva, uma das mais curtas, mas, ao mesmo tempo, a mais eclética de sempre, estão três nomes ligados ao distrito de Viseu. Miguel Monteiro, no lançamento do peso, Marco Meneses, na natação e Carina Paim, nos 400 metros. Três nomes, três flechas apontadas pela região de Viseu ao alvo da esperança. Todos eles já sabem o que é representar Portugal nos maiores palcos. Miguel Monteiro, atleta da Casa do Povo de Mangualde foi mesmo porta estandarte da comitiva portuguesa em Tóquio, nos últimos Paralímpicos.

Miguel tornou-se mestre, foi aos mundiais e agora Paralímpicos. Tudo no mesmo verão

Este está a ser um verão desafiante para o jovem atleta. Começou a trabalhar, está a estudar e houve provas relevantes pelo meio. “O verão foi muito exigente. Primeiro foi o mundial, depois terminei o mestrado e este é o último passo neste verão. Foi um verão longo”, conta. A tese, que se debruçou sobre a eficiência energética no meio industrial, está resolvida. O atleta é agora mestre. “Geri tudo da melhor forma porque tive a ajudar de algumas pessoas: o meu treinador, a minha família e os professores”, detalha. “Confesso que fui para o Japão, para os mundiais, a fazer a tese”, revela Miguel.  Agora, rumo à cidade luz, o atleta mangualdense assume que ele e o treinador João Amaral vão “bastante entusiasmados”. “Temos trabalhado bastante ao longo dos últimos meses. E as perspetivas são as melhores. Queremos conseguir a melhor marca possível”, confessa.

A preparação secreta para o grande dia

Ao Jornal do Centro, afirma que “os treinos têm corrido bem”. As marcas obtidas nos treinos, essas, ficam no segredo dos deuses. No caso, de Miguel e do treinador, João Amaral. Para chegar ao ouro, o adversário a superar parece ser o russo Denis Gnezdilov. Nos últimos mundiais, o atleta russo atirou a 11,36 metros. Miguel Monteiro foi prata com 10,95. Nos Paralímpicos de Tóquio, o atleta da Casa do Povo de Mangualde ficou com o bronze atrás do russo e do iraquiano Garrah Tuaiash. Este último, Miguel Monteiro conseguiu ultrapassar nos mundiais. Agora nos Paralímpicos logo se vê.

Foco total na hora de domingo

A prova é este domingo. As horas começam a contar. Por isso estabelece agora menos contacto com amigos e família. “No dia anterior à prova, opto por falar cedo com a minha família para, depois, me poder desligar”, desvenda. E na noite anterior, há um desligar total. “Foco-me no que importa. Durmo tranquilo porque sei sempre que o trabalho esteve sempre lá. E depois, é acordar e que seja um grande dia”, frisa. 10:23 – hora portuguesa – pode ser hora e minuto mágicos para Miguel, para o treinador João, para Mangualde e o clube e, também, para Portugal. “Não me custa nada acordar em dias de provas. São dias especiais”, sublinha. O atleta tem de estar na câmara de chamada uma hora antes da prova. Na mente só quer ter esta ideia: houve muito trabalho até chegar aqui. “Eu penso sempre que trabalhámos bastante no verão. O trabalho está lá, independentemente de como a prova correr. Estamos satisfeitos com o que temos feito, seja a marca muito boa, ou menos boa”, explica.

As lições que traz dos grandes momentos desportivos

Dos grandes palcos internacionais, Miguel Monteiro deixa a garantia de trazer os exemplos maiores de superação. “Eu facilmente fico amigo de atletas de vários países. Conhecemos pessoas que, aos nossos olhos, parecem ter deficiências muito complicadas, piores do que as nossas, e que vivem naturalmente como se nada fosse. Tiram próteses, metem próteses. Tudo com uma facilidade extrema. Fazem-nos pensar que não temos problemas nenhuns na vida. Olhando para eles aprendemos isso”, explica.

Nos braços de Marco Meneses passam também as esperanças do povo português. O atleta há muito que deixou de ser promessa para ser uma certeza na natação paralímpica. Nada pelo Crasto e agora por Portugal fará pela primeira vez uns Jogos Paralímpicos com público. A pandemia impediu que o ambiente se revestisse de outra magia. “O público é determinante, faz muita diferença”, sustenta Marco Meneses. 

O nadador vai estar nas provas 400 metros livres, 50 metros livres, 100 metros costas e 200 metros estilos. “Sinto-me mais à vontade nos 400 metros livres e 100 metros costas”, confessa. E é também a prova de 400 estilos que prevê ser “a mais equilibrada”. O nadador conseguiu um diploma na prova de 50 metros livres ao ficar em oitavo lugar. “Fiquei contente, mas quero sempre atingir algo mais”, explica. O objetivo mínimo, esclarece é “melhorar tempos”, mas a ambição é “chegar às medalhas”. Para chegar a Paris na melhor forma, os treinos têm-se intensificado. Nos últimos tempos, com oi treinador Armando Costa, tem feito dez treinos por semana. Cada sessão dura em média duas horas.

Não há superstições, só foco

À medida que o relógio avança, Marco Meneses confessa desligar-se mais do mundo virtual. O importante é a água, as braçadas e o cronómetro. “Quando os momentos decisivos se aproximam, afasto-me mais das redes sociais e contacto menos com família e amigos para me focar. Fico mais concentrado”, justifica. Por ora deixa a garantia de que representar Portugal é “algo diferente” e sempre motivo de orgulho. E quando lhe perguntamos se há alguma superstição por contar, sorri e responde perentoriamente que não. “Faço o meu aquecimento, foco-me no que há a fazer e vamos”, sublinha. É desta força e determinação que se faz o discurso destes atletas.

Comitiva é uma das mais curtas de sempre, mas é eclética

Nos 400 metros dos Jogos Paralímpicos de Tóquio, Carolina Paim fez quarto lugar. A corredora, que integra os quadros do atletismo adaptado do Sporting Clube de Portugal, ganhou o ouro em dois Campeonatos da Europa consecutivos: 2018 e 2019. Em maio deste ano, Carolina Paim ficou em sexto lugar nos Mundiais de atletismo que decorreram no Japão. Fez 58,28 segundos na prova de 400 metros.

Portugal está em Paris com uma das comitivas mais pequenas de sempre em Jogos Paralímpicos. Miguel Monteiro é um dos dois medalhados em Tóquio que está na capital francesa. Portugal estará representado em dez modalidades. Nos Jogos anteriores, Portugal competiu em oito desportos. Agora estreia-se no triatlo e no powerlifting. Haverá atletas lusos também em atletismo, natação, badminton, boccia, canoagem, ciclismo, judo e tiro. Em 11 participações, os portugueses trouxeram 94 medalhas. Nos últimos, em Tóquio, Portugal conquistou duas medalhas de bronze e 23 diplomas. Miguel Monteiro foi um dos medalhados, Marco Meneses e Carina Paim saíram diplomados.  Há 17 homens e 10 mulheres na comitiva portuguesa. O mais novo tem 17 anos, o mais velho, 51. Ao longo de 12 participações, Portugal conquistou 94 medalhas em Jogos Paralímpicos: 25 de ouro, 30 de prata e 39 de bronze.

 Marco, Carina e Miguel. Três atletas, três histórias, um mesmo objetivo: ganhar a medalha da superação

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