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Telefones-espertos, canivetes suíços e abanadelas do chão

 Telefones-espertos, canivetes suíços e abanadelas do chão - Jornal do Centro
16.08.25
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 Telefones-espertos, canivetes suíços e abanadelas do chão - Jornal do Centro

por
Joaquim Alexandre Rodrigues

1. Começo com uma metáfora nada original: um smartphone é um canivete suíço, um faz-tudo, um desencrencador. Cabe num bolso esta maquineta que dá para comprar bilhetes para um jogo de futebol ou uma viagem de avião, investir na bolsa, meter o IRS, reservar um quarto de hotel, mandar vir um livro do outro lado do mundo. Isso e muitíssimo mais. 
O telefone-esperto tornou muitas coisas obsoletas: ninguém usa mais cabines telefónicas ou telefones fixos em casa, nem agendas, nem blocos de notas, muito menos filofaxes ou mapas em papel.
Para além disso, está em todo o lado:
— nas mãos da fã que filma uma cantoria do David Carreira para partilhar no TikTok;
— nas pontas dos dedos do sénior que vai em passeio, num autocarro fretado pelo dr. Ruas, à romaria da Malafaia;
— nos polegares supersónicos da rapariga ciumosa que messageia ao namorado para saber onde ele está;
— no passeador do cão que nem vê para onde vai, com os olhos ferrados nas fotografias da vizinha no Instagram, enquanto o bicho se alivia no pneu do Tesla dela; 
— no coração solitário que faz heurística nas apps de encontros;
— no indicador espetado da viúva que joga Candy Crush, sentada à mesa na sua cozinha imaculada;
— no criatura meia mouca, meia parva, que ouve reels aos berros na esplanada da pastelaria do bairro.
Um dia destes, também ele, o omnipresente telefone-esperto, há-de ficar obsoleto. E será guardado no mesmo armário onde, por sua causa, agora repousam o iPod, o TomTom, a câmara de vídeo, a máquina fotográfica, o Walkman.

2. Eis uma função nova que milhões de nuestros hermanos no sul de Espanha, donos de telefones-espertos Android, descobriram no dia 14 de Julho: às 7h 13min 39s, a maquineta lançou um som estridente e o écran anunciou “terremoto cercano, se esperan sacudidas leves.” Era verdade, doze segundos antes, às 7h 13min 27s, tinha havido um sismo debaixo do Mediterrâneo, ao largo de Almeria, a 3 quilómetros de profundidade. 
Richard Allen, da Google, o pai deste sistema, explicou ao El País como as coisas funcionaram: “Cerca de 5,5 segundos após a origem estimada do sismo” as primeiras abanadelas (ondas P, as mais rápidas) “atingiram os telemóveis da cidade mais próxima”, essa informação recolhida pelos sensores de localização, inclinação e aceleração que equipam todos os telefones-espertos chegaram ao sistema Android que disparou o alerta. É uma questão de poucos segundos mas, idealmente, procura-se que funcione antes da chegada das mais lentas e mais destruidoras ondas S. 
Este sistema de alertas da Google está operacional desde 2021, já enviou avisos “para um total de 1279 sismos supeitos”. Resultados das avaliações posteriores entre as pessoas que receberam estes alarmes: “dos mais de 1,5 milhões de inquiridos, 36% disseram ter recebido o alerta antes dos sismos, 28% durante o sismo e 23% depois.”   
Se nunca for accionada esta ferramenta do nosso canivete suíço, perdão, do nosso telefone-esperto, estaremos perante um caso flagrante de no news, good news”. Como quase sempre, não haver notícia é boa notícia.

 Telefones-espertos, canivetes suíços e abanadelas do chão - Jornal do Centro

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