No coração do Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros, há…
Reza a lenda que foi um árabe, há mais de mil anos,…
Seguimos caminho por Guimarães, berço de Portugal e guardiã de memórias antigas….
por
Júlia Reis-Marques
A diversidade é uma coisa boa e necessária. Na biologia, isso é muito evidente: as espécies só vingam porque há diversidade, e a seleção natural, por definição, não se rege pela lei do mais forte, mas sim pela lei do mais apto. Importa compreender que os valores que defendemos se podem tornar vetores políticos nas urnas e, mesmo que não sejam do partido vencedor, têm implicações reais, trazendo mudanças que são lentas. As muito rápidas podem até comprometer a própria espécie democrática.
Temos tendência para pensar que quando exercemos o direito de voto devemos apontar para quem deveria ser o vencedor. Mesmo que tenhamos consciência de que “o que interessa é participar”, a cultura que vivemos incita a um objetivo máximo: ganhar, mais e sempre.
Na política (e na sociedade) em que vivemos, esta mentalidade é cada vez mais evidente. Quando votamos num partido mais pequeno, e sabemos que não vai ganhar, damos por nós a pensar “para quê?”. Isto acontece porque nós não percebemos como funciona a democracia (nem a vida?). Vivemos numa sociedade altamente especializada e isso faz com que deixemos de perceber as texturas que a realidade tem, como quem está muito longe de um objeto. Como é impossível aprendermos tudo, temos que confiar. O que podemos fazer é um esforço para nos lembrarmos que tudo tem nuance, complexidade e riqueza. Raramente há respostas categoricamente certas e nunca há respostas únicas.
Na nossa democracia, ainda há um chão jurídico que torna a realidade política muito mais rica do que uma equipa que ganha, e decide, e as equipas que perdem e não têm voto na matéria. Discutir, decidir, aprovar, reprovar propostas implicam uma presença política mais abrangente do que apenas a do partido que vence as eleições. Os vereadores e os deputados, eleitos em função dos votos (e não exclusivamente eleitos pelo partido vencedor), têm uma palavra a dizer e constituem, com o número de votos, vetores importantes que contribuem para equilibrar (um bocadinho, lentamente) valores ideológicos e harmonizar poderes. A diversidade é uma coisa boa e necessária. Quem diz o contrário, é tolo ou mal-intencionado.Isto parece uma coisa óbvia mas não é porque nos habituámos (e perpetuamos) demasiado a esta lógica aditiva de que vence o mais forte. O resto é foleiro ou aborrecido. Como se até o que sentimos fosse certo ou errado – valoriza-se a euforia, a alegria, a paixão, e o resto é sinal de falha. Mas não é, é auto-conhecimento, é maturidade.
Repito, a diversidade é uma coisa boa e necessária. Na biologia, isso é muito evidente: as espécies só vingam porque há diversidade, e a seleção natural, por definição, não se rege pela lei do mais forte mas sim pela lei do mais apto. Importa compreender que os valores que defendemos se podem tornar vetores políticos nas urnas e, mesmo que não sejam do partido vencedor, têm implicações reais, trazendo mudanças que são lentas. As muito rápidas podem até comprometer a própria espécie democrática. O espectro político é todo necessário (reflete a diversidade humana), quando constituído por pessoas que, realmente, defendam determinados valores com propostas concretas. Que valores defendemos é a verdadeira pergunta. É a igualdade? É a liberdade? É a justiça? É o poder?
Na biologia, como não sabemos qual será o mundo de amanhã, é impossível prever quais serão as características mais vantajosas nesse futuro ambiente. A manutenção da diversidade pode ser o que salva a espécie no ano seguinte. O que sabemos é que, em particular para as espécies sociais (como nós), a parte da cooperação não é um mero adereço, mas literalmente aquilo que as salva. Quem fomenta a competição a todo o custo, ou está enganado, ou a enganar, e isso já não é uma simbiose cooperativa mas uma simbiose parasita. Não nos faz bem.
por
Júlia Reis-Marques
por
Joaquim Alexandre Rodrigues
por
Teresa Gomes
por
Filipe André
por
João Ferreira da Cruz