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04 de 10 de 2021, 12:31

Diário

Distrital do Chega retira confiança política ao candidato à Câmara de Viseu

Decisão tomada no passado dia 25 de julho justificada com “acumular de atitudes que são muito irregulares”, nomeadamente com uma alegada agressão a um jovem

Sede do Chega

Fotógrafo: Igor Ferreira

A distrital de Viseu do Chega retirou a confiança política ao candidato do partido à autarquia viseense nas últimas autárquicas, o coronel Pedro Calheiros, e a mais dois militantes.

A decisão tinha sido tomada pela estrutura partidária em julho, mas só agora é que foi publicamente conhecida após os resultados das eleições de 26 de setembro, em que o Chega foi a terceira força política mais votada em Viseu para a Câmara.

Além do candidato, foi retirada também a confiança política ao secretário da campanha e a outro militante que esteve também envolvido numa alegada agressão a um jovem por causa da sua orientação sexual e que ocorreu junto à sede do partido em julho.

Em declarações ao Jornal do Centro, o presidente da distrital, João Tilly, justificou a decisão tomada no passado dia 25 de julho com o que diz ter sido um “acumular de atitudes que são muito irregulares” e que, sustenta, vinham a acontecer desde abril.

“Basicamente, estava-se a tentar criar um partido dentro do partido, o que é completamente proibido dentro do nosso partido. Portanto, havia uma fação que, no nosso entender, estava a tentar capturar desde abril a nossa distrital eleita democraticamente, em que nunca tivemos qualquer tipo de segredo uns com os outros e sempre trabalhámos em conjunto”, afirmou.

João Tilly argumentou que os três militantes agora suspensos começaram “a trabalhar em roda livre fazendo as coisas à sua maneira de forma independente”.

“Por isso, entendemos que aqueles três militantes pertencentes à nossa direção não tinham condições para continuarem a trabalhar connosco uma vez que tinham uma agenda e objetivos próprios entre eles e o Chega é o oposto disso”, acrescentou.

O presidente da distrital de Viseu admitiu que a decisão só não foi anunciada antes das autárquicas para não prejudicar o partido.

João Tilly revelou ainda que o líder nacional André Ventura soube da situação no dia em que a distrital tomou a decisão.

“O nosso presidente só soube no próprio dia em que reunimos para retirar a confiança política, porque não nos revíamos minimamente nas atitudes e declarações daqueles três militantes, e ele naturalmente nos pediu para que ponderássemos se uma tomada de posição pública em fase de pré-campanha eleitoral beneficiaria de alguma forma o partido. A nossa resposta foi não porque só iria prejudicar”, detalhou.

Daí a conclusão de que, segundo João Tilly, “embora muito contrafeitos, o melhor seria não prejudicarmos ainda mais o partido” após o incidente ocorrido junto à sede do Chega em Viseu, onde um jovem homossexual foi agredido e insultado alegadamente de forma homofóbica por membros do partido.

O presidente da distrital acredita que, neste episódio, estiveram envolvidos “dois dos três militantes a quem retirámos a confiança”. “Apesar de alguns de nós termos engolido sapos, queríamos realmente que se soubesse que nós não estávamos alinhados com esta forma de fazer política”, concluiu João Tilly.

Contactado, Pedro Calheiros remeteu explicações para mais tarde.

Nas autárquicas de 26 de setembro, o Chega obteve 2,95 por cento dos votos para a Câmara de Viseu e conseguiu ter um mandato na Assembleia Municipal.