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O aprontamento de forças, as obras no quartel e a captação e retenção de militares são os grandes desafios do Regimento de Infantaria (RI) 14, em Viseu. O quartel dos Viriatos assinalou esta terça-feira (19 de março) o Dia da Unidade e na sessão solene o comandante destacou os desafios que estarão pela frente.
O coronel de infantaria Luís Falcão Escorrega, que assumiu as funções de comandante do RI14 no final do último ano, começou por destacar a participação do regimento na constituição do batalhão de infantaria mecanizado do European Union Battle Group 25-2/26-1, que contará com 306 militares. Segundo Falcão Escorrega, durante três anos, caberá ao “regimento e ao seu encargo operacional a tarefa de organizar, planear e treinar o comando e Estado-Maior do batalhão, uma companhia de comando e serviços, uma companhia de atiradores e uma companhia de apoio de combate”.
“É um enorme desafio, sabemos que estrutural para o Exército, cabendo-nos encontrar as melhores soluções para as difíceis questões associadas aos recursos humanos e materiais”, frisou.
Quanto às obras nas infraestruturas do RI14, o comandante realçou “a necessidade de encontrar as melhores fontes de financiamento para as obras já identificadas como necessárias, principalmente em virtude da idade das infraestruturas”. O militar destacou a “substituição da rede de distribuição interna de água e a reparação do sistema de esgotos, a remodelação da instalação elétrica em algumas casernas, a continuação da instalação de painéis fotovoltaicos e bombas de calor para as restantes casernas ou a requalificação dos blocos militares em termos da eficiência energética e pintura das respetivas fachadas”.
Apesar das várias necessidades, o coronel de infantaria enumerou algumas intervenções já realizadas, como a “instalação de bombas de calor para águas quentes sanitárias e painéis fotovoltaicos em várias casernas”, a “substituição de janelas por outras mais eficientes” ou a instalação de “sistemas de ar condicionado”.
Por fim, mas sublinhando que não menos importante, o comandante falou do “desafio da valorização, retenção e emprego de recursos humanos do regimento”.
“Há que valorizar os nossos quadros, promovendo a formação profissional especializada. Aproveitar habilmente as novas oportunidades que o quadro permanente da categoria de praças do regime de contrato especial estão a criar, mas principalmente todas as medidas que incentivam o comprometimento e desenvolvimento individual e coletivo, contribuindo dessa forma para a motivação e retenção de efetivos”, frisou.
No seu discurso, o comandante do RI14 aproveitou ainda para enumerar as missões internacionais onde os militares do quartel de Viseu já participaram e destacou a 5ª Força Nacional que está em aprontamento no regimento e que em maio será projetada para a Roménia.
Falcão Escorrega falou ainda nas iniciativas desenvolvidas junto das populações e no trabalho que tem sido feito para captar jovens.
“Fizemos acontecer no âmbito do apoio à divulgação e ao recrutamento. No último ano, os núcleos de atendimento ao público de Viseu e Guarda realizaram mais de 200 ações de divulgação, em 29 concelhos, tendo alcançado mais de 300 novas candidaturas e ultrapassando os objetivos. A propósito do quadro do Dia da Defesa Nacional, com o objetivo de sensibilizar para a temática da defesa nacional e divulgar o papel das Forças Armadas, acolhemos no regimento durante nove semanas, de setembro a novembro, um total de 4336 jovens. Preparámos as iniciativas “Alista-te por um dia”, “A sombra de um militar” e “Militar por um dia” em colaboração com diversos agrupamentos de escolas da região de Viseu, atividades que envolveram a presença de mais de 1500 alunos no regimento”, recordou.
O comandante deixou ainda a certeza de que “os Viriatos irão, seguramente, cumprir o que lhes compete”. “Porque queremos, podemos e sabemos. Não temos medo dos desafios e estamos muito motivados para os ultrapassar, fazendo jus ao nosso lema: Cuja Fama Ninguém Virá que Dome”, finalizou.
Na cerimónia discursou ainda o comandante das forças terrestres, tenente general Maia Pereira, que destacou o “papel relevante” do Exército e do Regimento de Infantaria 14 “para a afirmação do nosso país no mundo, com a projeção de unidades treinadas e certificadas, para diversos teatros de operações que desenvolveram a sua preparação com base neste regimento e atravessaram teatros de operações desde França, Índia, Angola, Moçambique, Guiné, Timorleste, Bósnia Erzegovina, Kosovo, Afeganistão, Lituânia, mais recentemente na República Centro Africana e a preparação e aprontamento de unidades como esta que vai ser projetada para a Roménia”.
O militar deixou ainda o alerta de que, e tendo em conta o conflito a leste do território da Aliança e no Médio Oriente, é necessário “manter, renovar e edificar novas capacidades”.
Maia Pereira sublinhou ainda a necessidade de “garantir uma componente terrestre em prontidão, capaz de operar em ambientes conjuntos, combinados e multiagência, prontos a cumprir os compromissos. Uma força moderna em equipamentos, sustentada numa preparação adequada dos quadros e tropas, alicerçada nos valores intrínsecos como sejam a lealdade, o rigor, a previsão, o profissionalismo, o empenhamento, a determinação, a transparência e a camaradagem”.
No discurso lembrou ainda que “a credibilidade do Exército baseia-se, sobretudo, na sua capacidade de gerar, aprontar e empregar forças e meios”. Por isso, frisou, torna-se “imperioso consolidar o seu processo de reforma estrutural, consubstanciado em altos padrões de exigência na formação e qualificação, na valorização da sua componente operacional e numa presença efetiva junto da sociedade. Mas também na preservação dos valores institucionais, de um Exército pronto para cumprir, preparado para combater e apoiar o povo que sempre serviu e a pátria que defende”, finalizou.
Durante a sessão solene, foram ainda lembrados e homenageados os mais de três mil militares do regimento destacados ao longo dos anos para missões no estrangeiro, tema que deu o mote para as celebrações deste ano: “Viriatos em Missão”.
Além da cerimónia no regimento, as comemorações contaram com a habitual alvorada festiva na cidade e a homenagem ao Viriato. Foi ainda inaugura a exposição “Os 150 anos do Capitão”, que homenageia Almeida Moreira, o primeiro diretor do Museu Nacional Grão Vasco e um grande promotor cultural de Viseu.