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O homicida que era conhecido como “Palito” e que motivou a realização de uma autêntica caça ao homem das autoridades há sete anos morreu na última madrugada. Estava preso desde 2014.
Manuel Baltazar, de São João da Pesqueira, faleceu numa unidade hospitalar. Foi o protagonista de um dos crimes mais mediáticos da justiça portuguesa dos últimos anos.
A 17 de abril de 2014, o “Palito” disparou a tiro de caçadeira sobre quatro mulheres na localidade de Valongo dos Azeites. Uma tia da ex-mulher e a sogra acabaram por morrer. Já a ex-companheira e a filha ficaram feridas. Tudo enquanto elas estavam a preparar bolos para a Páscoa.
O homicida conseguiu fugir das autoridades, que montaram uma grande operação para o encontrar como nunca se via antes. A comunicação social acompanhou muito de perto as buscas. Elementos da GNR e da Polícia Judiciária ‘encheram’ as zonas envolventes de Valongo dos Azeites e de Trevões.
Manuel Baltazar foi avistado várias vezes por populares, mas as autoridades não conseguiam intercetá-lo. A fuga e a operação das forças policiais, que envolveu mesmo agentes a andar de cavalo e meios aéreos, motivaram várias paródias na Internet e nas redes sociais.
As buscas continuaram durante 34 dias até que, a 21 de maio de 2014, Manuel Baltazar foi finalmente apanhado por inspetores da PJ… quando tentava entrar para a sua casa em Trevões. Estava armado, mas não terá oferecido resistência.
Antes do crime, o caçador, na altura com mais de 60 anos, já tinha sido condenado a uma pena de quatro anos de prisão que ficou suspensa, por violência doméstica, com pulseira eletrónica e com a condição de não estar a menos de 400 metros da ex-mulher.
Mas o homicídio trouxe-lhe notoriedade e até alguma suposta popularidade junto dos habitantes. Foi o que aconteceu quando, no dia a seguir à detenção, Manuel “Palito” foi recebido por uma multidão que o aplaudiu à porta do Tribunal de São João da Pesqueira. Os populares tiraram fotos com os telemóveis, bateram palmas e até assobiaram como forma de apoio. Ninguém o criticava e alguns até o elogiavam.
No entanto, houve também quem dissesse que os aplausos não eram para o homicida, mas sim para a polícia pela sua incompetência.
Já no decorrer do julgamento, Manuel Baltazar chegou a dizer que não queria fazer mal à ex-mulher e à filha, admitindo apenas a intenção de atingir a sogra e a tia da antiga esposa. Chorava sempre que falava da mulher.
Mas o destino do “Palito” foi decidido de outra forma e, a 15 de julho de 2015, o coletivo de juízes do Tribunal de Viseu condenou-o à pena máxima de 25 anos de prisão e entendeu que ficou provado que ele tinha de facto a intenção de matar as quatro vítimas do crime.
Manuel Baltazar foi condenado por quatro crimes de homicídio qualificado, dos quais dois na forma tentada, bem como por um crime de detenção de arma proibida e outro de violação de proibições ou interdições, cujas penas somavam mais de 63 anos de prisão.
O homicida de São João da Pesqueira foi ainda condenado ao pagamento de indemnizações no valor total de 362 mil euros.
No acórdão, os juízes entenderam que “Palito” tinha “uma personalidade violenta, egoísta, egocêntrica e dominadora” e que ele nunca aceitou a separação de Maria Angelina, com quem esteve casado durante 25 anos. “Refere que amava a ex-mulher. Estranha forma de amar”, disse na altura a juíza que leu o documento, acrescentando que este tipo de crimes provoca na sociedade “sentimentos de receio e de repulsa”.
Foi este o destino de um homem que chegou a levantar-se de madrugada para perseguir a ex-mulher e que chegou a dizê-la que tinha uma bala para ela e outra para a sogra na sua pistola.
O funeral de Manuel Baltazar está marcado para esta sexta-feira (14 de maio) em Trevões.