Misericórdia de Lamego com “défice crónico” no jardim de infância e no CAT

A Santa Casa da Misericórdia de Lamego alerta para a “conjuntura difícil” que se avizinha para 2023 e diz que algumas respostas sociais da instituição estão a ter um “défice crónico”.

O aviso foi dado pelo provedor da Misericórdia, António Carreira, na última assembleia geral que decorreu na passada sexta-feira (dia 4). Na reunião magna, foram aprovados por unanimidade o orçamento e o plano de atividades para o próximo ano.

Segundo a instituição, o documento prevê um défice de exploração de cerca de 167.500 euros, um número que é justificado pelo aumento generalizado dos preços e pelo valor do salário mínimo e pelas exigências “muitas vezes sem contrapartidas” das instituições públicas que tutelam as misericórdias.

“Temos consciência de que o próximo ano será provavelmente o mais difícil das nossas vidas. A mesa administrativa desta Santa Casa será muito cautelosa e orientará o seu trabalho em prol da sustentabilidade da instituição. Trabalharemos com prudência, rigor e contenção, reduzindo ao máximo as despesas, para garantir que continuaremos a prestar serviços de excelência e a respeitar a nossa missão e os nossos valores”, afirmou António Carreira.

O provedor acrescentou que o resultado negativo antecipado da execução orçamental, até outubro deste ano, não se verificou. A Santa Casa alertou que o seu futuro está condicionado por causa do “défice crónico verificado em algumas respostas sociais, como é o caso do jardim de infância e do Centro de Acolhimento Temporário (CAT)” e da “indefinição” do processo de transferência de competências da área social para as autarquias.

A instituição social também se queixa da demora do Estado na resposta às candidaturas ao Programa de Celebração ou Alargamento de Acordos de Cooperação para o Desenvolvimento de Respostas Sociais e dos atrasos na abertura da clínica de hemodiálise construída em instalações pertencentes à Santa Casa e que Clínica de hemodiálise aguarda convenção do Estado para abrir em Lamego

Mas, apesar do cenário pessimista, a misericórdia prevê realizar investimentos que considera como “prioritários” em 2023.

Entre esses projetos estão a realização de obras de reabilitação em alguns edifícios da instituição, a aquisição de equipamentos e a transformação de salas do pré-escolar em creche.

Outro dos objetivos passa por estabelecer parcerias e acordos de cooperação com outras organizações “com o objetivo de melhorar a qualidade do serviço prestado, bem como reforçar a formação dos colaboradores e aproveitar as candidaturas que eventualmente possam interessar”, realça a Santa Casa de Lamego.

Também na assembleia geral, os irmãos aprovaram a proposta de venda, em hasta pública, de dois terrenos pertencentes à Misericórdia na freguesia de Vila Nova de Souto d’El Rei.

Os sócios também aprovaram a atribuição de um voto de reconhecimento e agradecimento ao cónego Joaquim Assunção “por todas as benfeitorias oferecidas por si que enriquecem a Capela do Sagrado Coração de Jesus”, propriedade da Misericórdia de Lamego e que serve de local de culto e de celebração da eucaristia dominical aos utentes do lar de idosos de Arneirós.