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”Respira, Matilde. E atira!”. Quando o sonho e ambição estão no centro do alvo

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 ”Respira, Matilde. E atira!”. Quando o sonho e ambição estão no centro do alvo - Jornal do Centro
16.03.24
fotografia: Jornal do Centro
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 ”Respira, Matilde. E atira!”. Quando o sonho e ambição estão no centro do alvo - Jornal do Centro
16.03.24
Fotografia: Jornal do Centro
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 ”Respira, Matilde. E atira!”. Quando o sonho e ambição estão no centro do alvo - Jornal do Centro

Pavilhão Multiusos de Viseu composto. Todos querem chegar ao título de campeão nacional individual de sala (indoor) de tiro com arco. Alinhada com o arco, Matilde Coelho prepara-se para atirar. O arco está posicionado. Matilde respira fundo, a mira está afinada. E… já está! Campeã!”. Poderia ser assim, em jeito de relato de futebol, e com a voz colocada, que um qualquer narrador poderia ter contado a vitória da jovem atleta de apenas 17 anos.

Viseu, 3 de março de 2024. Matilde Coelho tinha completado naquela altura, há poucos dias, 17 anos. E naquele dia venceu em Viseu um novo campeonato nacional de tiro ao arco. Sagrou-se campeã nacional sala – recurvo cadete senhora. Até agora somam-se dois títulos nacionais e um conjunto de medalhas: sete de ouro, cinco de prata e sete de bronze. Em apenas dois anos de modalidade. E tudo começou numa brincadeira, num campo de férias.

“Não fazia ideia de que uma das modalidades que ia ter era o tiro com arco. Experimentei e gostei. Lembro-me de tempos mais tarde, falar com a minha mãe e perguntar-lhe se sabia se havia algum clube de tiro com arco em Viseu. Pesquisámos e descobrimos o Grupo Arqueiros e Besteiros de Viseu. Comecei a ir, gostei e continuei”, conta. E assim começou uma história que tem somado sucesso atrás de sucesso. Em três campeonatos nacionais do seu escalão, Matilde Coelho nunca saiu sem medalhas. Foi terceira classificada na época 2022/23 em sala e tem dois ouros. O tal de Viseu, neste mês de março, e outro conquistado em Lisboa, há um ano, no campeonato de campo.

Dois anos volvidos e quando olha para os primeiros tiros, Matilde acredita que teve aquilo que costuma chamar de sorte de principiante. Neste desporto, o alvo tem várias cores. O centro é o amarelo. Depois tem vermelho, azul, preto e branco. E a primeira tentativa, foi logo parar no objetivo maior. A atleta viseense já fez provas dentro e fora de portas e, apesar das contrariedades que a prova em exterior pode trazer, não tem dúvidas de que é atirar ao ar livre que se sente melhor. “Gosto mais de campo”, confessa.

Em campo ou em pavilhão, Matilde Coelho é já hoje uma das maiores promessas do tiro ao arco português. É o treinador, Luís Duarte, quem o afirma. O técnico, que durante as provas assume o papel de incentivador, não tem dúvidas de que estamos diante de uma atleta com potencial para seguir ainda mais longe neste desporto.

Matilde tem características únicas, que podem levar a mais sucesso, garante treinador
“Demonstrou desde cedo ter uma grande predisposição para a modalidade. É metódica e é muito atenta. Este é um desporto que requer repetição de gestos e muita concentração. A atitude dela sempre nos levou a acreditar que poderia ter sucesso”, sublinha o treinador que acompanha Matilde desde que entrou no Grupo Arqueiros e Besteiros de Viseu. “Com o passar do tempo e das sessões e depois de passar para competição demonstrou ser uma excelente arqueira e atleta. E com o tempo só demonstra essas características cada vez mais. E com o tempo pode alcançar outros voos”, confia Luís Duarte. O técnico assinala que a atleta é “muito dedicada, calma e focada”, características que, defende tornam Matilde diferente dos demais.

Durante as provas, a jovem de 17 anos procura não perceber quantos pontos está a fazer. O mais importante é, assume, gerir bem as expectativas à medida que os lançamentos ao alvo são feitos. E quando as coisas não começam a sair de feição, a arqueira tem um apoio essencial. “O meu treinador ajuda-me a focar e motiva-me”, frisa. Na final de Viseu em que levantou um novo título nacional, Matilde recorda uma técnica que se revelou fundamental: o simples ato de respirar entre tiros. “Serviu para oxigenar os músculos e para me concentrar e estar a 100% no momento de atirar”, recorda.

Depois de ter entrado praticamente por acaso no tiro com arco, Matilde Coelho defende que a capacidade de ter pontaria é algo inato. “Nasce com a pessoa. Há quem vá experimentar e percebe-se umas têm mais jeito do que outras. Mas também é algo que se treina e dá para melhorar”, sublinha. No meio dos vários lançamentos ao alvo, há um sentimento comum: a ansiedade. A questão é como a saber gerir. “É muito relativo”, começa por dizer Matilde. “Temos de ter um grande apoio do treinador. No calor do momento não nos conseguimos aperceber de que estamos a deixar-nos levar pela emoção. Precisamos de pessoas que nos conhecem, que sabem como reagimos e que nos digam para respirar, para melhorar a técnica…”, sustenta.

Como que se estivesse a escrever um diário, Matilde Coelho diz que vai lembrar o último título nacional alcançado em Viseu como uma prova particular e reconhece que quando as competições decorrem em Viseu “normalmente sinto mais pressão”. “Tentei não pensar na possibilidade de desapontar Viseu, que este ano é cidade europeia do desporto. Havia um pouco mais de pressão. Não vou mentir. É não pensar nisso. Se estivermos mais calmos, é mais fácil atingirmos os objetivos”, reforça.

Emoções podem dificultar caminho do sucesso, mas os treinos ajudam a diminuir a ansiedade

O treinador Luís também tem a noção de que “a emoção e a ansiedade mexem com o atleta”. “Não tenho dúvidas. É um desporto muito intenso tecnicamente. Repetimos tudo ao último detalhe, mas o lado emocional mexe muito com o arqueiro”, frisa. “O fator emocional tem um peso muito grande, sobretudo no dia da prova. Este desporto, como é de repetição, requer que o atleta esteja bem e não se deixe levar pelas emoções. E isso é difícil. A linha de tiro mexe com o atleta. A ansiedade é ponto forte. Se o arqueiro se deixa levar pela ansiedade, os resultados não vão correr tão bem. Aprende-se a debelar isso”, garante.

E, por isso, há que trabalhar o fator psicológico. “Temos de mostrar que os objetivos podem ser ultrapassados e demonstrar empatia em relação ao arqueiro”, refere o técnico. E então, que palavras usar para transmitir calma e paz? “Mostro-lhe que tudo está ao nosso alcance e que apenas precisamos de estar atentos. É no treino que estas questões se trabalham. No dia da prova, o mais importante para um treinador é mostrar que está presente”, sublinha Luís Duarte.

Luís e Matilde treinam, por norma, três vezes por semana. Em períodos que antecedem provas importantes, o treino chega a ser diário. Mas o que mais tem espantado o treinador é o facto de a arqueira ter evoluído tão rapidamente, tendo apenas entrado no “mundo da pontaria” há apenas dois anos. “Não é muito normal haver uma progressão num tão curto espaço de tempo, mas graças às características e à atitude da Matilde é que os resultados também têm aparecido”, elogia. Matilde Coelho é este ano cadete. No próximo ano sobe ao escalão de júnior, primeiro ano. Para já, o treinador não tem dúvidas ao afirmar que a jovem de 17 anos é “uma das melhores atletas portuguesas em cadetes”.

Jogos Olímpicos estão na mira. Matilde promete muito trabalho
Agora a pergunta é: e o futuro? Matilde não tem resposta certa, mas ambiciona chegar mais longe. “Toda a gente me fala dos Jogos Olímpicos, mas acho que há muitos passos até lá chegar. Faço parte da seleção nacional e agora vai haver provas internacionais. Tenho de fazer os mínimos para participar nessas provas. Tem de ser passo a passo. E depois quem sabe um dia chegue ao desafio final, aos Jogos Olímpicos”, afirma.

A arqueira viseense reconhece que em Portugal tem estado bem classificada, mas olhando para a realidade internacional, “nos Estados Unidos, por exemplo, ficaria certamente a meio da tabela”. “Falta trabalhar muito mais”, assume. “É uma questão de esforço e de nunca perder a motivação. Mesmo que haja treinos que corram mal, é levantar a cabeça e continuar”, avança.

No clube, que é uma secção do Centro Social de Prime e que, nesta fase, tem oito arqueiros, com idades entre os 13 e os 35 anos, Matilde já tem referências e, garante-nos, ouve-as. “Há pessoas que são mais experientes na modalidade. O Rafael Oliveira, o Carlos Poceiro, a Maria Silva, que já foi campeã nacional. Quando vamos para provas fora de Viseu é ela que fica comigo no quarto e tranquiliza-me e dá-me força”, revela.

No caso de Maria Silva, a arqueira foi também feliz em Viseu, no mesmo fim de semana em que Matilde Coelho se sagrou campeã. Na divisão Barebow seniores Maria Silva ganhou o título nacional em Tiro com Arco. “Às vezes fico estupefacta com o facto de só há dois anos ter pegado num arco e tentado a minha sorte. Vejo que há pessoas na minha categoria que tentam há vários anos. Passou muita coisa em dois anos. Deve-se a determinação e à definição de objetivos. Mesmo que o progresso não seja muito, tem de existir”, reforça Matilde.

A Biologia é o sonho profissional, competir na Roménia é o próximo objetivo desportivo
Fora do mundo dos arcos, das flechas e dos alvos, Matilde Coelho é, como a maioria dos jovens da sua idade, uma estudante. “Estou no 11º ano. No Liceu a tirar Ciências e Tecnologias”. “Eu gosto de aprender. Não gosto da pressão dos testes, mas sempre gostei de estudar. Gosto genuinamente de Biologia. Procuro não me desleixar nos estudos e ter boas notas para o meu leque de escolhas ser maior, quando tiver de selecionar um curso superior”, assinala.

É na área da Biologia que se vê a trabalhar. Mas a via profissional ainda está por definir. Uma coisa é certa: a escola não é para deixar até porque pode significar um porto seguro. “Gosto de viver consoante o que for conquistando. Não quero deixar a escola de lado porque nunca sabemos o dia de amanhã. É preciso ter sempre um plano B. Profissionalmente ainda não sei bem. Gosto de Biologia, mas não sei o que gostava especificamente de fazer”, explica.

Se na escola é feliz e realizada, em casa, o ambiente permite harmonia para continuar a ganhar. “A minha família sempre apoiou muito. O meu pai reporta sempre as minhas provas nas redes sociais. Os meus familiares estão sempre a incentivar. Tive os meus irmãos, que moram em Portugal, a assistir à prova em que fui campeã em Viseu. A família é sempre um apoio de retaguarda. Aquecem-me as costas para me empurrar, para chegar à vitória”,

A mira está nos Jogos, como já reconheceu, mas como que de alvo em alvo, há campeonatos para “acertar”. Para o futuro próximo está na mira a ida ao campeonato europeu de jovens, em sub-21, que vão decorrer em junho, na Roménia. Para lá chegar, precisa de garantir 595 pontos. E há quatro provas pela frente. O recorde pessoal da jovem arqueira é de 545 pontos em provas de campo. Este domingo vai tentar ser feliz na primeira prova que vai decorrer em Lisboa. Seguem-se Tavira, Vila do Conde e Caldas da Rainha.

Matilde começou literalmente a atirar com a mão direita, no ano em que Viseu é cidade europeia do desporto. “Foi um ótimo começo. Agora vamos trabalhar para que consiga o mesmo tipo de sucesso para finais”, diz o treinador Luís Duarte. Se chegar à Roménia, fará a segunda prova internacional. A primeira internacionalização foi em Espanha, no ano passado. Os arcos estão prontos, as flechas, também. A modalidade espera novos sucessos da jovem atleta viseense. “Respira, Matilde. E vai”. Serão, provavelmente, estas as palavras do treinador. O desafio está aí. E bem lançado.

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