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Olha lá

 Olha lá - Jornal do Centro
02.06.25
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 Olha lá - Jornal do Centro

por
Fernando Marques Pereira

O que vê um cego?

Um cego? Assim, cego… com olhos que não veem?

Sim. Esse mesmo!

Então, se tem olhos que não veem… vê tanto como ouve um surdo… vê tanto como lê um analfabeto… vê tanto como conduz um sujeito que tem carro, mas não sabe conduzir… ou seja, nada.

Nada?

Sim. Agora, se queres saber o que vê uma criança cega… um jovem cego… uma pessoa cega…

Oh! Não é a mesma coisa?

Não. O cego tem dois olhos que não veem; a criança, o jovem, a pessoa cega, para além dos olhos que não veem, tem mais quatro sentidos disponíveis para ajudarem a ver: audição, tato, olfato e paladar.

E então, o que é que vê?

Tudo.

Tudo? Não!

Sim. A visão não é a única forma de ver!

Não?

A criança cega, o jovem cego vê tudo o que os pais… tudo o que os professores… tudo o que alguém for capaz de lhe mostrar: o vermelho do sangue, o amarelo do sol, o azul do céu, o castanho da terra, o escuro da noite, o encanto das estrelas, a beleza das diferentes formas da Natureza, a felicidade que tem um sorriso, a luz que tem um olhar…

Mas como posso mostrar a uma criança cega, ou a um jovem cego a beleza de um campo na primavera, com toda a Natureza em festa?

Então? Um campo primaveril tem cor, odores e som. Ou seja, só é preciso mostrar-lhe o que ele não vê, que é a o viço da cor alegre e feliz das árvores vestidas de verde e enfeitadas de flores… o aconchego do sol, o encanto do perfume do ar, a musicalidade do chilrear dos pássaros… essas não é necessário mostrar-lhas porque ele consegue vê-las com os sentidos que lhe sobram.

Mas, o esplendor, o desconcertante da arte, a perspetiva, a profundidade e a emoção da pintura… como é que se mostram? 

Tudo o que mexe com sentimentos, com a emoção… está intimamente ligado à sensibilidade de cada um. Ora, se eu vou querer fazer sentir sensações que determinada situação ou obra de arte me sugere, ao descrevê-la, eu tenho que o fazer de modo a sugerir tais sensações. 

Hum!… Mas seguindo essa forma simples e prática de olhar para as coisas, explica-me o que é e como olhar para a deficiência, hoje?

Uma deficiência é um estado de fragilidade. O que se deve fazer perante uma fragilidade?

Deve olhar-se com mais atenção, tratá-la de forma mais cuidada e atenta.

Exatamente. Uma criança deficiente, uma pessoa deficiente não precisa de discriminação, de ser ignorada… pelo contrário: precisa que nos aproximemos dela, que falemos com ela, que lhe mostremos o que ela não sabe ou não está a entender, que sejamos um elemento capaz de compensar a limitação que a deficiência, (sensorial, motora), seja qual for, lhe impõe. É completamente errada a ideia de que uma pessoa com limitações não gosta ou é capaz de se zangar se eu lhe oferecer ajuda! 

Há alguma forma simples de saber como agir, ao encontrar… ao querer ajudar uma pessoa deficiente?

Só temos que não complicar o que é simples. Só temos que ver a pessoa deficiente como ela é: uma pessoa que tem um problema – problema esse que eu posso ajudar a ultrapassar. Ou seja, para saber como posso agir corretamente, só tenho que me pôr no lugar dela. Garantidamente, de imediato saberei o que gostava que me fizessem… é isso que eu tenho que lhe fazer!

Fernando Marques Pereira (prof. Com deficiência visual)

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