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Um parecer que propõe a inclusão de Mangualde e Vila Nova de Gaia na denominação geográfica da confeção dos tapetes de Arraiolos, no âmbito do processo de certificação, foi contestado pelo município alentejano, anunciou a presidente da câmara.
Em declarações à agência Lusa, Sílvia Pinto admitiu ter ficado chocada com este parecer do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) e revelou que o município “já fez a contestação” da proposta.
Segundo a autarca, a Câmara de Arraiolos, no distrito de Évora, entregou, em julho passado, o processo de certificação dos tapetes no Centro de Formação Profissional para o Artesanato e Património (CEARTE), da Rede de Centros do IEFP específico para as artes e ofícios.
“Entretanto, recebemos um parecer em que teríamos que incluir, nesta nossa denominação geográfica, Mangualde e Vila Nova de Gaia, mas nós não podemos concordar com uma coisa destas”, afirmou.
Sílvia Pinto disse que a proposta da câmara para a certificação da confeção tapete de Arraiolos é avaliada no âmbito do sistema nacional de qualificação e certificação de produções artesanais tradicionais, cuja entidade responsável é o IEFP.
Assinalando que “o tapete de Arraiolos é confecionado em Arraiolos”, Sílvia Pinto reconheceu que, por os tapetes terem origem neste concelho, “não invalida que outros façam, mas não lhe chamem tapete de Arraiolos”.
“Podem chamar-lhe tapete tipo Arraiolos, qualquer coisa deste tipo, mas não nos peçam que façamos um caderno de certificação que venha a incluir a área geográfica de Mangualde [distrito de Viseu] e de Vila Nova de Gaia [distrito do Porto]”, sublinhou.
A presidente do município realçou que, no âmbito da candidatura a Património Cultural Imaterial da UNESCO, foi feito um estudo pelo historiador José Calado que “fundamenta claramente que Arraiolos é o sítio onde o tapete teve o seu início”.
“Há tapetes tipo Arraiolos feitos em vários locais, mas a verdade é que aqui é que surgiu o saber fazer do tapete de Arraiolos e é aqui que está a identidade e que surge esta arte”, acrescentou.
A Câmara de Arraiolos entregou, na segunda-feira, o processo de candidatura dos tapetes a Património Cultural Imaterial da Humanidade da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO, na sigla inglesa).
Já a sua inscrição no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial concretizou-se em 2021.
Do Tapete de Arraiolos, bordado a lã sobre tela, conhecem-se referências já desde os finais do século XVI (1598), com origem na vila alentejana com o mesmo nome, povoada no princípio do mesmo século por mouros e judeus, expulsos da mouraria de Lisboa pelo rei Manuel I.
Segundo investigações históricas, as famílias ali fixadas encontraram abundantes rebanhos de boa lã e diversidade de plantas indispensáveis ao tingimento e fabrico das telas onde são manufaturados os tapetes, empregando a técnica do ponto cruzado oblíquo, denominada “Bordado de Arraiolos”.