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Há alunos da Escola Profissional de Carvalhais, no concelho de São Pedro do Sul, que acusam a direção de racismo e de falta de condições na residência onde estão alojados. A escola, gerida pelo Centro de Promoção Social de Carvalhais, nega as acusações e diz que já avançou com uma queixa por difamação.
Ao Jornal do Centro, alguns estudantes naturais de São Tomé e Príncipe afirmam que foram alvo de comentários e comportamentos racistas, situação que garantem que acontece “há algum tempo”.
“Disseram que se não fosse a escola não tínhamos o que comer, nem onde dormir, chamaram alguns alunos de vermes”, afirmaram. Os alunos dizem que se sentem discriminados e que não são ouvidos pela direção da escola.
Alguns professores contactados pelo Jornal do Centro contam duas versões. “Há racismo e acho que se espalha para os alunos brancos. Há claramente racismo. Não de professores, mas da direção há. É complicado e eu pondero mudar de instituição no final do ano. Só não mudo já porque os alunos são altamente e não merecem”, revelou um dos docentes que optou pelo anonimato.
Já outro professor também pondera sair da escola, mas pelo comportamento dos alunos. “Chegam atrasados ou não aparecem e respondem mal. Nunca presenciei situações de racismo, mas sim comportamentos incorretos por parte dos alunos”, argumentou.
Além das acusações de racismo, entre as queixas estão a falta de condições na residência ou relacionadas com a comida.
“Alguns quartos que não têm condições, uns têm humidade e até o papel higiénico é insuficiente”, contaram.
Contactada pelo Jornal do Centro, a direção do Centro de Promoção Social de Carvalhais negou as acusações e afirmou que os alunos estarão “a ser instigados por dois funcionários que saíram da instituição”.
“O que acontece é que isto é uma minoria de alunos, falamos em cerca de 20 alunos, num universo de 150. Isto é uma situação que está a ser trazida do exterior e que está a ser alavancada por dois ou três alunos. São jovens e inexperientes e deixam-se levar por estes adultos que estão a tentar denegrir a instituição”, disse o diretor do Centro, José Miguel Antunes.
Ao Jornal do Centro, os alunos afirmaram ainda que apresentaram queixas junto de várias entidades, nomeadamente Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens (CPCJ), ASAE ou Ministério da Educação.
A escola garante que “não recebeu nenhuma queixa”. “Não recebemos queixas, nem fomos contactados por nenhuma entidade. E se houver alguma coisa, teremos todo o gosto em recebê-los”, disse.
Os alunos contam ainda que têm estado em contacto com a embaixada. O Jornal do Centro tentou, por várias vezes, contactar os serviços, mas sem sucesso.
O responsável lembrou recentemente que a escola convidou o embaixador de São Tomé e Príncipe. “Fizemos questão que viesse visitar a nossa escola, abrimos sempre as portas”, frisou, lembrando ainda que na instituição há alunos de vários países, desde Portugal, a São Tomé e Príncipe, Angola, Brasil ou Moçambique.
O descontentamento dos alunos “saltou” da escola para as redes sociais, o que levou a escola a avançar com “uma queixa nos organismos competentes, como Ministério Público ou DIAP, precisamente por porem em causa o bom nome da instituição”. “Vamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance, porque estamos a ser acusados de coisas que não estão a acontecer”, disse José Miguel Antunes.
Já em relação às queixas de falta de condições no alojamento, que alberga várias dezenas de estudantes, esclareceu que “a escola quer os alunos no alojamento e quer que tenham condições e é isso que é feito”.
“Temos alunos estrangeiros e nacionais no alojamento e as regras são iguais para todos. O apoio dado à escola é para almoço e jantar, além disso, damos pequeno-almoço e dois lanches, não temos apoio para os ter ao fim de semana, mas a escola suporta isso. Têm serviço de lavandaria e aos fim de semana têm cinco máquinas de lavar roupa e duas de secar, tudo pago pela instituição. A questão do papel higiénico, temos graves problemas de entupimento das fossas e um gasto astronómico de papel higiénico. Distribuímos aos alunos um rolo de papel industrial e não quer dizer que não possamos entregar mais”, esclareceu.
José Miguel Antunes frisou ainda que “à sexta-feira, quando querem ir visitar os familiares, é a carrinha da instituição que os leva à central de camionagem de São Pedro do Sul e ao domingo vão buscá-los”.
Greve devido a suspensão de alunos
Além das acusações de racismo e falta de condições, a suspensão de dois alunos levou a que vários estudantes que estão alojados na residência fizessem greve e não aparecerem nas aulas durante alguns dias.
A suspensão dos alunos, justifica a instituição, deve-se a um desentendimento que decorreu na passada sexta-feira (7 de fevereiro). O confronto levou a que as autoridades fossem chamadas. O envolvidos foram identificados pela GNR, mas não foi apresentada nenhuma queixa, confirmou fonte da autoridade.
Nesse período, os alunos dizem que lhes foram negadas algumas refeições, o que levou a desentendimentos na cantina da escola. As autoridades voltaram a ser chamadas.
“Os alunos sabem que é proibido fazer festas no alojamento, assim como o consumo de álcool. Nesse dia, decorreu uma festa e dois alunos acabaram por envolver-se em confrontos e foram suspensos do alojamento, mas continuam a frequentar a escola e a receber o que lhes é devido”, indicou.
José Miguel Antunes disse ainda que existe uma associação de alunos que faz “a ponte” entre a escola e o alojamento e que, dos quatro elementos, apenas um aderiu à greve.
“Estamos a entrar em contacto com todos os encarregados de educação e há pais que nos disseram que os filhos querem ir às aulas e a pressão do grupo não deixa”, sublinhou.
O responsável afirmou ainda que o comportamento dos alunos mudou “quando passaram a ter adultos durante o fim de semana no alojamento”.
“Estavam habituados a estar sozinhos de sexta-feira até segunda de manhã, mas isso mudou. Fazemos um esforço enorme para ter sempre lá adultos permanentemente, 24 horas por dia, com o objetivo de garantir a segurança de todos”, concluiu.